Isabel poisou o prato em cima da mesa da cozinha, retirou o babete à menina e pegando-lhe ao colo tirou-a da cadeira.
- Agora vamos mudar a fraldinha, e a Matilde vai fazer ó-ó.
Levou a menina para o quarto, mudou-lhe a fralda e
deitou-a. Fechou a persiana e saiu.
Lavou e arrumou a loiça do almoço, separou a roupa branca
da escura e pôs a máquina a lavar.
Finalmente sentou-se um pouco no sofá. Estava cansada. Fechou os olhos e
deixou-se levar pelas lembranças.
Isabel tinha dez anos, quando o pai
falecera, vítima de atropelamento, quando regressava a casa, depois de um dia de trabalho, deixando a mãe com duas crianças pequenas.
Ela e Susana então com três meses de idade. Fora uma vida de muitos sacrifícios
para a mãe, mas apesar de não terem brinquedos caros, nem roupas de marca,
nunca lhes faltou o necessário, embora a mãe tivesse que deitar mão a qualquer
trabalho extra que lhe aparecesse já que o ordenado como operária numa fábrica
de confeções, era curto para alimentar, vestir, calçar e educar duas filhas.
Menos mal que o seguro de vida do marido pagou a casa, pelo que tinham um teto
para morar e não tinham que se preocupar com a despesa da renda da casa.
Isabel compreendia a situação, e não tinha outro desejo
que não fosse acabar o secundário e arranjar um trabalho que lhe desse pelo
menos para as suas despesas. Assim quando acabou os estudos empregou-se numa retrosaria e matriculou-se na faculdade a fim de tirar o curso de secretariado
e tradução. Mais tarde, pouco antes da morte da mãe, Acabado o curso, serviu-lhe para se
empregar como secretária numa grande empresa, com um bom salário.
Susana sempre fora uma criança difícil. Talvez que lhe
tivesse faltado a disciplina dum pai. A mãe trabalhava tanto que quase não
tinha tempo para ela, e a irmã vivia desculpando a sua rebeldia. Melhorou depois que foi para a Universidade,
e principalmente durante o tempo que namorou com Ricardo.
Isabel não chegou a conhecer o empresário. Susana nunca o
convidara a ir lá a casa, e ela suspeitava que a irmã tinha vergonha da casa
delas, dos móveis antigos e fora de moda. Depois de repente, o namoro acabou e a
irmã ficou ainda mais instável e deprimida. E se a gravidez foi vivida quase de
forma apática, a situação piorou bastante depois do nascimento da filha, até
que dez meses antes, Susana se suicidara, deixando-lhe aquela carta e a sua filha.
E como um mal nunca vem só, logo após da morte da irmã,talvez por conta do tempo de crise que o país vivia, a
empresa onde trabalhava, abriu falência. Agora quase a terminar o subsídio de
desemprego, ela precisava com urgência de arranjar um trabalho que lhes permitir-se sustentarem-se.
21 comentários:
Esta sucessão de desgraças aguça a curiosidade acerca do que aí vem.
Abraço
Neste capítulo, é o famigerado desemprego que vem coroar uma sucessão de desgraças, em vez de a preceder, como acontece na maioria dos casos.
Cá estarei amanhã, se o corpo me não pregar outra partida.
Abraço, amiga Elvira.
Maria João
Por certo... tudo irá melhorar!!! Bj
O que nos vale é o título que nos transmite uma esperança de que algo bom está para acontecer. Fico à espera dessa parte!
Vida difícil :(( como infelizmente (na vida real)
Esperemos que dias mais felizes se aproximem
Beijinhos
Esperamos que as "ajudas" apareçam! Um emprego que se concilie com o bem estar da menina! Gostei!
Beijos e um dia feliz!
Como na vida, as coisas são complicadas,mas... Vamos esperar o melhor! Gostando de acompanhar! beijos, chica
Vida difícil como tantas:))
HOJE, DO NOSSO GIL ANTÓNIO :- flor nascida em fenda de rochedo .
Bjos
Votos de uma óptima Quinta - Feira
Fica a esperança que, depois da tempestade venha, também, a bonança para Isabel.
Bom dia, Elvira
Está a ficar interessante.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Salário curto não estica,
quem trabalha, ganha pouco
para poder enfrenta a vida
com dificuldades vive o povo!
Esse conto promete,
afastar a tristeza
para ser mais alegre
com agradável surpresa!
Continuação de boa semana amiga Elvira. Um abraço.
ELVIRA
LI alguns comentários e reparo que a grande maioria diz...
Vamos esperar o melhor!
Fica no ar uma questão, porque será que a maioria das pessoas não quer ver...ou aceitar, que muitas Vidas são assim, com muita desgraça durante muitos anos?
Infelizmente é a realidade!
Amiga, venho agradecer a sua ajuda na escolha das fotos!
Disse que era "muito difícil" mas, acredite é ainda mais difícil para mim.
Hoje, convido-a a vir até aqui:
http://tempolivremundo.blogspot.com/
(até que o autocarro parou para sairmos por trinta minutos para apreciar o LACU ROSU...)
Continuação de boa semana
abraço da Tulipa
Boa tarde Elvira,
Como na vida real há tantos infortúnios!
Que pena Susana ter-se suicidado, pensei que alguém a salvaria...
Um beijinho.
Ailime
Uma desgraça nunca vem só...
Mas tudo se há-de arranjar. E a vizinha talvez faça parte da ajuda.
Estou a gostar muito, como sempre, da narrativa e do enredo do história.
Elvira, um bom fim de semana.
Beijo.
E cá estou eu para ver o seguimento da história que estou a adorar. Beijinhos
Olá, Elvira
Vida difícil dantes e que continua agora com todos os elementos apaixonantes que nos traz nesta cativante história. Isabel com uma criança nos braços da irmão que se suicidara. Ainda por cima com espectro do desemprego a assombrá-la.
Continuarei a vir com o propósito de acompanhá-la de perto.
Beijinhos
Olinda
...irmã...
Situação difícil...
Triste vida a da Isabel.
Vou esperar por boas novas nos próximos capítulos.
Beijo.
Boa Noite de paz, querida amiga Elvira!
Torcendo para que tudo dê certo pois as adversidade são inúmeras e uma criança requer muito cuidado e sustento.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Muito sofrimento, mas, há de chegar o tempo da bonança!
Beijinhos!
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