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10.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XII





Pouco passava das dez da manhã, quando um raio de sol, poisou sobre a face de Miguel, acordando-o.
De momento estranhou ter dormido vestido no sofá, mas logo a lembrança do que tinha acontecido na véspera, e de que não estava sozinho em casa o trouxe à realidade.
Levantou-se, sacudiu as calças, bastante enrugadas, passou a mão pelos cabelos e deu uma olhada rápida ao quarto, cuja porta se encontrava aberta. Estava vazio, a cama feita. Logo, a jovem teria acordado cedo.
Encontrou-a na cozinha
-Bom dia, - saudou olhando-a directamente, nos olhos, numa muda pergunta.
-Bom dia Miguel. Está tudo na mesma, como se tivesse a cabeça completamente oca.
Admirou-se com a sagacidade da jovem. Tinha lido nele como num livro aberto.
- Já comeu alguma coisa?
-Fiz umas torradas e um sumo de laranja.
-Bom. Vou tomar um duche e depois falamos.
- Algum tempo depois, regressou, envolto num roupão, o cabelo pingando, o rosto recém-barbeado.
- Tenho que ir ao quarto. Desculpe, mas é lá que guardo toda a minha roupa.
- Não precisa pedir desculpa. O quarto é seu. Aqui a intrusa sou eu, - respondeu a jovem. Preparo-lhe o pequeno-almoço. Torradas?
-Não. Só um sumo de fruta e café.
Quando voltou, já a jovem tinha o sumo pronto e preparava a cafeteira para o café.
Miguel sentou-se, rodou o copo entre os dedos e perguntou:
- Já tomou alguma decisão?
-Que decisão - retorquiu ela em sobressalto.
- Bom suponho que não estará disposta a ficar o resto da vida, sem  
memória. Penso que o melhor será procurar-mos ajuda especializada. Que me diz de consultar um psiquiatra? Ontem disseram-me que existe um, muito bom, aqui mesmo na cidade, - disse enquanto levava o copo de sumo aos lábios.
Reparou que a jovem estava lívida, os lábios trementes, e os olhos rasos de água..
Sentiu pena dela, mas que raio, ele não sabia como ajudá-la, e o tê-la trazido para casa talvez tivesse sido um erro. Ela era muito bonita, e ele era um homem. Quando os vizinhos soubessem que estava lá em casa, iam começar a falar. Ele nunca se preocupara com a sua reputação, mas ela era diferente. Era quase uma menina. Naquele momento, com o cabelo preso num gracioso rabo-de-cavalo, ninguém diria que tinha mais de dezasseis anos. Sobressaltou-se. E se era menor? Ainda se ia ver metido nalgum imbróglio.





13 comentários:

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Que drama !!!
JAFR

Olinda Melo disse...


Olá, Elvira

Um conto, que adivinho belo, está a desenvolver-se aqui e já no seu XII capítulo. Há suspense o que vem agitar a curiosidade.

Boa continuação.

Bj

Olinda

Manu disse...

Dúvidas que se adivinham terem consequências dramáticas.

Abraço Elvira

noname disse...

Perguntas e mais perguntas, ainda sem resposta. Aguardando o desenrolar da coisa :-)

Bom dia, Elvira

chica disse...

Tão bom te ler e reler sempre! bjs, tudo de bom,chica

Cesar disse...

Dia de visitar o Sexta-Feira e ler histórias apaixonantes, como sempre.
Abraço.

Anete disse...


... Mistério a ser revelado!
Bom fim de semana, cara amiga Elvira... Bj...

Maria do Mundo disse...

Bom fim de semana, minha amiga!

Cidália Ferreira disse...

Estou bastante curiosa para o desenrolar da estória! Parabéns!

Atrasada, andei com os netos! :)

Beijos-Boa Noite

Larissa Santos disse...

Isto é que está aqui um embrógloio :)

Estou a gostar. :))


Bjos
Votos de uma noite feliz.

Os olhares da Gracinha! disse...

... é bom partir em busca de auxílio!!!
bj

silvioafonso disse...

Cavalo sabido. Se pode escolher
o capim, por que não comer o mais
fresco? Miguel, Miguel, "Open your
eyes!"

Beijos Elvira. Adorei e quero
mais...


.

Anónimo disse...

maravilha de conto, e se for menor , a menina? oh! que drama, gostei de ler, aguardo o desfecho!

Votos de um feliz domingo!
Abraço!