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25.6.18

O DIREITO À VERDADE - VI





Alberto Fontes, chegou a casa da sobrinha, passavam exatamente vinte minutos do meio-dia.
Vestia umas calças de ganga e uma camisa preta, cor que nunca mais deixou de usar, desde que meses atrás perdera o seu único filho, num desastre de mota.
Lena que já tinha posto a mesa para os dois, abriu-lhe a porta, recebeu o beijo do tio, e os recipientes com a comida, e encaminhou-se para a cozinha, dizendo-lhe:
-Vai para sala. Vou empratar a comida e já lá vou ter. O vinho, podes levar para a mesa. Já levo o saca-rolhas.
Partiu o frango assado, em vários bocados.  Colocou numa travessa, o arroz de legumes, colocou o frango assado por cima, e temperou a salada de tomate e alface, que previamente fizera.
Com a travessa numa das mãos e a saladeira na outra, dirigiu-se à sala, onde o tio sentado num sofá, lia uma revista já com duas ou três semanas.
- Calculei que trouxesses frango, e fiz uma salada para acompanhar, - disse colocando os recipientes sobre a mesa.  E acrescentou:
- Vamos almoçar, conversaremos depois.
Esperou que o tio se sentasse à mesa e disse-lhe:
-Vai-te servindo, esqueci-me de trazer o saca-rolhas. Vou buscá-lo.
Almoçaram conversando sobre assuntos diversos sem contudo tocar no tema que os juntara ali naquele dia. A certa altura, o tio disse:
- Estive a pensar que é muito importante, que termines os estudos. Tenho algum dinheiro guardado, que fui juntando para dar ao teu primo quando ele se casasse. Posso pagar as tuas despesas até terminares o curso.
- De modo nenhum. Guarda o teu dinheiro, a idade avança e não podes prever o que ainda vais precisar. Voltarei ao Curso quando a vida me proporcionar meios para isso.
E mudando de assunto perguntou:
- Não comes mais?
-Não. Já comi mais do que habitualmente.
- Vou buscar a sobremesa, - disse levantando os pratos.
Foi à cozinha e regressou com duas taças de salada de fruta.
- Não sei se preferias um doce, mas sinceramente eu não sou muito apreciadora, prefiro a fruta, especialmente nesta altura do verão.
-Não te preocupes. Eu também prefiro fruta.
Comeram em silêncio, como se não tivessem assunto. A jovem preferia falar do que lhe interessava depois da refeição, o homem debatia-se com uma questão de ordem moral. Devia ele contar à sobrinha aquilo que tinha jurado à cunhada não contar? Por outro lado, se a cunhada não  destruíra as provas do seu passado, em todos aqueles anos, nem mesmo depois de estar doente, não seria porque ela queria que a filha soubesse a verdade, depois da sua morte?

19 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante minha amiga.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

António Querido disse...

O nosso amigo Francisco foi mais rápido, tirando-me o 1º lugar no pódio! Mas tamb. não faz mal é preciso que o nosso Ronaldo meta logo as duas bolas no início da festa!

Não perdendo esta novela que promete.

Aquele abraço.

Larissa Santos disse...

Bom dia. Tudo tem um propósito, às tantas foi mesmo para ela saber que não destruiu as provas. Adorei. :))

Bjos
Votos de uma óptima segunda - feira.

chica disse...

Os papos parecem querer esperar tempo pra entrar no papo de verdade,né? Lindo! bjs, chica

Edum@nes disse...

Como é que irá ele proceder? Manter o segredo ou quebrar o juramento. E contar à sobrinha tudo aquilo que sabe?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Não será penoso confessar à sobrinha, pois os "documentos são a prova de muita coisa" Amei!

Beijo e uma excelente semana

Os olhares da Gracinha! disse...

A conversa vai acontecer para a bem esclarecer!!!
bj

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Belíssimo texto, Elvira! A prosa está maravilhosa e o enredo também; caminhando em passos cautelosos para o suspense necessário à elucidação do destino e chegada. Parabéns! Grande abraço. Laerte.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um almoço em silêncio, ambos talvez sem saber como abordar o assunto.
Vamos ver o que nos dirá o próximo episódio.
Beijinhos,
Ailime

Tintinaine disse...

Vamos ver o que nos reserva o tio.
Não me parece que seja uma história muito cabeluda.
Amanhã veremos!

A Paixão da Isa disse...

Mt bonito este texto parabens bjs

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Elvira!
Torcendo pelo nosso amado Portugal e lendo seu conto no intervalo...
Creio que deveriam abrir o jogo! Em ritmo de COPA...
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Janita disse...

Ainda não foi desta que se levantou um pontinha do véu. Aguardemos!!
Saber esperar é uma grande virtude.

Estou em ânsias, esperando que o CR7 marque um golo, com o do Quaresma já poderíamos respirar mais aliviados.:)


Um abraço, boa semana.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Acho que o tio deve contar toda a verdade a Lena, afinal a história/estória também é dela. Estou gostando e aguardando.

Abraços,

Furtado

Rui disse...

Estamos num momento crucial da estória !!!
E se é certo que o Alberto tinha jurado segredo, também é verdade que após a morte da mãe da Lena e as descobertas feitas por esta, o tio deverá sentir-se livre para revelar a verdade.

Será que o tio terá qualquer coisa de "activo" na história de vida da Lena ?... Palpita-me que possa ter. Aguardemos o próximo capítulo, que poderá não ser ainda totalmente revelador ! (?)...

:) Abraço

O meu pensamento viaja disse...

Um belo texto.
Boa semana.
Beijinhos

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Muito interessante essa história e seus segredos, mistérios que nos prende.
Beijos!

Cantinho da Gaiata disse...

Um segredo que vamos ter que saber.
Estou a gostar, apesar de agora estar com menos tempo para vir até aqui.
Bjs

Smareis disse...

Eu acho que o tio vai lhe contar uma meia verdade.
Vamos ver os próximos.
Bjs!