Seguidores

18.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XIX

Cerca das dez e meia, Adélia bateu à porta. Uma, duas vezes. Como ninguém abriu, pensou que a casa estava vazia. E como tinha a chave abriu a porta. A primeira coisa que viu, foi a porta do quarto, aberta, logo pensou que a tal jovem já estava acordada e decerto tinha saído com Miguel.
Dirigiu-se à cozinha, e nesse momento a porta da casa de banho abriu-se e Adélia viu a jovem. Deveria ter acabado de tomar banho, vestia um robe branco e tinha enrolada uma toalha em volta da cabeça, como se fora um turbante. Estacou surpreendida com a intrusão de uma estranha lá em casa.
A mulher apressou-se a dizer:
-Bom dia! Sou Adélia, e venho fazer a limpeza da casa. Estive cá de manhã, mas o Menino pediu para não fazer barulho, para não a acordar e por isso fui embora. Voltei agora. Como bati e não me abriram a porta, pensei que tinham saído.
- Bom dia, Adélia. Quando acordei, o Miguel já não estava em casa. Mas ele já me tinha falado de si. Fique à vontade. Decerto conhece melhor a casa do que eu. Vou trocar de roupa.
Dez minutos passados, Adélia dirigiu-se ao quarto, com roupa limpa para a cama. Viu que esta se encontrava arrumada e disse:
- Não precisava, ter feito a cama. Costumo mudar a roupa sempre que venho fazer a limpeza. E se a menina tiver roupa para lavar, ponha no cesto que está ao pé do tanque. Eu depois levo e meto tudo na máquina. Trago já passada a ferro.
 Calou-se. Se esperava que a jovem respondesse enganou-se. Ela continuava no sofá, com um livro nas mãos, mas Adélia teve a nítida sensação, que não lia. Parecia ausente.
Pouco depois insistiu:
-Sabe, a minha máquina, foi o Menino Miguel, quem ma ofereceu o ano passado. Antigamente eu lavava a roupa aqui mesmo, no tanque do quintal.
A jovem não respondeu e Adélia acabou por desistir da conversa.
Miguel dissera que a jovem estava doente. O que teria ela? Não parecia doente. Talvez estivesse um pouco magra de mais. Mas isso agora parecia moda. A gente nova estava cada dia mais esquelética. Enquanto prendia o lençol, deu uma breve mirada para a jovem. Parecia ausente. Talvez até nem a tivesse ouvido.  Terminou de arrumar o quarto, enrolou a roupa suja e com ela nos braços, parou na sala, bem em frente da jovem.
-A menina já comeu? Quer que lhe prepare alguma coisa?
A jovem olhou-a com estranheza. Como se regressasse de um lugar distante.
- Não tenho fome.
-Ó menina, mas precisa comer. Vou buscar um copo de leite.
-Não. Leite, não. 
-Então, trago-lhe um sumo?
-Pode ser. Obrigado



9 comentários:

Tintinaine disse...

A amnésica identifica-se comigo, também não gosto de leite!

chica disse...

Uma situação estranha para as duas...Nada de diálogo, nada a falar... beijos,tudo de bom,chica

_ Gil António _ disse...

Bom dia:- Acompanhando a história
.
* Poesia e amor em corações iluminados ( Poetizando e Encantando ) *
.
Votos de um feliz fim-de-semana.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Passei para desejar à minha amiga um bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar bom fim de semana!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Cidália Ferreira disse...

E nem Adélia a faz lembrar de nada? Humm coitada da moça!!

Num céu azul, nuvens de fino alento [Poetizando e Encantando.]

Beijo e um excelente fim de semana.

Sandra May disse...

Adélia se mostrou carinhosa ao oferecer algo pra moça comer. Ainda bem que aceitou o sumo, já que está tão magrinha...
Continuamos amanhã?
Beijos.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Gosto imenso do seu poder criativo que se revela bem evidente em todos os detalhes desta história.
Um beijinho e bom domingo.
Ailime

lis disse...

Oi Elvira
Tudo na estaca zero não?
Eça continua cada dia mais ausente e a pobre Adélia até tentou envolve-la numa prosa que nao resultou.
E aí ? breve algo vai ter que rolar... rsrs
grande abraço e boa semana,amiga