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26.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XXXI


                                               


Acabara de se arranjar, quando Miguel chegou. Sentiu-lhe os passos no corredor, e apressou-se a sair.
- Bom dia.
- Bom dia Miguel.
Vestia umas calças cinzentas e uma camisa de xadrez. A barba de três dias, dava-lhe um ar rude que não lhe ia bem. E estava mais magro, - pensou a jovem.
-O almoço está pronto, Luísa?
- Vai já para a mesa, senhor.
-Vamos almoçar? Não temos muito tempo.
Na sala a mesa já estava posta. Sentaram-se e logo Luísa trouxe o almoço.
Almoçaram quase em silêncio e depois saíram em direcção à clínica onde ela ia ter a consulta.
- Nervosa?
-Um pouco.
-Desculpa, quase não te ter dado atenção nos últimos dias. Depois de amanhã é a inauguração da exposição. Foram vinte e cinco  telas para escolher, e catalogar. E mais um sem fim de coisas que não podia descurar. Faltam quarenta e oito horas para a inauguração. Depois são mais quinze dias de exposição em que tenho de estar presente. Quando acabar, fico com todo o tempo do mundo para ti.
Sentiu um arrepio ao ouvir a última frase e teve quase a certeza que tinha corado.
Como tinham chegado ao consultório, absteve-se de responder.
A consulta foi  demorada, o médico ouviu-os com atenção, analisou demoradamente a Ressonância Magnética, fez muitas perguntas, e acabou por dizer o que eles já sabiam, ou seja concordar inteiramente com o diagnóstico anterior.
Agendaram com a assistente a primeira sessão de psicoterapia para o final dessa mesma semana, e saíram.
Eram quase cinco horas, a noite caía rapidamente, Tinha-se levantado uma aragem fria. Mariana levantou a gola do casaco.
Solícito, ele perguntou:
-Tens frio?
-Um pouco.
Ele colocou-lhe um braço sobre os ombros, como se quisesse transmitir-lhe o calor do seu corpo. A jovem sentiu que o arrepio que nesse momento a percorria, nada tinha a ver com o frio 
-Vê se a Maria pode ir amanhã, ao shopping, contigo. Precisas fazer compras. O inverno está aí, e tens pouca roupa para enfrentá-lo. Desculpa já devia ter pensado nisso, mas como sabes, não tenho tido cabeça para mais nada que não seja a bendita exposição.
Não se referiu à consulta. Por qualquer estranha, e desconhecida  razão, ambos evitaram falar nela.



8 comentários:

Olinda Melo disse...


E a vida tem seguir. Mariana com os tratamentos no sentido de, eventualmente, recuperar a memória e Miguel com a sua vida profissional. Entretanto, uma teia de sentimentos vai se tecendo.

Bj

Olinda

chica disse...

Está muito linda a história. SEMPRE ESPERANDO MAIS! BHS CHICA

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Curiosa com os próximos acontecimentos.
Será que Mariana vai recuperar a memoria?
Terá família? O que poderá ter originado a amnésia?
É enorme o suspense...
Um beijinho e resto de bom domingo.
Ailime

Cidália Ferreira disse...

Quem sabe se Mariana, ao visitar o espaço onde Milguel tem as telas, se não lhe traria nada à memória? Hummm
Estou a gostar muito


Beijos e um excelente Domingo!

noname disse...

Intrincada e misteriosa esta história. Estou a gostar imenso. Também me tenho abstido de mandar palpites, porque não quero influenciar a escritora. É o que ela idealizou que quero ler :-)

Boa tarde, Elvira

Larissa Santos disse...

Começa a ficar interessante :))

Bjos
Votos de boa noite

Kique disse...

Passei para me por em dia com a historia
Boa semana
Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - Infidelidade...

Pedro Coimbra disse...

Esses arrepios, de calor, são muito comprometedores...
Boa semana!