Organizar documentos, marcar dia e hora no Registo Predial, para a alteração da propriedade, preparar o documento de doação que ia dividir a propriedade, além do julgamento que tinha marcado para quinta-feira, o primeiro que Pedro tinha de enfrentar, mas que a levaria a acompanhá-lo pois o colega estava ainda muito "verde", e o advogado oponente era raposa velha,e defendia um homem que pretendia tirar os filhos à sua cliente, alegando que ela não era competente para tratar deles, quando o que pretendia, era não ter que lhe dar parte do património do casal, sem se preocupar com o bem estar das crianças. É verdade que a sua cliente andara menos bem, sofrera um descontrolo hormonal, após o parto do segundo filho, e caira num estado pré depressivo, conforme declaração médica. Mas o problema já fora detetado, a sua cliente fora medicada, e com o correto tratamento, em breve estaria completamente curada. Não se justificava tal causa, para tirar-lhe os filhos. Por tudo isto, Amélia não voltara a ver Paulo desde segunda-feira, quando ele se deslocou ao escritório com os documentos da herdade, e as instruções para a doação. Verdade que falavam todas as noites ao telefone, mas ainda que ele insistisse em se encontrarem à noite ela alegava sempre estar cansada e ter que estudar aquela defesa, pelo que acabara por lhe pedir paciência até sexta-feira, o dia seguinte ao julgamento, que ela teria livre, para assistir à festa de encerramento do segundo período na escola do filho. Aquele tempo “morto”, não era o que Paulo desejava na relação, que mal principiara. O que ele queria era poder estar com ela, apertá-la nos seus braços e dar livre curso à paixão que sentia. Porém ele conhecia um pouco da alma feminina. Sabia que Amélia sentia por ele um certo carinho, talvez por ver como ele tratava Martim, e sabia também que despertara nela o desejo físico por ele. Mas queria mais do que isso. Queria que ela o amasse de tal modo que esquecesse o falecido, a traição, todo o passado. Bom, todo o passado não seria possível, graças a Martim. Mas Martim era um caso à parte. Ele amava aquele miúdo. Certo que ele sempre gostara de crianças. Talvez que a sua alma sensível de artista, fosse um pouco poética. Mas a verdade, é que ele sempre pensara que as crianças, são as flores com que a vida, quis alegrar a humanidade. Numa competição com a natureza, que criou as flores para alegrar os nossos olhos, a vida criou as crianças para nos alegrar o coração. Daí o seu amor por elas, que não raras vezes, eram a sua fonte de inspiração. Mas com Martim, esse amor surgiu mais forte. mais avassalador. Talvez porque o menino lhe fazia lembrar, dele próprio naquela idade. Não, Martim nunca seria um problema entre eles. Ele seria sempre o seu filho mais velho, tão amado como os outros que eventualmente viesse a ter. Sentia-o assim no coração.
Paulo sabia que se pressionasse Amélia, o medo que a
afastou de uma vida normal depois da traição do marido, e que começava a
desaparecer do seu coração, podia voltar. Para controlar a sua ansiedade,
dedicava parte dos serões a pintar. No cavalete por acabar, podia ver-se uma
mulher loira
acompanhada de um garoto moreno, numa estrada deserta, junto de um
automóvel parado.
Na mesa, um bloco com vários esboços, onde não era
difícil reconhecer Martim, em cima de uma moto, sentado junto do rio, correndo
com Rex, brincando com os filhos de Alfredo. Vendo-os, percebia-se que Martim
exercia sobre Paulo, um verdadeiro fascínio.
Para quem tem andado comigo por Alcobaça AQUI está a última parte do Mosteiro
22 comentários:
Muito bem está lido mais um capítulo, venha o próximo!
Aquele abraço.
Pondera-se para não errar! bj
Estou gostando muito de acompanhar...beijos, linda semana,chica
Cada vez gosto mais!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Estou num frenesim kkkkkkkkkk
Hoje:- {poetizando e encantando} Arrepios de um luar encantado
.
Bjos
Votos de uma óptima noite
E a técnica narrativa da Elvira vem-se aprimorando! Parabéns!
Quanto a este íman afetivo entre o menino e Paulo, adivinha-se que a nossa narradora nos prepara para a revelação da sua paternidade.
Bjinho, Elvira
Mais um excelente capítulo.
Mas amiga Elvira, quando entra o irmão da Amélia? Não era amigo de Paulo? Ou estou baralhada, é que aí vamos ter pano para mangas.
Beijinho grande
Aqui estou de volta. Hoje é um dia a mais do que ontem. Entre a Amélia e Paulo. Voltarei para ler o próxima capítulo!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Que capitulo maravilhoso. Confesso-me em pulgas para saber o desfeche, loool Amei
NEXT
Beijos e uma noite feliz
Mais um capitulo fantastico
bjs
Kique
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/
Este foi um capítulo muito interessante, pois para além da certeza do afecto que já liga Paulo ao filho, qual voz do sangue que fala sempre mais alto, foi abordado um tema, infelizmente, muito actual nos nossos dias: a disputa da guarda dos filhos. Por vezes, não olhando a meios para alcançar os fins e as crianças são quem mais sofre.
Gostei muito de ler.
Um abraço e cá fico à espera de mais.
Já a aguardar o próximo capítulo .-)
Boa noite
Um pai sente que o é.
Abraço
Siempre me fascina, amiga Elvira, tu amplia imaginación y humanidad.
Cariños australes.
bom dia
lindo capitulo este.
que grande imaginação.
JAFR
Ontem passei por aqui, li e não comentei, por isso venho agora pagar a dívida.
O apaixonado tem que ter calma que o peixe já está preso no anzol e não foge.
Estou a gostar da história.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Elvira, admiro a sua produtividade! Bravo! Bj
...as crianças, são as flores com que a vida, quis alegrar a humanidade.
Que bonito isso!
Boa semana.
Estou muito curiosa para saber se algum dia descobre que o Martim é filho dele...
Acompanhando com muitíssimo agrado.
O que se sucedera?
Beijinhos,
Ailime
Acompanhando com muito prazer mais esse episódio.
Beijos carinhosos!
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