Francisca estava grávida de sete meses quando o marido se suicidou. Os negócios iam de mal a pior. Estava cheio de dívidas, e na eminência de abrir falência. Não aguentou a pressão e uma noite telefonou à mulher dizendo que ficava a fazer serão, para encerrar umas contas, fechou a loja e deu um tiro na cabeça.
Foi o empregado quem o encontrou no dia seguinte. Francisca recordava o grande choque que sofrera, não só com a morte do marido, mas também ao descobrir a situação económica em que se encontrava, pois Jorge sempre lhe escondera o rumo desastroso que o negócio tomara, e as dívidas que a firma tinha. De um momento para o outro, viu-se obrigada a vender a casa, para as liquidar, e a buscar protecção junto dos pais, na aldeia. Foi na casa paterna que se refugiou com o filho pequeno, e lá nascera o segundo filho. Desde então tinham passado quase três anos. Precisava encontrar um emprego, que lhe desse meio de subsistência para ela e para os filhos, mas não podia deixar duas crianças tão pequenas com a mãe, e também não podia pagar uma creche. Encontrava-se num beco sem saída.
Naquela manhã, saía do registo civil onde fora renovar os seus documentos, quando encontrou a Graça.
Foi o empregado quem o encontrou no dia seguinte. Francisca recordava o grande choque que sofrera, não só com a morte do marido, mas também ao descobrir a situação económica em que se encontrava, pois Jorge sempre lhe escondera o rumo desastroso que o negócio tomara, e as dívidas que a firma tinha. De um momento para o outro, viu-se obrigada a vender a casa, para as liquidar, e a buscar protecção junto dos pais, na aldeia. Foi na casa paterna que se refugiou com o filho pequeno, e lá nascera o segundo filho. Desde então tinham passado quase três anos. Precisava encontrar um emprego, que lhe desse meio de subsistência para ela e para os filhos, mas não podia deixar duas crianças tão pequenas com a mãe, e também não podia pagar uma creche. Encontrava-se num beco sem saída.
Naquela manhã, saía do registo civil onde fora renovar os seus documentos, quando encontrou a Graça.
- Francisca! Que alegria. Não esperava encontrar-te aqui. Nunca mais te vi. Há tanto tempo!
Graça fora sua colega de estudos. Mais do que isso, fora uma boa amiga. Mas depois entrou na Universidade e ela ficou para trás. Nunca mais se tinham visto.
Com o à-vontade que a caracterizava, Graça pegou-lhe num braço, quase arrastando-a atrás de si.
- Vem, vamos tomar um café. Aqui perto há uma pastelaria sossegada. Quero saber de ti.
Entraram no estabelecimento, e sentarem numa mesa perto da janela.
- Eles têm aqui uns pastéis de nata divinais. São a minha perdição. Vou pedir para as duas. Vais ver que não é exagero meu. Mas que se passa? Estás tão calada. Até parece que não gostaste de me ver.
- Claro que estou muito feliz por te ter encontrado. Ainda estou surpreendida.
O empregado aproximara-se, e Graça fez o pedido. Logo que ele se afastou perguntou:
- Casaste? E vives na cidade?
- Estou viúva. Tenho dois filhos e vivo na aldeia, em casa dos meus pais.
Sem conseguir controlar-se, as lágrimas rolaram pela face bonita.
O empregado voltou com os cafés e dois pastéis de nata que colocou sobre a mesa. Quando ele se afastou, Graça chegou a cadeira para mais perto da amiga e pediu, apertando-lhe a mão:
-Conta-me tudo.
16 comentários:
Fara bem à ela desabafar..Aliviará o coração! Bjs chica
NONAME E MARIA JOÃO DE BRITO, acredito no que dizem, mas o que eu digo não é gratuito. A primeira vez que publiquei "A TI'ESPERANÇA DOS OLHOS VERDES" que termina com a morte da protagonista, houve muitos comentários contra. Os leitores não gostaram nada do final e alguns não voltaram a acompanhar nenhuma história ou se acompanham não comentam.
Abraço
Triste vida a da Francisca. Daí se entende o casamento dela actual.
Adorei
Bjos
Votos de um óptimo Domingo.
Que triste!
Acredito no que nos diz mas, cada um é como cada qual, eu, por exemplo gosto de livros que me falem da realidade ainda que romanceada. Há quem prefira fugir dessa realidade e ler, histórias faz de conta, não discuto tal. Mas daí a fugir daqui, naaaaaaa, eu estou de pedra e cal.
Abracinho, Elvira
Bem... Que vida dura a desta Mulher!! Vou gostar!!
Beijos- Bom Domingo!
Boa noite Elvira,
O encontro com a amiga vai decerto permitir-lhe desabafar e quem sabe se ela não lhe dará alguns conselhos ou talvez a possa até ajudar.
Beijinhos,
Ailime
Apesar de já ter constatado - e de que maneira - conhecer a história, volto a acompanhar com gosto, pois é uma história muito bonita, como se poderá ver com o desenrolar dos acontecimentos.
Obrigada, Elvira!
Um abraço e boa semana.
Vida sofrida liberta a lágrima!!!
Bj
Gostei de ler
bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - Eles hoje estão chegando...
Se os amigos são para as ocasiões. Estou pensando que a Graça irá ajudar a sua amiga Francisca?
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.
Eu gostei da Esperança dos olhos verdes e a morte dela não me afligiu nada. Achei que foi um castigo merecido para o seu apaixonado/traidor.
Boa semana!
A dor, quando dividida, dói bem menos. Estou gostando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
PS: Perdoe-me por somente aparecer agora, é que o meu parceiro (PC) teve que se submeter a um transplante Rsrs.
Muito bom quando sofremos, sentimos dor e encontramos alguém para nos escutar.
Beijos e uma feliz semana!
Um ouvido amigo é essencial nestas horas.
Boa semana
Consigo imaginar a aflição de estar sozinha com dois filhos pequenos e sem meios para os sustentar. Credo.
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