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8.9.17

À MÉDIA LUZ PARTE III


E ali estava ela num impasse. Até agora não tinha visto nada de suspeito no seu chefe. Percebera que era um mulherengo incorrigível, que ela não lhe agradara nada, quando a vira pela primeira vez, contudo não pedira para a substituíram e ela tinha a certeza de que neste momento, ele estava satisfeito com a sua prestação laboral, ainda que continuasse a olhá-la como quem olha para um saco de batatas. Mas isso pouco lhe importava. Não estava ali para o conquistar, muito embora não deixasse de reconhecer que era um homem muito atraente. Mas ela não estava interessada em nenhum homem por muito interessante que fosse´
O único homem que lhe interessava, era o pai, e encontrava-se preso por um crime que não cometera.
Suavizou-se o rosto com a recordação do pai por quem sentia um carinho a roçar a adoração. Não se lembrava da mãe. Morrera quando ela era ainda bebé. Uma gripe, uma pneumonia, agravada por problemas respiratórios de que já padecia. O pai fora pai e mãe para ela. Sacrificara a sua vida à solidão para não lhe dar uma madrasta. Criara-a com todo o amor, dera-lhe a melhor educação, muitas vezes à custa de se privar até das coisas mais básicas. Trabalhava no escritório, e em casa fazia ainda contabilidade de micro empresas. Para que ela pudesse estudar. Quando soube de como gostava de dançar, e de como gostaria de saber fazê-lo, não hesitou em escrevê-la numa academia de dança, embora isso comportasse mais uma despesa para o orçamento. Era o homem mais nobre e recto do mundo. Mas amargava os dias na cadeia. E o pior, Sandra acreditava, seria quando fosse libertado. Ela conhecia o pai. Temia que ele não aguentasse ser apontado por todos como um ladrão. Tinha muito medo, que ele procurasse no suicídio, a solução para a sua vergonha. Sandra procurara um advogado. A julgar pelo que pagou por uma única consulta, decerto um dos melhores do país. Mas ele fora peremptório. Sem um dado novo, não havia como reabrir o processo.


12 comentários:

Joaquim Rosario disse...

bom dia
prevejo uma historia de cortar a respiração .
Haver vamos.
JAFR

chica disse...

Gostando do enredo e imaginando situações aqui...bjs, lindo dia! chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante minha amiga.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Cantinho da Gaiata disse...

Já estou a imaginar esse Pai na prisão, não vai aguentar a vergonha da injustiça da nossa justiça, tenho medo por ele (suicídio?).
Sempre presente para ler estas lindas história, agora nem consigo chegar à noite..hehehe, vicio, não Elvira.
Beijinho apertado.

António Querido disse...

A beleza de uma mulher está sempre na educação, no respeito e na competência, se esse patrão não a quer ver assim, azar o dele!
Vou acompanhando e enviando o meu abraço.

Edum@nes disse...

Quem não deve, não teme,
sempre tenho ouvido dizer
quem culpado não se sente
deve sem complexos seguir
de cabeça erguida, em frente!

Tenha uma boa tarde de sexta-feira amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Anete disse...

As coisas hão de ser esclarecidas, não tem nada oculto que não venha à tona...
Bom fim de semana...
Bjs

Rui disse...

Estava a ler estes 3 primeiros capítulos e a pensar na sua fantástica capacidade para "engendrar" estórias e sempre diferentes, Elvira !
Para já uma belíssima e interessante "introdução" que nos deixa em suspenso e ansiosos pelo desenrolar da trama ! :)

Abraço, Elvira :)

Majo Dutra disse...

Está deveras interessante, Elvira.
Parabéns pela prodigiosa criatividade.
Abraço, afetuoso.
~~~

redonda disse...

Hum, como no outro conto, aqui também vemos a importância de se ter um bom advogado :)

Rosemildo Sales Furtado disse...

A Sandra tem de continuar procurando. Continuo gostando.

Abraços,

Furtado