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30.7.19

LONGA TRAVESSIA - PARTE XI




Às onze em ponto, Mário chegou à sala de reuniões. Saudou os empregados com um rápido bom dia, mandou que se sentassem e começou a expor a situação da empresa. Durante quase meia hora, mostrou mapas de produção dos últimos meses, registos das dívidas da empresa, notas das poucas encomendas em carteira, e fez perguntas sobre cada um das secções. Por fim fechou o portátil e disse.
- Agora, já sabem a situação real da “Tudilar”. Neste momento devem estar a pensar.”Se a situação é tão crítica, porque é que ele comprou a empresa”  A verdade é que reerguer esta empresa é um desafio, e eu sempre gostei de desafios. Depois porque acredito que daqui a algum tempo, ela vai ser uma empresa muito maior do que é hoje, talvez até a maior do país. Eu vou fazê-la crescer. A minha dúvida é se os senhores são capazes de me acompanhar.
Percorreu com o olhar um a um dos seus subalternos. Não era um olhar amistoso. Era um olhar duro, impiedoso, como o da ave de rapina, que estuda a sua vítima antes de se lançar sobre ela. Continuou.
- Quero que cada um de vós, estude com rigor a sua secção e me faça um relatório detalhado, sobre o que se pode melhorar, de modo a aumentar a produção, sem aumentar o preço final da produto, nem diminuir, a sua qualidade. Estes dois itens finais são muito importantes, pois são eles que nos vão levar para cima. Também quero que me especifiquem, cada componente da matéria-prima usada em cada produto. Se alguma das máquinas está obsoleta, enfim tudo o que entendam necessário, para que eu possa tomar medidas.  Preciso desse relatório, rápido. Creio que uma semana é suficiente para isso. É esse o vosso prazo. E devo avisá-los que não terei contemplações com falhanços. Só com gente competente à minha volta, posso fazer com que esta empresa cresça mais do que no passado e dar-vos o descanso de não pensarem no  desemprego. Com as encomendas, me preocupo eu e asseguro-vos que não vão faltar.
Olhou o relógio.
- Não tenho mais nada a acrescentar, está na hora do almoço, podem sair. Não esqueçam na próxima quinta-feira, quero os vossos relatórios na minha secretária. Bom trabalho.



Esclarecimento

Antes que os meus prezados leitores desencadeiem uma guerra de palavras, me puxem as orelhas, ou me chamem ignorante, devo esclarecer uns pontos. 
1º O que leem aqui é pura ficção.  Mas mesmo na ficção as histórias para obedecerem ao rigor, devem ser datadas, e esta não o é. Quer isto dizer que o organograma empresarial hoje é muito diferente do que era há trinta, quarenta anos atrás.  No século passado, e não é preciso recuar muito, as empresas de construção de alguma coisa, eram divididas em sectores ou secções, e em cada uma dessas secções havia um chefe, em algumas fábricas também designado por capataz, que recebia e dava contas da sua secção ao gerente. 
Foi baseado num esquema desses que eu elaborei a história, e o Mário, que aqui sendo patrão, atua também como gerente da empresa, reuniu não com os trabalhadores, mas com os chefes de Secção.
2º Se eu situasse esta história em 2019, provavelmente também não utilizaria o organograma empresarial delineado e optaria pela holocracia, por ser revolucionário, e muito mais produtivo, e como devem saber neste sistema, não existem gerentes, todos trabalham em torno do mesmo objectivo.

13 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Gostei do episódio!
É de "chefes/patrões", duros e determinados que faz uma empresa andar para a frente!

Esclarecida... :)

Beijos e tudo de bom!

Joaquim Rosario disse...

Boa tarde
Cada vez mais as grandes empresas fazem este tipo de reuniões, pois só assim conseguem evoluir e competir com outras .
E quem melhor que os próprios chefes para informar das necessidades das empresas .
JAFR

Larissa Santos disse...

Muito bem... Decidido:))

Hoje:-Nasce a saudade, queimando dentro de mim. {Poetizando e Encantando}

Bjos
Votos de uma óptima Terça-Feira

chica disse...

Gostei do capítulo e de tuas explicações! bjs praianos,chica

Edum@nes disse...

Quem tem dinheiro pode e manda. Sempre assim foi e será?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Os olhares da Gracinha! disse...

Atual e atualizado!!!
Bj

Kique disse...

Gostei deste capitulo
Continuo a acompanhar esta belíssima historia
Bjs
Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Carinhosa e Meiguinha...

Pedro Coimbra disse...

Ele vem com a brutidade toda!!
Abraço

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Muito firme e decidido, Mário.
Decerto todos colaborarão de modo a tornar a empresa viável.
Um beijinho.
Ailime

Maria João Brito de Sousa disse...

A propósito do esclarecimento final, diria que esta história está minimamente datada pela frase "Por fim fechou o portátil..." que de imediato nos remete para o século XXI.

Forte abraço, Elvira.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante e aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Gaja Maria disse...

Abraço Elvira.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Firmeza, responsabilidade e visão empreendedora para o sucesso, tudo isso vi neste capítulo.
Beijos!