De súbito, largou o copo em cima da mesa da sala, e dirigiu-se a passos largos ao quarto de hóspedes, abriu o armário, pegou no saco com a roupa que a jovem esquecera no quarto, meteu o telemóvel no bolso das calças, pegou na carteira e nas chaves e saiu. Foi à garagem, meteu-se no carro, ligou o motor e arrancou em direção a Lisboa. Olhou as horas. Nove horas. Muito cedo para já estar na cama, e decerto não iria sair no dia do seu regresso. E se tivesse saído, esperá-la-ia à porta até que voltasse. Tinha que ter uma conversa séria e definitiva com ela. Não podia desistir sem ter a certeza dos sentimentos que ela nutria por ele. Era a sua felicidade que estava em jogo. Estacionou junto ao edifício onde a jovem morava, e aproveitou o momento em que um casal de meia-idade saía, para entrar no prédio sem tocar a campainha. Descartou o elevador e subiu os dois lances de escada até ao andar da jovem. Aguardou um momento junto à porta. Não se ouvia nenhum ruído. Será que ela tinha saído? Bom, o melhor era tocar a campainha. E foi o que fez. Depois de uma curta espera, que a ele lhe pareceu interminável, Paula abriu a porta.
- Boa-noite. Desculpa vir a esta hora. Posso entrar?
- Entra - disse franqueando-lhe a entrada. - Não te
esperava.
Fechou a porta e dirigiu-se para a sala. Tinha o cabelo
preso num rabo-de-cavalo, o rosto sem pintura, e os pés descalços. Vestia uns calções
brancos, e um top azul. Todo o conjunto contribuía para lhe dar um ar frágil, e um aspeto de
miúda.
Estavam os dois de pé na sala, um em frente do outro. Ele observou-a apercebendo-se da sua tristeza. Sentiu um aperto no peito. Era como se tivesse de novo na sua
frente aquela menina tímida e triste que o pai levava para o escritório.
- Vim trazer a roupa que deixaste em Sintra, - disse estendendo-lhe o saco.
- Vim trazer a roupa que deixaste em Sintra, - disse estendendo-lhe o saco.
-Obrigada - ela pegou no saco e pousou-o sobre a pequena mesa em frente - mas não fiques aí de pé. Senta-te.
António deixou-se cair no sofá reparando que os seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse estado a chorar. Sentiu de novo aquele impulso antigo, de a sentar no seu colo e a confortar, tantas vezes experimentado outrora no escritório do pai dela. Também lembrou as palavras do Padre Celso. “Seja sincero consigo e com ela. E se os seus sentimentos são tão fortes como parecem, pode ser que ela venha a corresponder.”
António deixou-se cair no sofá reparando que os seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse estado a chorar. Sentiu de novo aquele impulso antigo, de a sentar no seu colo e a confortar, tantas vezes experimentado outrora no escritório do pai dela. Também lembrou as palavras do Padre Celso. “Seja sincero consigo e com ela. E se os seus sentimentos são tão fortes como parecem, pode ser que ela venha a corresponder.”
-Chega aqui, por favor, - pediu a voz enrouquecida pela
emoção, o olhar fixo no dela.
Atraída pela força do seu olhar ela caminhou para ele,
como o passarinho caminha para a serpente. Parou na sua frente. Então ele
ergueu as suas mãos, colocou-as à roda da cintura dela, e com uma ligeira
pressão sentou-a no seu colo.
-Vejo que estiveste a chorar. Estás tão triste e
desamparada, como há vinte anos atrás, - disse com carinho - queres contar-me o
que te aflige? Não tenhas medo. Estou aqui, e não vou deixar que ninguém te faça mal.
14 comentários:
Já que a noite e o final da tarde são períodos que me tornam as leituras muito penosas - os olhos estão já muito cansados... - leio dois capítulos a cada manhã :)
Deixo-lhe um forte abraço, Elvira.
Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
bom dia
A ultima cena dava com certeza um quadro maravilhoso.
JAFR
Bom dia.
Este encontro não podia ter corrido melhor! Tenho a certeza que vai dar" faísca"! Lool Amei
Beijos
Bom fim de semana.
A coisa vai :-)
Bom dia, Elvira
Engraçado como desejando todos os mesmo, tenhamos maneiras tão diferentes de pensar e agir, vá!...Não era esta a abordagem - tão paternal - que eu pensava que iria ser a de António!
Mas, pronto, o que interessa é o carinho, pese embora o 'colo' e o tratamento, como se Paula continuasse uma garota de 9 anos.
Não desconfiará ele o motivo das suas lágrimas? Homens...!!
Um abraço, Elvira.
PS- Imagino que deve andar muito preocupada com a consulta e exames de segunda-feira, mas faça por se descontrair, andar nervosa não ajuda nada. Ponha tudo nas mãos de Deus e do médico...O que tiver de ser, será. E vai ser tudo bom, acredite.
* desejando todos o mesmo, obviamente. Não 'os', como saiu. :)
Está linda e bem direcionada e mais essa história! Adorando! beijos, chica
Mais um belo capítulo e a promessa de que tudo pode ficar bem!!! Bj
Assim já está melhor do que estava, penso eu! O amor tem muita força. Consegue vencer teimosias. As quais sem razão de existir. Como também o orgulho poderá deitar tudo a perder?
Bom bom fim semana amiga Elvira. Um abraço
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Ora cá estou para dizer da minha justiça.
Ele já deu o tal passo que eu preconizava, o resto acontecerá naturalmente. Com ela sentada no seu colo vão começar os miminhos que aproximarão os dois de vez. Estou a fazer força para que acabem na cama (no próximo capítulo).
Boa noite Elvira,
Um capítulo muito belo, repleto de fortes emoções.
Vou ler o seguinte
Um beijinho.
Ailime
É desta que se entendem?
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