Eram duas horas. Ana acabara de adormecer e Francisca
dispunha-se a ler um livro quando a campainha tocou.
Pouco depois Graça entrava na sala.
-Que surpresa – disse a dona da casa pousando o livro e
pondo-se de pé para abraçar a cunhada.- Não disseste que vinhas…
- A intenção era mesmo surpreender-te. E sabia que a esta
hora estarias disponível para conversar um pouco. Suponho que a minha sobrinha
esteja a dormir.
- Está. Mas senta-te. Já almoçaste?
- Já, não te preocupes. Conta-me. Como vai o casamento?
Inclinou-se para a frente
-Que casamento?
- O teu, mulher. Não me digas que vocês levam a sério
aquele estúpido contrato?
- E não era para levar? Tu melhor que ninguém sabes que
não há nenhum casamento.
- Por esta não esperava. Queres que te seja sincera.
Quando aconselhei o Afonso a casar-se, e ele me disse que só o faria com as
condições que te impôs, eu pensei que tu não as aceitarias.
Quando aceitaste, eu pensei, “bom não é mau de todo. Vão
ser obrigados a conviver, vão conhecer-se melhor, e fatalmente vão
apaixonar-se." Caramba, eu conheço-vos e sinceramente penso que foram feitos um para o outro.
Propositadamente, deixei passar estes seis meses, tempo mais que suficiente
para o acender da faísca entre vós.
Afinal toda a vida ouvi dizer que “o lume ao pé da
estopa, o diabo lhe assopra” E agora dizes-me que não há nada entre vocês? Nem um beijo?
- Não costumo beijar os meus patrões.
- É isso que o meu irmão é para ti? Um patrão?
- É o que se deduz do contrato.
- Não foi isso que te perguntei. Quero lá saber desse
malfadado contrato. Quero saber dos teus sentimentos.
Sem responder, levantou-se e foi até à janela.
A cunhada seguiu-a. Pôs-lhe a mão no ombro:
-Bem me parecia que não era isso. Escusas de negar. Os
teus olhos traíram-te. E ele? Percebeste algum sentimento da sua parte?
Fez um sinal negativo com a cabeça.
- Não percebo o meu irmão. É certo que foi muito apaixonado
pela mulher. Mas, ela já morreu há quase dois anos. E depois parece-me
impossível que não dê conta da tua beleza. Será que ele não anda a precisar de
uma visita ao oftalmologista?
Francisca não pode deixar de sorrir:
-És impossível.
13 comentários:
Essa cunhada está querendo ajeitar mais as coisdas lá! Tomara aconteça! bjs, chica
Não há faisca, não há fogo, não há fumo, não vê a beleza de Francisca à frente dos seus olhos! Será que Afonso tem falta de visão? Ou será que o seu coração não sente amor por Francisca?
Boa noite e bom fim de semana, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Não me parece que Afonso seja o tipo de homem que só se deixa atrair pela beleza física.
Vamos dar tempo ao tempo e ele acabará por ver a beleza interior de Francisca, e aí...só a escritora saberá!! :)
Um abraço.
Nem precisa de vir o diabo assoprar. A Graça encarrega-se disso!
Sabes?
O Afonso é tonto e torto
endireita-o
dá-lhe juízo
Querida Elvirinhamiga
Estou quase a apanhar-te...
JOTA PINTAROLAS
É o nome do rapazola que perdeu quase todos os dentes por mimos proporcionados por um campomaiorense durante o último episódio da saga da Dona Alzira. O título do texto que hoje se publica é DENTES PARA BOLO DE CREME. Até à data NINGUÉM conseguiu resolves o problema do feed – Henrique, o Leãozão
Está a demorar, mas "a coisa" vai acontecer :))
A cunhada é como eu, já queria um pouco mais de faísca! Mas espero pelo que engendraste!
Bjo, Elvira :)
Pode ter dado as respostas que deu à cunhada, mas por mais que apregoe que é um contrato acho quenão o será por mais 6 meses!
A sorte grande nao saiu só à Francisca, como lhe murmurou a mãe. Também saiu ao Afonso, porque neste "contrato" dá-se e recebe-se, tecto, comida, mas também amizade, lealdade e honestidade...amor.
Não sei se me fiz entender ;-)
Beijinho e bom domingo.
Oi Elvira
Eu já estaria na cama dele, pois na minha chorava, era um pesadelo.kkk
Que Deus a abençoe
Beijos
Lua Singular
Bem... a Graça é muito pragmática!!!
A cunhada já colocou faísca, agora é só assoprar que pega fogo.
Beijos!
A história está bastante atraente e eu, como sempre, gostando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
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