Numa das melhores galerias de Lisboa, está patente uma exposição de pintura. O pintor do momento, apelidado pelos críticos como a grande revelação portuguesa do século XXI, tem os quadros da sua segunda exposição praticamente todos vendidos. A um canto da sala, o pintor, um homem alto, moreno, a beirar os cinquenta anos, totalmente vestido de preto, conversa com um casal inglês que acaba de comprar uma das suas obras, quando os seus olhos se iluminam a ver entrar uma figura feminina, na galeria. Acompanham-na, João, um rapazinho de nove anos, uma cópia fiel do Martim de há dez anos, e as gémeas Ana Rita e Joana de cinco anos, duas bonecas loiras, parecidíssimas com a mãe. Paulo anotou o endereço que o casal inglês lhe dava para o envio do quadro e delicadamente despediu-se deles e aproximou-se da sua família.
- Que surpresa agradável, - disse beijando-os.
-Tinha que os trazer, para que vissem como a tua arte é
apreciada. O Martim vai chegar no fim-de-semana. Telefonou há uma hora. Está
ansioso para ver a exposição.
- Que bom. Tenho tantas saudades dele. Sabes, recebi há pouco um convite para expor numa galeria de arte no Marais, em Paris.
- Parabéns, amor. Tu mereces, tens muito talento.
-Logo conto-te. Agora desculpa não vos
poder dar mais atenção, mas estão a chamar-me.
-Vai, querido. Nós vamos ver a exposição. Vamos meninos.
Enquanto olhava os quadros, e tentava que os filhos apreciassem a arte do pai, Amélia recuou no tempo e
recordou aqueles dez anos de extrema felicidade. Três meses após o casamento,
ela ficara grávida. Aproveitando esse facto, o marido convencera-a a deixar a
sociedade de advogados e a aceitar um dos escritórios da firma, mantendo-se como advogada da empresa. Quando João nasceu, foi uma grande
alegria, não só para o casal como para Martim. Mas Paulo continuava com o seu
sonho de se dedicar à pintura, e sentindo-se frustrado com a vida de homem de negócios que levava. Amélia compreendeu que ele nunca seria inteiramente feliz se não desse asas ao seu sonho, e encorajou-o a arranjar um gestor, de modo a poder transformar o sonho em realidade. Depois de muito pensar, Paulo decidira-se. Sabendo que o cunhado era um dos melhores gestores do mercado, ofereceu-lhe sociedade na empresa de camionagem, em troca dele assumir a gestão da mesma. Com a
quinta gerida por Alfredo e a empresa por Ricardo, podia enfim dedicar-se à pintura. Entretanto os anos passaram, ela
voltara a ficar grávida, desta vez eram gémeos, e ele achou melhor contratar
um novo advogado, que trataria de todos os assuntos jurídicos da empresa, pelo
menos até que Amélia pudesse voltar, uma vez que ela não queria abandonar a sua carreira.
Quando as gémeas nasceram, ela decidira dedicar-se apenas à família, e fê-lo até que as meninas fizeram três
anos e ingressaram na escola. Nessa altura voltou à firma, mais como
assessora do irmão, do que como advogada, cargo que estava a ser muito bem
desempenhado pelo atual advogado. Foi nessa altura que o marido fez a primeira
exposição, que foi um grande êxito. E agora dois anos depois a nova exposição
confirmava o seu talento. Tinham passado dez anos de intensa felicidade, em que
os únicos desgostos que sofrera, foram as mortes de Augusta, e da avó Maria. As duas
amigas partiram com um intervalo de um mês, vitimas da mesma doença, uma pneumonia. Nesse espaço de tempo, Ricardo, fora pai duas vezes, de duas meninas, e Martim terminara o Secundário e
fora para a Universidade. Nos últimos meses estudara em Inglaterra ao abrigo do programa Erasmus. António e Paulo os filhos de Alfredo também estavam na Universidade. Um cursava Agronomia, outro Veterinária. Isso não seria possível sem a generosa doação do seu marido, ao irmão e criação.
Martim, que continuava a ter uma relação muito especial com o pai, aproveitava todas as oportunidades para estar na quinta. Continuava encantado com Matilde, a filha de Alfredo, hoje uma adolescente de treze anos, com quem ele dava longos passeios, a pé ou a cavalo, e com quem mantinha grandes conversas. Não se mostrava muito interessado nas jovens da sua idade, e os pais interrogavam-se, sobre que espécie de sentimento, ele nutria por Matilde.. Será que ia esperar por ela?
Paulo tinha cumprido a sua promessa. O sonho que lhe parecera viver quando casara, nunca se transformara em pesadelo. Olhando-o do fundo da galeria, ela sentia o coração pleno de amor e no peito um enorme orgulho. Sorriu. Sentia-se a encarnação da própria felicidade.
Martim, que continuava a ter uma relação muito especial com o pai, aproveitava todas as oportunidades para estar na quinta. Continuava encantado com Matilde, a filha de Alfredo, hoje uma adolescente de treze anos, com quem ele dava longos passeios, a pé ou a cavalo, e com quem mantinha grandes conversas. Não se mostrava muito interessado nas jovens da sua idade, e os pais interrogavam-se, sobre que espécie de sentimento, ele nutria por Matilde.. Será que ia esperar por ela?
Paulo tinha cumprido a sua promessa. O sonho que lhe parecera viver quando casara, nunca se transformara em pesadelo. Olhando-o do fundo da galeria, ela sentia o coração pleno de amor e no peito um enorme orgulho. Sorriu. Sentia-se a encarnação da própria felicidade.
A hora do fecho da
galeria chegou. Paulo acompanhou a esposa e os filhos ao automóvel.
- Mãe, posso ir com o pai? - Perguntou João.
- Claro, filho.
Paulo e o filho segui-los-iam no carro dele. Deixara de andar de moto quando as gémeas nasceram. A velocidade já não lhe dava o mesmo prazer de outrora, a vida era demasiado preciosa para a por em risco.
- Mãe, posso ir com o pai? - Perguntou João.
- Claro, filho.
Paulo e o filho segui-los-iam no carro dele. Deixara de andar de moto quando as gémeas nasceram. A velocidade já não lhe dava o mesmo prazer de outrora, a vida era demasiado preciosa para a por em risco.
Enquanto punha o veículo a trabalhar e arrancava, pensou
no agradável que era regressar a casa, brincar com os filhos, fazer amor com a
sua apaixonada esposa, e sorriu.
O menino que perdera os pais, quase bebé, que tivera uma meninice triste, por não ter conhecido o carinho e os afagos dos seus progenitores, era um homem feliz.
FIM
Elvira Carvalho
E pronto o puzzle está completo. Espero que tenha sido do vosso agrado. E já agora se me quiserem deixar algum reparo, alguma coisa que não gostaram, ou o contrário, estejam à vontade. É com vocês que eu vou aprendendo a ser melhor. Obrigada.
Elvira Carvalho
E pronto o puzzle está completo. Espero que tenha sido do vosso agrado. E já agora se me quiserem deixar algum reparo, alguma coisa que não gostaram, ou o contrário, estejam à vontade. É com vocês que eu vou aprendendo a ser melhor. Obrigada.
31 comentários:
Bom dia. Acompanhando.
.
* A Mulher ... e o olhar matreiro da Serpente *
.
Deixando abraço e beijo
OLÁ AMIGA ELVIRA! Hoje vim de TGV porque tenho que fazer a obrigação de avô, ir buscar o neto ao liceu para almoçar connosco, mas acompanho a história e vejo que estão todos felizes.
O meu abraço
Lindíssimo!
Pronto, vou-me repetir: gosto tantos dos seus escritos! Parabéns!
Beijinhos.
bom dia
como se esperava a família cresceu e continuam felizes .
agora que a viagem terminou talvez se entenda porque a autora não tinha muita certeza no titulo a dar ao conto.
penso eu !!!
JAFR
Adorei do início ao fim. E haja fertilidade nessa família,rs... Muito lindo te ler! Acabou maravilhosamente e tu sabes rechear com detalhes que encantam! PARABÉNS! beijos, chica
Vamos esperar a próxima!rs
Hajam finais felizes, neste mundo de realidades tão cinzentas.
Beijinho Elvira
Continuo a acompanhar.
Um abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Áhh... Muito bem!!
Resta-me agradecer por tão bons momentos de leitura que me proporcionou. Esta, foi uma das melhores estórias que segui aqui. Mas também comecei faz pouco tempo. Amei. Afinal existem sempre finais felizes.
Muito obrigada, Elvira.
Beijinho
E ESTÁ DE PARABÉNS, MAIS UMA VEZ. LINDA HISTÓRIA. EMOCIONANTE.
GRANDE ABRAÇO.
Boa tarde, aparentemente é uma família feliz, será assim no futuro? bem....será se um ciclone não aparecer.
Continuação de boa semana,
AG
Elvira
muito bom!
gostei!
parabéns por nos presentear com mais este belíssimo conto.
beijo
:)
Boa tarde Elvira,
Os meus Parabéns por esta excelente história!
Uma história que me cativou do principio ao fim.
Já estou com saudades:))!
Beijinhos até à próxima.
Ailime
Paulo não era só motard, afinal,
também ele era um famoso pintor
foi numa estrada aqui em Portugal
que encontrou o seu grande amor!
Eu me sinto bem à vontade,
sendo esta a minha opinião
aqui o faço com sinceridade
dando-lhe máxima pontuação!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira,
Um abraço.
Esta é mais uma história que dava para um extenso romance. Escreves bem, a tua narrativa é apelativa e tens a arte de tecer enredos interessantes, que são os condimentos necessários a um bom escritor. Por isso, estás de parabéns e nem me atrevo a fazer qualquer reparo.
Venham mais histórias destas, que são uma delícia para o leitor.
Continuação de boa semana, amiga Elvira.
Beijo.
Um final muito Feliz. Uma família feliz, em que cada membro desempenha a sua parte para essa felicidade.
Fiz hoje um périplo desde o meu último comentário de há dias e dou por bem empregue esta caminhada.
Parabéns.
Bj
Olinda
Um belo final! Num abrir e fechar de olhos vemos o Martim com um irmão e duas lindas maninhas. Gostei muito e só tenho pena de não termos sido convidados para o casamento...:)) Gostaria de ter visto o ar feliz da noiva e o Martim sorridente levar as alianças.
Mal me dei conta já tinham passado dez anos.
Estou a brincar, Elvira. Adorei!!
Um abraço
Gostei de ler desde o inicio ao fim.
Parabéns Elvira
Bjs
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/
Nem a Corin Tellado escreveria melhor nem encontraria um fim mais ajustado para esta bela história.
Parabéns e venha a próxima!
Gostei muito desta história e, como já vem sendo habitual, do facto da narradora abordar uma temática que, no caso, ainda é fracturante para muita gente. Destaco, também, este epílogo, fechando a história com chave de ouro.
Parabéns! Bjinhos :)
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Que pena, que como tudo, acaba! Adorei o conto, foi tão bonito e com um final muito feliz. Dou razão à Janita, kkkkkkkkkkkk
Obrigada...
Hoje:- A Dança no Paraíso
.
Bjos
Fim de semana feliz.
Como não gostar amiga Elvira, está tudo na perfeição!
Mais uma história que nos alegrou a leitura algumas semanas, Parabéns.
Adorei (mesmo ao meu jeito, felizes para o resto da vida)
Beijinho grande e vou passar para a próxima.
Mais uma vez, foi bom acompanhar o seu conto, muito bem contado!...
Um final feliz e realista.
Abraços e bom fim de semana.
Muitíssimo bom, amiga Elvira.
Creio ter sido o seu melhor conto !
... E também muito bem finalizado, com esta retrospectiva de 10 anos !
Está mesmo de Parabéns com este seu dom para a escrita criativa e este seu jeito de coordenar os momentos e os acontecimentos de modo a encaixarem perfeitamente quando oportuno !
Os ritmos das estórias são sempre muito bons, a escrita perfeita !
Um grande abraço ! :)
Majestosa novela que que nos prendeu do início ao fim, enlevando-nos, emocionando-nos, fazendo-nos rir, chorar e se encantar com todo o enredo. Parabéns, és uma escritora de extremo valor e criatividade.
Beijos carinhosos!
Mais uma bonita história com final feliz. Tal como eu gosto. Abraço
Elvira, o meu pedido é que nos conte a história do Martim e da Matilde.
Outro abraço.
Ainda não tinha lido o final e adorei!!!
Parabéns por mais um belo projeto!!!bj
O pior de uma boa história/estória é quando chega o seu final. Deixa sempre aquele gostinho de quero mais. Parabéns Elvira! Adorei! Que venham mais.
Beijos,
Furtado
Mais uma bela história de amor, bem cor de rosa, que bem precisamos, já que este mundo anda todo tão negro.
Um final feliz como todas as histórias de amor.
Parabens.
Bjs.
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