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1.9.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XL






 Entretanto no  estúdio, Miguel acendeu um cigarro. Estava nervoso. Não conseguia deixar de pensar que em breve, Mariana ia embora, da sua casa. E na mudança que isso ia trazer à sua vida. Ele podia voltar à sua antiga vida de  boémio, mas sentia-se cansado e começava a questionar-se sobre a finalidade dessa vida.
Ultimamente já nem as saídas à noite lhe interessavam. A busca do prazer, pelo prazer, já o cansava. "Estou a ficar velho" ,- pensava.
A estadia da jovem lá em casa, tinha sido uma lufada de ar fresco na sua vida. Por causa dela, contratara Luísa, e passara a fazer as refeições em casa, coisa que não fazia, desde que os pais morreram. Ela enchia a casa, com seu jeito suave, os seus silêncios, os seus sorrisos. Aquecia-a com a sua presença. Agora a casa ia ficar vazia. E fria.
Começava a pesar-lhe a solidão. Tinha-se afeiçoado à jovem, gostava dela como se fosse seu pai. Mas não era, e portanto era natural que a jovem quisesse voltar à sua casa, e viver a sua vida longe dele. Mas doía-lhe. E como doía.
Como seria a vida dela, quando se fosse embora? Teria o pai, deixado à jovem, meios suficientes para a sua sobrevivência?  E se assim não fosse? Do que ia  ela viver, se não tinha mais ninguém no mundo? Talvez tivesse 
 que abandonar os estudos e ir trabalhar. Mas em quê, se não tinha experiência de coisa nenhuma? E depois cada vez havia menos empregos e mais desempregados. Por outro lado, não lhe agradava que abandonasse os estudos. Ele  podia pagar-lhos. Mas, ela aceitaria? Uma coisa era a jovem desmemoriada, carente  e totalmente dependente dele. Outra bem diferente a jovem que ele tivera à pouco, na sua frente. A segurança com que ela dissera. “Deixemos isso para depois das festas” quando ele sugerira que teriam de ir ao Algarve, era prova evidente que a jovem se libertara e  já não precisava dele.
Estava irritado, inquieto.
Não sabia o que se passava com ele, mas ficava sempre assim, quando pensava que um dia a jovem ia recuperar a memória e partir.  
Ouviu as jovens conversarem em baixo, sinal de que já tinham regressado. Relaxou. Ficava mais calmo, quando a sabia por perto.
Na tela, exposta no cavalete, a jovem, deitada na relva, parecia querer perguntar-lhe alguma coisa.

10 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Pois, agora começa ele com a sensação do vazio. Já não podem viver um sem o outro. Complicado para os dois. Amei!


Varandim de ilusões... {Poetizando e Encantando}

Beijos e um excelente fim de semana!

Meu Velho Baú disse...

Uh.....penso que o Amor paira no ar ....:))
Beijinhos
Bom fim de semana

chica disse...

Sentimentos que existem nos dois e um não revela ao outro! bjs, chica

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Como previra e escrevi no comentário anterior os dois estão decerto apaixonados. Como será agora que Miguel e Mariana vão resolver este impasse?
Beijinhos e excelente fim de semana.
Ailime

Edum@nes disse...

Na vida continua,
o pintor pintando
Mariana não se amua
do Miguel estará gostando?

Tenha um bom fim de semana amiga Elvira.
Um abraço.

PROFESSORA LOURDES DUARTE disse...

Querida Elvira, na vida somos os pintores da nossas telas, da nossa história... Amei sua inspiração para essa bela narrativa. Parabéns! Grata pela visita, volte sempre. Abraços feliz fim de semana.

noname disse...

as voltas e teias da vida, aí estão, a fazer das suas eheheheh

Boa tarde

Joaquim Rosario disse...

Boa tarde
A folha começa a ter cor e quase de certeza vai ficar um belo quadro !!
JAFR

Gaja Maria disse...

Amam-se, está visto :)

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida amiga Elvira!
Bonito este enamorar suavezinho e imprevisível.
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem