Pouco depois Ana acordou. Graça deu um beijo à sobrinha, e um presente que a criança abriu em alvoroço. Um livro de bonecos para pintar e uma caixa de lápis de cor.
Depois despediu-se. Ia fazer umas compras, voltaria à
tardinha, quando as crianças viessem da escola, para lhes dar um beijo.
- Ainda vais hoje?
-Prometi ao Eduardo que ia. Até logo.
-Até logo.
Alegre, a criança experimentava os lápis, traçando sobre
o caderno riscos de várias cores, Enquanto isso, Francisca pensava em Afonso.
Como fora possível apaixonar-se daquele modo por um homem que ela tinha a
certeza, nem sequer a via como mulher?
Devia estar feliz. Afonso cumpria escrupulosamente as
condições do contrato. Ela comprava o que queria, fosse para a casa, para ela
ou para as crianças, ele pagava as contas sem nunca a questionar. Tratava
igualmente as quatro crianças sem distinções. E era gentil com ela, no pouco
tempo que estavam juntos.
Mas na verdade não era feliz. Porquê? Porque naqueles meses se apaixonara como uma idiota pelo marido. Apesar do que dissera à
cunhada, quando estava sozinha com os seus pensamentos, sempre pensava nele
como marido. E atrevia-se até a loucas fantasias, protagonizadas pelos dois. Quantas
noites na solidão do seu quarto, sonhava que ele vinha, qual cavaleiro andante,
salvá-la do desespero da solidão, a beijava, a acariciava, lhe pegava ao colo e a levava para a sua
cama. E aí enlouquecia-a, fazendo-a vibrar como corda de viola. Então sim, seria uma mulher feliz. Mas não. Ele só pensava na falecida.
- Mãe. Toma. É para ti.
Ana estendia-lhe uma folha cheia de riscos coloridos.
Abraçou e beijou a criança.
-Obrigado. É muito bonito. Vamos guardar tudo e lavar as mãos. Está na
hora do lanche. E depois, vamos ao parque, até à hora dos
manos saírem da escola.
A criança bateu as palmas de contente e saiu a correr na sua frente.
15 comentários:
Já sabemos que Francisca se deixou enredar nessa teia maravilhosa que é o amor.
Quem sabe Afonso não esteja a sentir o mesmo e se iniba de o dizer, uma vez que ambos ocultam os sentimentos?
Perante este impasse, acho que Francisca vai ter de ser arrojada e, embora veladamente, dar a entender que se apaixonou e espera ardentemente a consumação dessa união. Então?
O que dizem a isto os meus caros colegas de leitura? :))
Um abraço Elvira, bom Domingo.
PS- Vejo que por aqui o Natal já se faz anunciar.
Está lindo e natalino o blog,Elvira e teu conto cada vez mais nos prendendo! bjs, chica
lindo :)
http://trapeziovermelho.blogspot.pt
Eu já adivinhava que isso ia acontecer!
Esta é uma daquelas histórias que só podem acabar em felicidade para todas as personagens envolvidas.
A menos que a autora resolva dar uma reviravolta completa.
Continuo a seguir a história.
Bjn
Márcia
O desejo vai surgindo...bj
Sempre expectante!
Beijo
Esa criança lémbrame minha neta que também fai riscos de cores. Sinto non poder seguir os capítulos por orde. A historia vai cobrando interese con ese namoramento segredo. A ver.... a ver....
Obrigado polo seu comentario. As castanhas son moi boas para quen poida comelas. Son alcalinas. Non producen ácidos. Son moito boas. Aperta grande
Apaixonada Francisca já está pelo Afonso, só o que falta para serem felizes, é ele fazê-la vibrar nos seus braços, como o guitarrista nas suas mãos faz vibrar a guitarra!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Uma família que se vai conhecendo cada vez melhor.
Boa semana
Oi Elvira,
Tudo leva crer que ambos estão apaixonados. Vamos ver quem vai dar o primeiro passo...
Que Deus a abençoe
A cirurgia sói por dentro e ainda que aqui está frio e chove.
Beijos
Minicontista2
Será que Afonso vai resistir, por muito mais tempo!?
Ansiosa pelos próximos capitulos. Bjs!
Acho bom alertar os bombeiros porque a coisa vai pegar fogo. Rsrs.
Abraços,
Furtado.
Regresso para retomar a história onde a deixei... tenho muito para ler. Até já
Enviar um comentário