Cerca das dez e meia, Adélia bateu à porta. Uma, duas vezes. Como ninguém abriu, pensou que a casa estava vazia. E como tinha a chave abriu a porta. A primeira coisa que viu, foi a porta do quarto, aberta, logo pensou que a tal jovem já estava acordada e decerto tinha saído com Miguel.
Dirigiu-se à cozinha, e nesse momento a porta da casa de banho abriu-se e Adélia viu a jovem. Deveria ter acabado de tomar banho, vestia um robe branco e tinha enrolada uma toalha em volta da cabeça, como se fora um turbante. Estacou surpreendida com a intrusão de uma estranha lá em casa.
A mulher apressou-se a dizer:
-Bom dia! Sou Adélia, e venho fazer a limpeza da casa. Estive cá de manhã, mas o Menino pediu para não fazer barulho, para não a acordar e por isso fui embora. Voltei agora. Como bati e não me abriram a porta, pensei que tinham saído.
- Bom dia, Adélia. Quando acordei, o Miguel já não estava em casa. Mas ele já me tinha falado de si. Fique à vontade. Decerto conhece melhor a casa do que eu. Vou trocar de roupa.
Dez minutos passados, Adélia dirigiu-se ao quarto, com roupa limpa para a cama. Viu que esta se encontrava arrumada e disse:
- Não precisava, ter feito a cama. Costumo mudar a roupa sempre que venho fazer a limpeza. E se a menina tiver roupa para lavar, ponha no cesto que está ao pé do tanque. Eu depois levo e meto tudo na máquina. Trago já passada a ferro.
Calou-se. Se esperava que a jovem respondesse enganou-se. Ela continuava no sofá, com um livro nas mãos, mas Adélia teve a nítida sensação, que não lia. Parecia ausente.
Pouco depois insistiu:
-Sabe, a minha máquina, foi o Menino Miguel, quem ma ofereceu o ano passado. Antigamente eu lavava a roupa aqui mesmo, no tanque do quintal.
A jovem não respondeu e Adélia acabou por desistir da conversa.
Miguel dissera que a jovem estava doente. O que teria ela? Não parecia doente. Talvez estivesse um pouco magra de mais. Mas isso agora parecia moda. A gente nova estava cada dia mais esquelética. Enquanto prendia o lençol, deu uma breve mirada para a jovem. Parecia ausente. Talvez até nem a tivesse ouvido. Terminou de arrumar o quarto, enrolou a roupa suja e com ela nos braços, parou na sala, bem em frente da jovem.
-A menina já comeu? Quer que lhe prepare alguma coisa?
A jovem olhou-a com estranheza. Como se regressasse de um lugar distante.
- Não tenho fome.
-Ó menina, mas precisa comer. Vou buscar um copo de leite.
-Não. Leite, não.
-Então, trago-lhe um sumo?
-Pode ser. Obrigado
9 comentários:
A amnésica identifica-se comigo, também não gosto de leite!
Uma situação estranha para as duas...Nada de diálogo, nada a falar... beijos,tudo de bom,chica
Bom dia:- Acompanhando a história
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* Poesia e amor em corações iluminados ( Poetizando e Encantando ) *
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Votos de um feliz fim-de-semana.
Passei para desejar à minha amiga um bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
A passar por cá para acompanhar a história e desejar bom fim de semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
E nem Adélia a faz lembrar de nada? Humm coitada da moça!!
Num céu azul, nuvens de fino alento [Poetizando e Encantando.]
Beijo e um excelente fim de semana.
Adélia se mostrou carinhosa ao oferecer algo pra moça comer. Ainda bem que aceitou o sumo, já que está tão magrinha...
Continuamos amanhã?
Beijos.
Boa noite Elvira,
Gosto imenso do seu poder criativo que se revela bem evidente em todos os detalhes desta história.
Um beijinho e bom domingo.
Ailime
Oi Elvira
Tudo na estaca zero não?
Eça continua cada dia mais ausente e a pobre Adélia até tentou envolve-la numa prosa que nao resultou.
E aí ? breve algo vai ter que rolar... rsrs
grande abraço e boa semana,amiga
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