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3.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE IV



Enquanto a água lhe acariciava o corpo perfeito, Francisca pensava na loucura que acabara de cometer, recordando a vida e as situações que a levaram até ali.
Ela fora uma criança feliz. Nascera numa família não muito abastada, mas os pais sempre se preocuparam em que não lhe faltasse nada. Quando terminou o Secundário, Francisca quis ir para a Universidade, mas o seu pai não deixou. Alegou que estava velho, podia faltar a qualquer momento, e o que ela precisava era de um marido que lhe desse apoio quando isso acontecesse. E mais, Jorge o  filho do seu amigo Manuel estava interessado nela, e até já tinham falado sobre o futuro casamento. Incrédula e revoltada, Francisca negou-se a receber o rapaz, e pensou até em fugir de casa. Porém a mãe disse que a sua fuga seria a morte dela, e chorou tanto que Francisca cedeu. E conheceu Jorge.
Ele era um rapaz educado, atencioso, e muito bonito. Mimava-a tanto que aos poucos venceu a relutância da jovem em relação ao casamento.
Casaram no dia em que Francisca completou vinte e dois anos.
Um ano depois o pai de Jorge morreu. O filho vendeu a casa e umas terras que o pai lhe deixara, e mudaram-se para Coimbra, onde abriu uma loja de artigos de desporto.
Francisca nunca conhecera a sogra, pois ela morrera quando Jorge era ainda uma criança.
No ano seguinte ficou grávida, e o marido tornou-se ainda mais carinhoso com ela. Mas apesar de tudo, Francisca sentia-se insatisfeita. Seria amor o que sentia pelo marido? Sempre imaginara o amor como um sentimento muito forte, algo avassalador, que a pusesse trémula de desejo e a fizesse perder o juízo nos braços amados. E não era nada disso que ela sentia nos momentos de intimidade com o marido.
Sentia-se segura, protegida e amada por ele. O resto… tinha que pensar não passavam de sonhos idiotas de uma menina romântica.
Simão nasceu, e Francisca deixou o emprego para cuidar do filho. Mais tarde, passou a ajudar o marido na loja, e a convivência a toda a hora com o marido trouxe alguns atritos pela diferença, na maneira de pensar.
Algum tempo depois ficou grávida de novo. Mas a notícia não agradou ao marido que ultimamente parecia andar sempre aborrecido.




Nota.
Pode parecer que esta história é uma cópia da anterior, ou vice versa, um vez que esta foi escrita há mais de três anos e a outra agora. Não são semelhantes a não ser no facto de começarem com um casamento resultante de um contrato.. Também já escrevi "casamento por procuração" e "casamento por conveniência". E até já fiz um casamento por divida de jogo.  Os casamentos podem ser consequência de muitas coisas, e contrariamente ao que se pensa, nem  sempre são por amor. Agora até se fazem à primeira vista. Uns resultam, outros não. Aqui resultam todos, porque se não resultarem vocês zangam-se e nunca mais voltam. No fim me dirão se continuam a pensar que as histórias são parecidas.

Bom fim de semana

16 comentários:

noname disse...

Ora, nem todas as histórias acabam e amor, e negar isso, é negar a realidade.

PS: Eu não fugiria.

Sabe que: Um filme que nunca esqueci, foi um com o actor Marlon Brando que no fim morria.

Boa noite, Elvira :)





Cidália Ferreira disse...

Pode parecer idênticas, mas sempre com contornos diferentes. :))

Beijinhos- Boa noite

Sandra May disse...

Boa noite, Elvira! Parece que esse casamento não vai longe. Mas ela está grávida de novo. É agora???
Bjs e bom domingo

chica disse...

Tem nuances apenas parecidas...Depois aparecerão as diferenças! Bjs lindo domingo! Chica

Larissa Santos disse...

Teve uma vida difícil, agora não estará melhor.. :)) Vou gostar...

Hoje:- "Sofrendo de saudade". {Poetizando e Encantando}

Bjos
Votos de um óptimo Domingo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Por mero acaso li os comentários anteriores ao meu e faço minhas as palavras do Noname. Eu também não fugiria.

Feliz Domingo e um abraço, Elvira.

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Não há historias iguais .
cada historia tem o seu sentido para no fim tirar-mos as conclusões.
Um santo domingo !!
JAFR

Marina Filgueira disse...

¡Hola Elvira!

¡Precioso relato, genial reina de la buena pluma! Que será ficción creatividad por qué los que escribimos soñamos que es lo correcto.
Pero esa historia también, bien pudiera ser realidad, aunque ahora no se da tanto, en tiempos pasados, si había casamientos amañados sin amor… Amañados por los mismos familiares, casamientos por conveniencia y la verdad es que ocurría mucho esto.
¡Fíjate que hasta a mí me querían casar con un primo que era como mi hermano! A Dios gracias que yo era bien espabilad.
Y eso que no hace tantos años, que harían en tiempos atrás... De este modo las herencias quedaban en casa, y el amor era lo de menos importancia. ¡Que colmo!!! No te parece?
Un abrazo y mi gratitud

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de domingo, querida amiga Elvira!
Gosto muito das imagens ilustrativas que põe nas histórias de um modo em geral.
Sei que muitas novidades virão e tem casamentos de todo tipo, por diversas motivações e até em nossa família..
estou gostando do enredo sempre com detalhes significativos.
O Amor de mukher precisa de romantismo, talvez ela duvide por isso..
Tenha dias felizes e abençoados junto aos seus!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

Anete disse...


Bom domingo, Elvira! Por aqui, novo horário hoje, uma hora a mais...
Obrigada pela explicação por lá, vamos ver o que o romance causará, tão bem elaborado por você...
Um abraço

Edum@nes disse...

Um casamento não por amor. Com o passar do tempo, poderá tornar mais aborrecido do que desejado?

Tenha um bom dia de Domingo amiga Elvira.
Um abraço.

AC disse...

A Elvira, pelo talento e pela enorme experiência de vida, tem uma enorme capacidade em criar novos enredos: ao fim e ao cabo, a vida é pródiga deles.
Vou ficar na expectativa por aquilo que se seguirá.

Um abraço :)

Os olhares da Gracinha! disse...

Casar sem amor é algo que não entra na minha mente e muito menos em meu coração!!! Bj

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Parecidas ou não, o que é certo é que me está a proporcionar mais um bom momento de leitura.
Vamos ver como vai decorrer, entretanto.
Beijinhos,
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Sempre é maravilhoso ler suas histórias, as quais nos prendem nossa atenção do princípio ao fim.
Beijos carinhosos!