Passou a mão pela testa, tentando afastar os pensamentos dolorosos. A vizinha tinha razão, ela devia entrar em contacto com o pai da criança. Afinal era isso que a irmã desejava que ela fizesse. Mas… e se ele lhe quisesse tirar a menina? Ela morreria de dor. Matilde era muito mais que sua sobrinha.
Tinha quase trinta e três anos, e o único namorado que tivera,
acabara o namoro quando a sua mãe morreu e ela assumiu a responsabilidade de
acabar de criar a irmã. Ele não estava disposto a começar uma vida com tal
encargo. Depois disso, dedicara-se por completo à irmã, e depois à
sobrinha. Acreditava que lhe queria tanto como se fosse sua filha. Por isso a
criança lhe chamava mãe. Na verdade nunca conhecera outra.
Mas será que ele ia querer saber duma criança fruto de
uma aventura passageira? E se lhe escrevesse uma carta e lhe mandasse a cópia
da certidão de nascimento da menina? Assim era melhor, se não obtivesse
resposta à carta, era sinal que ele não se interessava e pronto, assunto arrumado.
Ouviu o sinal de que a máquina acabara de lavar.
Levantou-se e foi estender a roupa. Logo de seguida, ouviu a criança a chamar,
e foi tirá-la da cama. Levou-a para a cozinha e deu-lhe o lanche. Depois
mudou-lhe a roupa, e a criança riu feliz e bateu as palmas, quando lhe disse que
iam ao parque.
Pôs no saco um biberão com água, colocou e prendeu a
menina no carrinho, deu-lhe o seu peluche preferido, pegou na mala, nas
chaves e saiu. Tocou a campainha do andar em frente e uns segundos depois a
vizinha abria a porta.
- Vou ao parque com a Matilde. Quer vir connosco?
-Se esperar uns minutos, enquanto calço uns sapatos, e
dou uma penteadela ao cabelo, vou.
-Claro que esperamos.
De facto, Natália, não demorou mais do que dois minutos a
voltar. Fechou a porta e as duas saíram do prédio e encaminharam-se para o
parque que ficava muito perto. No seu carrinho, Matilde palrava num alegre
conversa com o seu peluche. Ficava sempre radiante quando ia ao parque. Gostava
de andar de baloiço, e de atirar pedacinhos de pão para o lago. Ria alto e
batia palmas sempre que algum dos patos apanhava o pão.
Tinha começado a andar há pouco tempo, ainda não
conseguia dar mais que três quatro passos sozinha, mas agarrada aos móveis
corria a casa toda. Também palrava imenso, mas palavras, dizia poucas. Pronunciava
bem, mãe, e não. Depois havia outras palavras, que não sendo corretas se entendiam perfeitamente. " vó Taia” para chamar Natália, “Bias” o seu peluche preferido
Tobias, (ão ão), cão (áua) água. As duas mulheres, tal como todas as mães e
avós sorriam enlevadas a cada nova gracinha da bebé.
21 comentários:
Esta história, promete e, eu, prometo segui-la :-)
Boa noite Elvira
As minha filhas começaram por dizer papá.
Se calhar era papa mas eu prefiro que seja papá... :))))
Bfds
Bom dia
Que episodio mais ternurento !!
JAFR
já não passo todos os dias sem vir ler mais um bocadinho deste enredo delicioso.
Grata pela partilha
Passando para acompanhar este quarto capítulo, deixo-lhe o abraço de sempre, amiga Elvira.
Maria João
Uma delicia de momentos aqui narrados...Coisa boa de ler! beijos, chica
a acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Estou a gostar minha amiga.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Mais um belo momento de leitura... Bj
Olá amiga, este já marchou. Que venha outro. Adorei amiga. Beijinhos
Lendo mais dois capítulos e gostando...
Vamos adiante...
Bom fim de semana... Bjs
Mais um bonito episódio. Ela irá superar as dificuldades. :))
Hoje:-Quero-te tanto...Quero-te, porque sim. [Poetizando e Encantando]
Bjos
Votos de uma óptima Sexta - Feira
Lidos estes dois últimos episódios, sigo atentamente o desenrolar da história, torcendo para que a Isabel consiga o trabalho que tanto precisa.
Bom fim de semana e desejo as melhoras dos seus familiares doentes, Elvira. Sem a esquecer, também, a si, claro.
Um abraço.
Quando começam a falar só quem lida com eles é que os entende. Não sei se ela fará bem em ir à procura do Pai! Antevejo outro problema!!
Olho além, numa visão de muita saudade (POETIZANDO)
Beijos e bom fim de semana.
Tudo tranquilo de momento :)
Se Isabel, não escrever ao pai da menina. Dando-lhe conhecimento do que aconteceu. Nunca saberá se ele a recusa ou se a aceita?
Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.
Cada capitulo me agarra mais e mais a esta historia
Bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - Vamos ao cinema??
Estou gostando da escrita leve e amorosa. Ontem não vim, mas hoje lerei os dois.
Já estou ansiosa pra saber sobre o pai de Matilda.
Abraços, Elvira!
Os trinta e três anos da Isabel não foram fáceis.
Certamente que anos melhores chegarão em breve. Será, Emília?
Beijo.
Boa tarde Elvira,
Um episódio repleto de ternura em que a Elvira põe tanto da sua criatividade e engenho.
Um beijinho.
Ailime
Continuando lendo e maravilhada com a história!
Beijos!
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