O telemóvel tocou. Isabel pousou o livro e atendeu. Era Amélia a reforçar o convite para irem ao tal bar. Isabel voltou a descartar qualquer hipótese de sair. Desligou e olhou para o relógio. Dez e vinte, era muito cedo para se deitar, mas a chamada fizera-a perder o interesse pela leitura. Que fazer? Olhou o portátil na mesinha de bambu e vidro junto ao sofá. Mas não lhe tocou. Na verdade navegava tanto por questões de trabalho que em casa muito raramente o abria. Aconchegou o robe ao corpo seminu e estendeu-se no sofá. Fechou os olhos e reviveu a cena dessa tarde. Quem seria aquele homem? Luís. Ele dissera que se chamava Luís. Bom pelo menos a partir de agora o desconhecido tinha nome. Mas isso mudava alguma coisa? Lembrou-se da mãe. Ela sempre dizia que cada um nasce com o seu destino traçado. Costumava dizer que não há coincidências. As coisas acontecem, para seguir a ordem natural, dos caminhos do destino de cada um. Ela não acreditava muito no destino. Sempre acreditou que o destino, é obra do que cada um faz na vida. Agora já não tinha tanta certeza disso. Ela não fizera nada para trazer para a sua vida aquele homem, nem os estranhos desejos que a assaltavam desde que o conhecera.
Será que a mãe tinha razão? Que ele estivera sempre no seu destino, à espera da hora certa para aparecer? E se assim era, que papel ia interpretar no teatro da sua vida? Seria um grande papel, ou era uma figuração apenas? De súbito deu-se conta de algo muito estranho. Ultimamente quase não se recordava de Fernando. E quando o recordava tinha dificuldade em lembrar as suas feições. Que estranho poder tinha aquele homem para invadir assim a sua vida e a sua mente, e esvaziar a gaveta das memórias que ela guardou com tanto esmero e cuidado durante quase vinte anos?
Isabel jamais acreditaria que situações assim acontecessem na vida real. E porque haviam de lhe acontecer logo a ela? Que já tinha desistido de ter uma família e estruturara toda a sua vida, sobre recordações? E agora que fazer? Esperar que o destino ou lá o que era os juntasse de novo? Tentar esquecer e reconstruir a muralha atrás da qual vivera todos aqueles anos? E se voltassem a encontrar-se o que ela faria? Tentaria dar uma hipótese a si mesma com dizia Amélia, ou fugiria de novo? E mais importante que tudo. Quem lhe dizia que o homem não era comprometido? E ainda que o não fosse quem lhe dizia que se ia interessar por ela? Um homem como ele devia ser como uma flor à beira de uma colmeia.
Exausta acabou por adormecer ali mesmo no sofá.
13 comentários:
E assim vai a história destes dois, oara já em encontros meio desencontrados.
Boa noite, Elvira
Quem é que vai dar o primeiro passo?
Mexam-se.
Abraço
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
:) Ai, Isabel, Isabel... a vida - ou destino... - está muito longe de ser apenas aquilo que cada um faz dela. É mais assim; Vida = (ao que cada um faz dela + o que as circunstâncias da vida fazem de cada um)* o que as sociedades sabem/conseguem aproveitar das reais potencialidades de cada um. E qualquer destes factores tem uma infinidade de variáveis...
Peço desculpa por este desabafo, Elvira; não resisti.
Um grato e forte abraço com votos de muita saúde!
Mais um episodio belo e instigante!:)
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Mergulhada nas águas do desejo.
Beijos e um excelente dia! :)
Dormiu no sofá e na certa, com ele foi sonhar...beijos, chica
Mesmo que não andem à procura um do outro. O destino fará com que Luis e Isabel se encontrem.
Tenha um bom dia amiga Elvira. Um abraço.
Eu não acredito muito nisso do destino, mas, vamos aguardar, o que reserva o destino para a Isabel e o Luís.
Gostei!
Beijo
:)
Quem será o primeiro a decidir-se?
.
Um dia feliz
Cumprimentos
Continuo a acompanhar com muito interesse!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
excelente prosa!
o suspense está criado.
aguardemos o desenlace.
abraço, amiga Elvira
Bom dia Elvira,
Gostei muito deste episódio com a sua enorme criatividade sempre presente.
Beijinhos,
Ailime
Belo capítulo com várias indagações!
Beijos!
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