- O que disseste?- Perguntou sem afastar o olhar do
seu rosto.
- Disse para não ires. Por favor Ricardo, não quero
ficar sozinha.
Não era a súplica de uma mulher apaixonada, ansiosa
por uma noite de amor. Nos seus olhos Ricardo leu o medo. Naquele momento,
Clara não precisava de um homem apaixonado. Precisava de um pai, um irmão mais
velho, um amigo de confiança. Estava tão vulnerável como Soraia, quando
acordava a meio da noite com os seus terríveis pesadelos. Pousou a bandeja em cima da cómoda, e
aproximou-se do leito.
- Eu fico, se me prometeres que te portas como uma
menina bonita e dormes. São quase quatro da manhã. Daqui a pouco amanhece e
precisas descansar.
Despiu o
roupão, e enfiou-se na cama abraçando o corpo feminino e puxando-o para junto
do seu de modo a que descansasse a cabeça no seu peito, consciente de que era
aquilo que ela precisava, para acalmar a tensão acumulada nas horas passadas no
hospital.
- Pronto, já aqui estou, - disse depositando um casto beijo no rosto feminino. - agora fecha esses olhinhos bonitos e dorme.
- Pronto, já aqui estou, - disse depositando um casto beijo no rosto feminino. - agora fecha esses olhinhos bonitos e dorme.
Sentiu como aos poucos a sua respiração se ia tornando
mais suave e o corpo relaxava, finalmente vencido pelo sono.
Ele permaneceu ainda um bom pedaço deitado de costas,
pensando em tudo o que acontecera naquele dia. E no enorme desejo que sentira
de proteger a mulher que repousava confiante a seu lado. Sentira no peito uma
dor terrível, enquanto ela chorava no hospital. Se ele pudesse afastar dela
aquela dor tê-lo-ia feito.
Espantado, descobriu que aquele sentimento era o mesmo
que lhe fizera mover todas as influências para adotar Soraia. Aquilo era amor!
Não um amor paternal, mas amor de qualquer forma. O amor de um homem pela mulher que o completa.
Afinal o seu coração não estava seco como ele pensava.
Era verdade, ele amava Clara, e essa verdade mudava tudo. Trazia uma nova
esperança à sua vida. Pousou suavemente os lábios na testa feminina e murmurou
docemente:
-Dorme, meu amor.
E finalmente adormeceu. Não dormiu muito. Menos de
duas horas depois acordou. Clara dormia profundamente. Com o maior cuidado
deslizou o corpo para fora da cama, vestiu o roupão e olhou o relógio.
Sete horas, as crianças não tardariam a acordar e ele
não queria que acordassem a mãe. Abriu a porta de comunicação com o quarto das
crianças, atravessou-o, abriu a porta que comunicava com o seu quarto e entrou.
Foi à casa de banho, tomou um duche rápido, vestiu-se
e voltou a atravessar a porta de acesso ao quarto dos filhos precisamente
quando Bernardo acordava.
- Olá pai.
-Bom dia, filho. És capaz de te lavar sozinho?
-Claro pai, já sou crescido.
-Então vai, o pai vai buscar a roupa para vestires.
-Então vai, o pai vai buscar a roupa para vestires.
A criança entrou na casa de banho e ele tirou uma muda
de roupa, e colocou-a em cima da cama do filho. Fez o mesmo com a roupa para a filha, depois fez-lhe uma carícia no
rosto, que a levou a abrir os olhos e estender os braços para o seu pescoço.
- Bom dia, preguiçosa. Vamos a levantar, o mano já está
quase despachado. Costumas lavar-te sozinha, ou a mãe cuida de ti?
A mãe só me lava a cabeça, no banho, mas só à tarde
quando voltamos da escola.
- Então vai lá, que o mano já aí vem. E despacha-te, se não queres chegar tarde à escola.
- Então vai lá, que o mano já aí vem. E despacha-te, se não queres chegar tarde à escola.
Enquanto os ajudava a vestir, explicou-lhes que o tio
Tiago tinha tido um acidente e estava no Hospital. A mãe estivera lá quase toda
a noite e agora estava a descansar, por isso não podiam vê-la nessa manhã.
- Mas o tio não vai morrer, pois não? – Perguntou o
filho.
- Não, claro que não. Mas foi ferido e tem que lá
estar até ficar curado.
Agarrou nas batas e nas mochilas e dirigiu-se para a
porta seguido dos filhos.
- Bom-dia, Adelaide, - saudou ao entrar na cozinha.
-Bom-dia senhor. Lamento o que aconteceu ao menino
Tiago. Ontem a Antónia pediu-me para vir fazer o pequeno-almoço, - disse
colocando na mesa, um recipiente com pão, um frasco com doce, um prato com
queijo, um jarro com sumo de laranja, e duas taças com cereais para as
crianças.
Comeram em silêncio, pois saberem que Tiago estava
no hospital, tirara a habitual alegria às crianças.
Quando acabaram, vestiu-lhes as batas, e entregou-lhes
as mochilas.
- Vamos lá então, meninos.
Já no carro, Bernardo perguntou:
Já no carro, Bernardo perguntou:
- Podemos ir ver o tio Tiago, quando sairmos da escola?
- Não filho. O tio está no hospital e não deixam
entrar lá meninos para não ficarem doentes.
Pouco depois chegavam à escola. Antes de os entregar à
auxiliar que os estava a receber ao portão, baixou-se para lhes dar um beijo.
- Hoje picas, pai - disse a filha.
Só então se lembrou que com a pressa não fizera a
barba.
Esta história que como todos já perceberam está na reta final, volta segunda feira.
Entretanto espero poder já amanhã mostrar-lhes um pouco do meu passeio. Entretanto amanhã tenho agendada uma visita pelo complexo da antiga CUF aqui mesmo no Barreiro, o estudo da importância que teve para o País aquela que foi a empresa maior da Península Ibérica, e a sétima maior da Europa. com visita à antiga residência do Alfredo da Silva, a visita ao seu mausoléu e a visita ao museu industrial do Barreiro. E no Domingo a festa da nossa Universidade. Mas não deixarei de os visitar, embora seja um tanto de fugida e às vezes a horas impróprias. As minhas desculpas.
20 comentários:
Bom fim de semana, Elvira
Abracinho
Como nada acontece por acaso, as coisas vão compor-se!
Bom fim de semana. Beijinhos
Porque, o amor não disfarça,
quem, verdadeiramente, ama
bem juntinhos Ricardo e Clara
estão deitados na mesma cama!
Tenha um bom fim de semana amiga Elvira.
Um abraço.
Com as leituras em dia, cá voltarei no fim-de-semana para ver as imagens do passeio.
Abraço, Elvira :)
Ele se deu conta que a ama! Legal! Ótimo fds! bjs praianos,chica
Continuo a gostar da história e da narrativa.
Elvira, um bom fim de semana.
Beijo.
PS: a CUF chegou a ser o sócio maioritário dos ENVC (em 1974 estava em curso um plano de reestruturação financiado pela CUF, que incluiu, nomeadamente, o aumento da dimensão das docas, instalação de um guindaste de 100 Toneladas igual aos da Lisnave, construção de uma bacia de aprestamento para os navios a flutuar, etc., etc.). O grande impulsionador deste plano foi o Engº Rodrigues Branco da Lisnave, que conheci pessoalmente e com o qual aprendi imenso.
A novela está quase no fim, mas não faz mal nenhum, a seguir vem outra tão boa ou melhor que esta.
Também gostava de dar essa volta pela CUF do Barreiro, grande empresa contemporânea dos meus tempos na Escola de Fuzileiros.
Boa tarde, querida amiga Elvira!
A imagem está linda e terna como convém aos amantes.
Amei o capítulo de hoje.
Deus a abençoe muito, querida!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem
Finalmente uma luz ao fundo do túnel... Bj
Linda e romantica história. Parabéns pela postage.
O Amor, esse belo sentimento que move montanhas...Muito lindo este capítulo!
Feliz fim de semana, amiga.
Tudo tem um fim e este adivinha-se! Abraço, Elvira!
Um bom fim de semana,
JAFR
Havia quem se queixasse da poluição, mas não havia desemprego no Barreiro!
BOM FIM DE SEMANA.
E sempre o Amor a vencer...esperemos que sim
Bom Fim de Semana e que corra tudo bem
Beijinhos
Está a caminhar pelo rumo certo. O Tiago irá recuperar. Adorei :))
Hoje Recordações ao passado. {Poetizando e Encantando}
Bjos
Votos de um óptimo fim de semana.
Suspenses e esperanças, união e companheirismo... O conto está muito bom! Tudo concorrendo para um desfecho feliz e bem temperado!!
O meu abraço neste sábado... Vamos adiante, sempre com entusiasmo...
Maravilhosa a novela.
Tenha um ótimo fim de semana.
Bjs!
Boa noite Elvira,
Adorei este episódio que realça a sua enorme capacidade para escrever.
Parabéns!
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime
Até que enfim que Ricardo percebeu que ama a Clara.
Eu não dizia um dia destes, que às vezes os homens são assim um bocado "lerdinhos"?
Ficamos à espera do final.
Bjs
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