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21.9.17

À MÉDIA LUZ - PARTE XX




- Mas isso é uma ótima noticia. – Soltou-a. - Vem, vamos para a sala, quero que me contes tudo. Senta-te aqui ao meu lado,- disse afundando-se no sofá.
- O café!
- Quem quer saber de café agora? – Estendeu-lhe a mão num convite mudo.
Ela sentou-se a seu lado e ele passou-lhe o braço pelos ombros puxando-a para si.
- Conta-me tudo. Não, deixa-me adivinhar, o Pedro descobriu que foi mesmo o Fernando?
Ela relatou-lhe a conversa tida com o inspetor nessa tarde.
- Tenho pena do António. Não merecia este desgosto. Aquele sobrinho é a única família que lhe resta. Amanhã mesmo vou pedir ao nosso advogado que tome conta do caso, e tenho a certeza de que não demorará muito, terás o teu pai em casa. E mais tarde, quando se recuperar, faço questão de o readmitir.
Levantou-lhe o queixo, procurando o seu olhar.
- E então não haverá nada mais que impeça a nossa união. Quero que saibas, que até que te conheci, nunca acreditei no amor tal como o descrevem os apaixonados. O amor para mim era uma utopia, uma miragem, o que me interessava mesmo era o sexo. Todos os meus amigos, sabiam que eu era assim, e nenhum deles acreditaria ainda que lhes jurasse, que há meses venho a tua casa apenas para estar contigo, sem nunca ir contigo para a cama. E no entanto aconteceu, não porque não te deseje, e Santo Deus, como te desejo, mas porque és diferente de todas as outras. E és diferente, porque te amo, porque desejo fazer parte da tua vida, até ao meu último suspiro. Entendes?
- Como não ia entender, se comungo do mesmo sonho?
Segurou o rosto dele entre as suas mãos, e pediu quase sem voz:
-Por favor Gabriel. Vai-te agora! Não consigo ser tua enquanto não vir meu pai reabilitado. Mesmo amando-te com todo o meu ser.



EPILOGO





Um mês depois, o juiz assinava a revogação da pena e ordenava a libertação de Joaquim Machado, bem como a prisão preventiva de Fernando Lourenço.
As marcas do tempo e da vergonha eram bem visíveis no rosto e no corpo do pai da jovem, que parecia ter envelhecido mais de dez anos naqueles quatro anos de cativeiro.
À sua espera tinha a filha, que lhe explicou como tinha chegado ao verdadeiro culpado, bem como o papel importante de Gabriel e do seu amigo inspetor em todo o processo.
Não foi difícil para o homem que ouvia, reparar no brilho dos olhos da filha cada vez que falava do seu chefe. Temeu por ela. Afinal eles eram pobres, viviam do seu salário, o empresário era um homem muito rico e com fama de mulherengo.  Mas o temor só durou até à noite quando Gabriel se apresentou em sua casa, para pedir a mão de Sandra com anel de noivado, e a informação de que queria casar o mais rápido possível.
Quando os jornais sensacionalistas, tiveram conhecimento do noivado, muita coisa se escreveu, chegando a dizerem que Gabriel se casava com a filha do homem que estivera injustamente preso, para evitar um processo de indemnização.
Eles não se importaram. Sabiam dos sentimentos que os uniam, e do longo percurso percorrido até aquele momento.
A noiva fez questão de uma cerimonia simples e intima, apenas para os familiares e padrinhos.
Ela não queria continuar a ver-se nas páginas dos jornais, nem a ler as mentiras com que a imprensa os brindava
Com a bênção paterna, casaram duas semanas depois.
Dias mais tarde, em plena lua-de-mel, na pista de dança do hotel, ele confessava-lhe que se apaixonara por ela, ao vê-la dançar o tango, e que desde aí, sonhava com o momento em que os dois o dançassem juntos.
E então como se os músicos tivessem ouvido as suas palavras, ouviram-se os primeiros acordes da música “À média luz”



Fim

Elvira Carvalho


21 comentários:

OQMDNT disse...

Mais um excelente conto que chega ao fim, mais curiosidade para ler o que se segue.

Parabéns Elvira :)

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanha a história!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Joaquim Rosario disse...

bom dia
mais uma grande historia que para além do tema em si acabou como de costume com o amor acima de tudo.
até ao próximo !!1
JAFR

Gaja Maria disse...

Mais uma história de Amor com final feliz. Gostei muito Elvira

Tintinaine disse...

Um final empolgante!
Com o computador avariado não sei como isso foi possível!
Ou a avaria não era assim tão séria?
Bom dia e venha outra história tão boa como esta.

chica disse...

Que bom que tudo acabou bem e tiveram um final digno de contos de fadas! ADOREI! Parabéns por mais esse! bjs, chica

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um belíssimo conto que acabou bem.
gostei deveras.
bom fim de semana.
beijinhos
:)

António Querido disse...

Excelente final de história! Que bom seria que todas acabassem assim, em amor.
O meu abraço.

Edum@nes disse...

Finalmente, feliz, chegou ao fim a incerteza. Cedendo o lugar à felicidade. Dançando o tango à media luz. Do amor e da paixão, só a morte os separará!

Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Odete Ferreira disse...

Elvira: repito-me mas, mesmo assim, cá vai.
Terminou mais uma história em que a narradora revela os seus dotes de hábil gestora da trama que arquiteta com cabeça, tronco e membros. Parabéns!!!
Bjinho

Anete disse...

Um final com emoções felizes e um gostoso tango... Foi bom ler mais um romance repleto de amor e parceria...
Aguardando o próximo, Elvira, e torcendo pelo PC novo... (!?!)
Um abraço e boa noite...

Rui disse...

Muito bom, mesmo, Elvira !!!

Que fantástica a sua capacidade criativa e de escrita !
Realmente,... como poderia a Elvira passar sem um computador ?...

Um grande abraço de parabéns, amiga ! :)

Cantinho da Gaiata disse...

Mais um lindo conto que chega ao fim com um final mesmo ao meu jeito, obrigada Elvira.
Já estou com a cabeça a pensar qual será o aseguir.
Este fim de semana vou estar fora, Ilha do Farol, nada melhor que levar "Folha em Branco" e pôr a leitura em dia.
Beijinho grande.

Socorro Melo disse...

Ah! Já acabou? Estava tão bom! Parabéns, querida, Elvira! Lindo conto. Gostei do desfecho.

PROFESSORA LOURDES DUARTE disse...

Olá, boa noite!
Nesta noite, quero me juntar a você é pedir a Deus que alivie e conforte nossos irmãos que sofrem por conta dos efeitos dos desastres naturais e tantos outros acontecimentos que só trazem sofrer e prejuízo para a humanidade. Alivia Senhor Jesus, a dor dos nossos irmãos que sofrem, e nos livra de todos os males. Amém!
Abraços, permanece com Deus no coração.

redonda disse...

Gosto de finais felizes :)

um beijinho

Os olhares da Gracinha! disse...

Nem tudo sendo perfeito...a FELICIDADE surge para abençoar!bj

Emília Pinto disse...

Querida " fazedora de historias ", mais um belo conto que acabou muito bem e agora , ficamos à espera do próximo que será, como sempre , muito interessante. Gosto de finais felizes, pois já nos bastam as noticias tristes da tv.. Parabéns amiga e muito obrigada pelos belos momentos que nos proporcionas. Bom fim de semana! Beij7nhos
Emilia

Graça Sampaio disse...

Mais uma história de amor a mostrar bem o caráter de tantos de nós.

Isso é que é imaginação, Elvira!! Parabéns.

Beijinhos.

lourdes disse...

Mais um belo conto com um final feliz.
Gosto de contos de fadas.
Beijos.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Bela história/estória com final feliz. Falta só vir o herdeiro, produto da Média Luz. Rsrs.

Abraços,

Furtado