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22.3.18

A TRAIÇÃO - PARTE XXXII




Como era esperado, aquele dia foi complicado para o doutor João Santos. Toda a sua atenção esteve virada para os problemas que o hospital que dirigia enfrentava. Por isso foi com alívio que viu o dia chegar ao fim. Desejava acima de tudo, deixar as funções de diretor. A sua vocação eram os doentes, não resolver problemas burocráticos ou laborais. Estava decidido a pedir a demissão das suas funções como diretor.
A caminho de casa, relembrou os acontecimentos da véspera, e pela primeira vez, perguntou-se se não teria sido demasiado duro com a esposa. Certo que ele estava muito magoado, mas não era razão para a mandar embora. E se ela levasse à letra as suas palavras e voltasse a partir?
Aquele pensamento foi tão doloroso, que de forma inconsciente, carregou no acelerador.
Entrou em casa, e percorreu uma a uma as divisões da casa para constatar com tristeza que tinha sido de novo abandonado. Sentou-se num cadeirão e escondeu o rosto entre as mãos. Abandonado? De modo algum. Não podia queixar-se disso quando fora ele que a mandara embora.
Mas desta vez ela não fugiria para longe, não enquanto a mãe não estivesse totalmente restabelecida. Iria tomar um banho, mudaria de roupa e depois iria a casa dos sogros, pedir-lhe-ia desculpa por ter sido tão radical. Afinal não lhe dera ela na véspera, prova de que o amava? 
Decidido levantou-se e encaminhou-se para o quarto.
Foi então que viu a carta em cima da cómoda e pegou-lhe com mãos trémulas.
Era uma carta de hotel. Isso queria dizer que ela não tinha ido para casa dos pais. Talvez porque não quisesse dar um desgosto à mãe, ou talvez porque ainda tinha esperança de voltar para casa.
Sentou-se na cama, abriu o envelope e retirou as duas folhas de papel. Emocionou-se com a confissão da mulher e revoltou-se ao ler a missiva de Inês. Imaginou o sofrimento da esposa, e sem embargo nem vergonha, chorou. Chorou por ela, por ele, pelo sofrimento dos dois, pelos quase quatro anos de vida perdida.
Que Deus não permitisse que ele encontrasse Inês nos tempos mais próximos, era tanta a sua raiva que era bem capaz de cometer um disparate.
Deixou as cartas em cima da cama e foi tomar banho. Não só porque estava muito calor, mas porque simbolicamente queria livrar-se da sujeira moral, que Inês trouxera para a sua vida.
Minutos mais tarde saía de casa em direção ao hotel.

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E como hoje é dia de poesia, realizou-se na Biblioteca José Esteves, no Convento Madre Deus da Verderena, um evento que constou de três partes distintas. A primeira de Cante Alentejano, a segunda, crianças do 3º e 4º ano, disseram poemas da sua autoria subordinadas ao tema Moinhos, e terceiras, poetas da terra, leram poemas seus ou de poetas que admiram. 

Na foto abaixo, o momento em que lia um dos meus poemas.





18 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Boa noite! Ora muito bem. Pelo menos não se revoltou com Odete. Prevejo um momento de amor intenso no Hotel. loool Amei!


Beijinhos

noname disse...

Antevejo um final apoteótico ;.))

Boa noite Elvira

chica disse...

Como Cidália, torço pra uma bela noitada para os dois..Merecem! E tu estavas linda na leitura de tua poesia! Parabéns! bjs, chica

Anete disse...

O romance está seguindo para momentos calientes de conversas e celebrações!...
Que bom ver a sua foto em estiloso momento!... Fico contente com a sua participação...
Beijinhos e a minha admiração carinhosa...

Edum@nes disse...

João esta repeso do que disse a Odete. Odete está repesa de não ter acreditado na sinceridade de João. Ambos têm o caminho livre para junto por ele seguirem e serem felizes para sempre!
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço e continuei lendo a sua poesia!

Cantinho da Gaiata disse...

Está mesmo acabar, já estou a prever uma ida ao Hotel e passar uma bela noite de perdão.
Gostei de a ver na foto, muito bonita.
Bj

Tintinaine disse...

E eu já estou a adivinhar que vem aí outro conto, não tarda nada. A Elvira tem uma fábrica deles.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Graças a Deus existe a firme e concreta esperança desse casal recuperar o tempo longe um do outro e se amarem sem barreiras nem intrigas.
Linda, você recitando seus poemas!
Beijos carinhosos!

Pedro Coimbra disse...

Depois de um dia complicado espero que já esteja tudo muito mais sossegado.
Abraço

Joaquim Rosario disse...

bom dia
todos nós por vezes fazemos coisas que nos vimos a arrepender , e depois do arrependimento também temos o perdão .
assim o espero para este casal pois o erro não foi só de um .
JAFR

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

A encaminhar-se para um final feliz.
Um abraço e boa Primavera.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

António Querido disse...

O Hotel vai ser o ninho da reconciliação definitiva! Hoje também vou ter uma festa de final de ano do meu neto no secundário, vamos ver se os 19 a inglês ajuda nas outras disciplinas.

Gostei de a ver a ler os seus poemas.

O meu abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Parece que tudo se vai compor!
Que bela participação poética!bj

Cidália Ferreira disse...

Voltei!
Esqueci-me de a elogiar na sua leitura de Poesia! Amei

Beijinhos e um dia feliz

aluap disse...

É caso p dizer que tem mais sorte que juízo.

Duarte disse...

Parece que tudo caminha na direção adequada, ou seja para um fim feliz.

Isso está bem, que se faça com que a cultura esteja ao alcance de todos e mais ainda a poesia, a Irmã pobre da literatura. por alguns assim considerada, mas por mim não.
Beijinhos nossos.

redonda disse...

Isto está a correr bem :)