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3.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE V



                                                                                               Foto do museu de Loulé

Miguel dirigiu-se à porta, abriu-a e encontraram-se num quintal. De um lado do muro, uma espécie  de arrecadação com duas portas.
Do outro lado, um tanque e um estendal.
Miguel abriu a primeira porta dizendo;
- Aqui é a casa de banho.
E afastando-se deixou ver os azulejos cor de terra, que contrastavam com as loiças brancas. O lavatório, embutido num armário branco, encimado por um espelho e uma prateleira onde pontificavam alguns objectos de higiene pessoal, e num canto, um cortinado de riscas coloridas, servia para ocultar o chuveiro.
- Foi construído pouco antes da morte da avó. Como vê a casa tem mais de cem anos, e nessa altura, uma casa de banho era um luxo que poucas casas tinham. Quando herdei a casa podia fazer obras, mas venho aqui muito raramente, quase sempre nesta altura do ano, porque a luminosidade e os tons são mais belos nesta época.
A jovem fez um movimento de assentimento com a cabeça, mas não pronunciou uma palavra, sabe-se lá perdida em que labirintos interiores.
O homem abriu a outra porta e deixou à mostra duas grandes arcas.
-Contém o “enxoval” da avó. Toalhas, lençóis e outras coisas da casa. As roupas de vestir,  doei tudo para um lar, depois da sua morte. Também não creio que alguma coisa lhe servisse – disse sorrindo.
A jovem continuava aparentemente ausente, e o homem interrogou-se sobre se seria capaz de levar a cabo, o que se tinha proposto, quando resolveu acolher a jovem.
- Agora que já conhece a casa, fique à vontade, eu vou comprar alguma coisa para o nosso almoço. Não quero deixá-la fechada, por isso prometa-me que vai esperar por mim.
A jovem não respondeu.
Miguel aproximou-se, e levantando-lhe o queixo, forçou-a a olhar para ele.
- Promete que me espera, enquanto eu vou comprar o nosso almoço?
Posso confiar em si?
A jovem olhou-o com os olhos rasos de água e fez um movimento de assentimento com a cabeça.
Sentindo um nó na garganta, Miguel pegou nas chaves e na carteira e saiu batendo a porta, como se quisesse com esse gesto, afastar a emoção que teimava em assalta-lo.


12 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Relembro que estou de férias e sem pc. Peço desculpa pela ausência.
Abraço

noname disse...

Esta história está impregnada de emoção :)

Bom dia Rlvira
Boas férias

chica disse...

Acompanhando e gostando! Emoções pela frente! bjs, chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante e emocionante.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Mesmo emocionante !!
JAFR

Larissa Santos disse...

Está a ficar muito bom.. Vamos a ver até quando a jovem se mantêm assim...

Hoje: Embriaguez de um macio vinho

Bjos
Votos de uma óptima Sexta-Feira-

Cidália Ferreira disse...

Essa mala também me levou à minha infância! Esperemos que se faça luz na cabeça da jovem!!


Beijo e um bom fim de semana!

Edum@nes disse...

Quando ela falar irá dizer o que a levou para aquele lugar. Penso eu!

Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.

lis disse...

Li os capitulos anteriores e aguardo com ansiedade o que a moça vai aprontar rs
Obrigada pela atenção e a espera por mim,sempre me acolhendo com palavras e carinho.
A perda de um familiar doí muito e ficamos sem chão por muito tempo.
Um abraço Elvira

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Acompanhando a história e ansiosa pelas fortes emoções!
Beijos!

Os olhares da Gracinha! disse...

O sentimento e a emoção a tomar conta deles!bj

Rosemildo Sales Furtado disse...

Pelos cinco capítulos que li, a história/estória promete muitas emoções.

Abraços,

Furtado