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11.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XIII




- Por mim, -disse pousando o copo vazio, em cima da mesa. Pode ficar aqui o tempo que quiser. Certo que sou um homem, que desde sempre viveu sozinho, e não é fácil dividir o meu espaço com uma desconhecida. Mas quando faço uma promessa cumpro-a, e eu prometi cuidar de si e ajudá-la. E vou fazê-lo contra tudo, até mesmo contra a sua vontade. Claro que se cooperar, será muito mais fácil para os dois. Fechar-se em casa, horas e horas a chorar, não vai ajudá-la em nada.
Nesse momento a jovem saiu a correr para o quarto. Atirou-se em cima da cama chorando copiosamente.
Miguel deixou-a chorar durante largos minutos. Depois entrou no quarto, sentou na beira da cama e estendeu-lhe um lenço.
- Pronto. Já chega, - disse em voz baixa, num tom carinhoso, como se estivesse a falar com uma criança.
-Tem medo? Acredito que sim. Eu também teria no seu lugar. O futuro pode ser temeroso, mas o passado que se desconhece será bem mais assustador. Se não está preparada, podemos esperar mais uns dias, mas eu no seu lugar ia o mais rápido possível. Já pensou, no sofrimento que pode estar a causar a terceiros? Que os seus pais, irmãos, quiçá o namorado, podem andar por aí desesperados à sua procura?
Calou-se. Mentalmente Miguel interrogava-se. Foi impressão sua, ou sentiu uma estranha tensão no corpo da jovem, quando falou na família?
O silêncio adensou-se. Miguel não sabia que dizer mais para aquietar o coração da jovem. Fez-lhe uma leve carícia na cabeça e deixou que se  acalmasse por esgotamento.
Algum tempo depois, ela levantou o rosto, e olhando-o disse:
- Pode marcar a consulta. Só não sei o que vou dizer ao médico.
-Não se preocupe com isso. Na hora saberá. Agora descanse.
Levantou-se e dirigiu-se ao quintal.
Ai, acendeu um cigarro. Raramente fumava. Mas em horas de grande tensão, era no cigarro que se refugiava. Não conseguia afastar do pensamento a jovem que chorava no quarto. Franziu o sobrolho. E se ela nunca recuperasse a memória? O que ia fazer com ela? Era evidente que não podia mandá-la embora, empurrando-a sabe-se lá para que destino, quiçá de novo para a falésia.
Mas ele também não podia ficar refém dela. Precisava fazer o que sempre fizera. Pintar, viajar, seguir com a sua vida.







10 comentários:

Os olhares da Gracinha! disse...

É urgente procurar respostas mas não se pode parar no tempo!!!bj

Isa Sá disse...

A passar por ca para acompanhar a história.

Isa Sá disse...

A passar por ca para acompanhar a história

chica disse...

A consulta aceita é um bom começo... bjs, chica

Larissa Santos disse...

Pode ser que com a ajuda do médico dêem algum seguimento :))


Hoje, do Gil António; Lágrimas de doce felicidade

Bjos
Votos de um óptimo Sábado

Cidália Ferreira disse...

Acredito que para a jovem esteja a ser terrível! Estou a adorar!!


A serenidade do paraíso encantado. (Poetizando e Encantando)

Beijo e um excelente fim de semana

Edum@nes disse...

Quem na sua vida apareceu,
proteger Miguel foi incubido
diz cumprir o que prometeu
porque, o prometido é devido!

Tenha, com saúde, umas boa férias amiga Elvira.
Um abraço.

Anete disse...

... Puxa, Miguel está em apuros, mas é uma encrenca que trará felicidades, certamente...
Boa noite de sábado, querida Elvira...
Bjs

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Estive a ler os últimos três episódios e continuo a gostar muito da história.
Vamos ver até quando a perda da memória da jovem os manterá naquelas circunstâncias.
Um beijinho e continuação de boas férias.
Ailime

A Nossa Travessa disse...

Minha queria Elvirinhamiga

Mais um episódio de mais uma estória magnífica fruto de uma excelente imaginação servida por uma espantosa criatividade. Tantos adjectivos - mas merecidos...

O Miguel está metido numa enrascada de se lhe tirar o chapéu. Por isso, com médico ou sem fico a aguardar o que virá...

Muitos qjs deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão

INFORMAÇÃO
Cumprindo uma “ordem” da Janitamiga está publicado na Nossa Travessa um textículo mais divertido com o título O meu nome é Batalhão. Na próxima sexta-feira espero retomar a saga É DIFÍCIL VIVER COM UM IRMÃO MONGOLÓIDE. A vida é feita de contrastes.