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26.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XLI








Com a bandeja nas mãos, voltou-se vagarosamente e encarou-a
- O que disseste?- Perguntou sem afastar o olhar do seu rosto.
- Disse para não ires. Por favor Ricardo, não quero ficar sozinha.
Não era a súplica de uma mulher apaixonada, ansiosa por uma noite de amor. Nos seus olhos Ricardo leu o medo. Naquele momento, Clara não precisava de um homem apaixonado. Precisava de um pai, um irmão mais velho, um amigo de confiança. Estava tão vulnerável como Soraia, quando acordava a meio da noite com os seus terríveis pesadelos. Pousou a bandeja em cima da cómoda, e aproximou-se do leito.
- Eu fico, se me prometeres que te portas como uma menina bonita e dormes. São quase quatro da manhã. Daqui a pouco amanhece e precisas descansar.
 Despiu o roupão, e enfiou-se na cama abraçando o corpo feminino e puxando-o para junto do seu de modo a que descansasse a cabeça no seu peito, consciente de que era aquilo que ela precisava, para acalmar a tensão acumulada nas horas passadas no hospital.
- Pronto, já aqui estou, - disse depositando um casto beijo no rosto feminino. - agora fecha esses olhinhos bonitos e dorme. 
Sentiu como aos poucos a sua respiração se ia tornando mais suave e o corpo relaxava, finalmente vencido pelo sono.
Ele permaneceu ainda um bom pedaço deitado de costas, pensando em tudo o que acontecera naquele dia. E no enorme desejo que sentira de proteger a mulher que repousava confiante a seu lado. Sentira no peito uma dor terrível, enquanto ela chorava no hospital. Se ele pudesse afastar dela aquela dor tê-lo-ia feito.
Espantado, descobriu que aquele sentimento era o mesmo que lhe fizera mover todas as influências para adotar Soraia. Aquilo era amor!
Não um amor paternal, mas amor de qualquer forma. O amor de um homem pela mulher que o completa.
Afinal o seu coração não estava seco como ele pensava. Era verdade, ele amava Clara, e essa verdade mudava tudo. Trazia uma nova esperança à sua vida. Pousou suavemente os lábios na testa feminina e murmurou docemente:
-Dorme, meu amor.
E finalmente adormeceu. Não dormiu muito. Menos de duas horas depois acordou. Clara dormia profundamente. Com o maior cuidado deslizou o corpo para fora da cama, vestiu o roupão e olhou o relógio.
Sete horas, as crianças não tardariam a acordar e ele não queria que acordassem a mãe. Abriu a porta de comunicação com o quarto das crianças, atravessou-o, abriu a porta que comunicava com o seu quarto e entrou.
Foi à casa de banho, tomou um duche rápido, vestiu-se e voltou a atravessar a porta de acesso ao quarto dos filhos precisamente quando Bernardo acordava.
- Olá pai.
-Bom dia, filho. És capaz de te lavar sozinho?
-Claro pai, já sou crescido. 
-Então vai, o pai vai buscar a roupa para vestires.
A criança entrou na casa de banho e ele tirou uma muda de roupa, e colocou-a em cima da cama do filho. Fez o mesmo com a roupa para a filha, depois fez-lhe uma carícia no rosto, que a levou a abrir os olhos e estender os braços para o seu pescoço.
- Bom dia, preguiçosa. Vamos a levantar, o mano já está quase despachado. Costumas lavar-te sozinha, ou a mãe cuida de ti?
A mãe só me lava a cabeça, no banho, mas só à tarde quando voltamos da escola.
- Então vai lá, que o mano já aí vem. E despacha-te, se não queres chegar tarde à escola.
Enquanto os ajudava a vestir, explicou-lhes que o tio Tiago tinha tido um acidente e estava no Hospital. A mãe estivera lá quase toda a noite e agora estava a descansar, por isso não podiam vê-la nessa manhã.
- Mas o tio não vai morrer, pois não? – Perguntou o filho.
- Não, claro que não. Mas foi ferido e tem que lá estar até ficar curado.
Agarrou nas batas e nas mochilas e dirigiu-se para a porta seguido dos filhos.
- Bom-dia, Adelaide, - saudou ao entrar na cozinha.
-Bom-dia senhor. Lamento o que aconteceu ao menino Tiago. Ontem a Antónia pediu-me para vir fazer o pequeno-almoço, - disse colocando na mesa, um recipiente com pão, um frasco com doce, um prato com queijo, um jarro com sumo de laranja, e duas taças com cereais para as crianças.
Comeram em silêncio, pois saberem que Tiago estava no hospital, tirara a habitual alegria às crianças.  
Quando acabaram, vestiu-lhes as batas, e entregou-lhes as mochilas.
- Vamos lá então, meninos.
 Já no carro, Bernardo perguntou:
- Podemos ir ver o tio Tiago, quando sairmos da escola?
- Não filho. O tio está no hospital e não deixam entrar lá meninos para não ficarem doentes.
Pouco depois chegavam à escola. Antes de os entregar à auxiliar que os estava a receber ao portão, baixou-se para lhes dar um beijo.
- Hoje picas, pai - disse a filha.
Só então se lembrou que com a pressa não fizera a barba.


Esta história que como todos já perceberam está na reta final, volta segunda feira. 
Entretanto espero poder já amanhã mostrar-lhes um pouco do meu passeio. Entretanto amanhã tenho agendada uma visita pelo complexo da antiga CUF aqui mesmo no Barreiro, o estudo da importância que teve para o País aquela que foi a empresa maior da Península Ibérica, e a sétima maior da Europa. com visita à antiga residência do Alfredo da Silva, a visita ao seu mausoléu e  a visita ao museu industrial do Barreiro. E no Domingo a festa da nossa Universidade. Mas não deixarei de os visitar, embora seja um tanto de fugida e às vezes a horas impróprias. As minhas desculpas.

20 comentários:

noname disse...

Bom fim de semana, Elvira

Abracinho


Cidália Ferreira disse...

Como nada acontece por acaso, as coisas vão compor-se!

Bom fim de semana. Beijinhos

Edum@nes disse...

Porque, o amor não disfarça,
quem, verdadeiramente, ama
bem juntinhos Ricardo e Clara
estão deitados na mesma cama!

Tenha um bom fim de semana amiga Elvira.
Um abraço.

Maria João Brito de Sousa disse...

Com as leituras em dia, cá voltarei no fim-de-semana para ver as imagens do passeio.

Abraço, Elvira :)

chica disse...

Ele se deu conta que a ama! Legal! Ótimo fds! bjs praianos,chica

Jaime Portela disse...

Continuo a gostar da história e da narrativa.
Elvira, um bom fim de semana.
Beijo.

PS: a CUF chegou a ser o sócio maioritário dos ENVC (em 1974 estava em curso um plano de reestruturação financiado pela CUF, que incluiu, nomeadamente, o aumento da dimensão das docas, instalação de um guindaste de 100 Toneladas igual aos da Lisnave, construção de uma bacia de aprestamento para os navios a flutuar, etc., etc.). O grande impulsionador deste plano foi o Engº Rodrigues Branco da Lisnave, que conheci pessoalmente e com o qual aprendi imenso.

Tintinaine disse...

A novela está quase no fim, mas não faz mal nenhum, a seguir vem outra tão boa ou melhor que esta.
Também gostava de dar essa volta pela CUF do Barreiro, grande empresa contemporânea dos meus tempos na Escola de Fuzileiros.

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde, querida amiga Elvira!
A imagem está linda e terna como convém aos amantes.
Amei o capítulo de hoje.
Deus a abençoe muito, querida!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

Os olhares da Gracinha! disse...

Finalmente uma luz ao fundo do túnel... Bj

Nal Pontes disse...

Linda e romantica história. Parabéns pela postage.

Janita disse...

O Amor, esse belo sentimento que move montanhas...Muito lindo este capítulo!

Feliz fim de semana, amiga.

Kim disse...

Tudo tem um fim e este adivinha-se! Abraço, Elvira!

Joaquim Rosario disse...

Um bom fim de semana,
JAFR

António Querido disse...

Havia quem se queixasse da poluição, mas não havia desemprego no Barreiro!

BOM FIM DE SEMANA.

Meu Velho Baú disse...

E sempre o Amor a vencer...esperemos que sim
Bom Fim de Semana e que corra tudo bem
Beijinhos

Larissa Santos disse...

Está a caminhar pelo rumo certo. O Tiago irá recuperar. Adorei :))

Hoje Recordações ao passado. {Poetizando e Encantando}

Bjos
Votos de um óptimo fim de semana.

Anete disse...


Suspenses e esperanças, união e companheirismo... O conto está muito bom! Tudo concorrendo para um desfecho feliz e bem temperado!!

O meu abraço neste sábado... Vamos adiante, sempre com entusiasmo...

Sandra May disse...

Maravilhosa a novela.
Tenha um ótimo fim de semana.
Bjs!

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Adorei este episódio que realça a sua enorme capacidade para escrever.
Parabéns!
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime

lourdes disse...

Até que enfim que Ricardo percebeu que ama a Clara.
Eu não dizia um dia destes, que às vezes os homens são assim um bocado "lerdinhos"?
Ficamos à espera do final.

Bjs