A morte de Afonso, ocorrera há seis meses. Para Amélia, o que se tinha passado naquele dia e seguintes estava muito confuso na sua memória. Sabia que a acompanhante do marido, não era a sua secretária, mas não sabia quem era, nem o que fazia com o marido. Se era uma amiga, uma cliente, ou algo mais. E não procurou saber. Esteve sempre acompanhada pelo irmão, e se ele se inteirou de algo, não lho disse.
Uma semana depois, quando discutia com os sogros, o rumo
a dar à empresa, que o marido geria, desde que o sogro se retirara dos
negócios, Amélia sentiu-se mal, e levada pelo sogro para
o hospital, o médico informou-a de que acabara de ter um aborto espontâneo. O
bebé que ela esperava ser a sua companhia e a sua força para tocar a vida para
a frente deixara de existir. Tinha apenas oito semanas de vida, e o médico
disse-lhe que o aborto espontâneo era muito comum nas primeiras doze semanas.
Foi um choque em cima de outro e Amélia quase caiu em
depressão. Valeu-lhe o carinho do irmão, e a amizade dos colegas.
A empresa voltou para os sogros, com quem já não se
encontrava há mais de três meses. A sogra não se conformava com a morte do
filho, e cada vez que estavam juntas, Amélia ficava com a sensação de que
secretamente a sogra a culpava pela morte do filho.
Agora, passados seis meses, finalmente, encontrou coragem
para abrir a caixa que a secretária do marido lhe tinha enviado com as coisas
dele que estavam no escritório, logo após a sua morte.
As roupas dele, já ela as doara, para uma instituição de
solidariedade social. Agora tinha que verificar a caixa, e ver o que nela havia
além do computador do marido.
Pôs o portátil de lado, e pegou na moldura de prata, que
ela lhe oferecera logo após o casamento, com a sua fotografia. Olhou a sua
imagem e pensou como era possível uma tão grande reviravolta na sua vida, em
pouco mais de dois anos. Poisou-a no chão a seu lado e pegou num envelope
grande castanho. Pela grossura, deveria conter um livro ou um bloco. Virou-o,
e não conseguiu abafar um grito ao ver um monte de fotos que se espalhavam à
sua volta. Eram fotos de uma mulher jovem, morena, de grande beleza. Sozinha, ou
acompanhada de Afonso, em atitudes que revelavam uma grande intimidade. Sentiu
um aperto no peito, ao reparar no enlevo com que o marido, olhava para a jovem.
Ela não se recordava de ver igual atitude no marido a não
ser durante a lua-de-mel.
Ali estava a prova da traição de Afonso. Não teve dúvidas
de que aquela, seria a acompanhante do marido, naquele dia fatal. Guardou as
fotos de novo no envelope, e levantando-se guardou aquele na gaveta da
secretária. Ia ficar com elas, para lhe recordar sempre, a falsidade masculina, e a livrarem de novas tentações.
Colocou a moldura e o portátil em cima desta, e continuou
a observar os restantes papéis, coisas sem importância que rasgou e deitou no
lixo.
21 comentários:
bom dia
infelizmente muitas traições de casais só vêm a ser conhecidas muito depois de serem consumadas , mas a historia ainda está a começar e podemos estar a fazer algum juízo errado .
JAFR
Puxa,QUE ACHADO esse! Imagino a raiva e dor! Mas vamos aguardar...beijos praianos,chica
Normalmente as traições deixam sempre um fio quase transparente, mas que dá para puxar e ver o fim e a nossa PJ que o diga!
O dr. Google já me levou à feira do borrego "gordo"! Desconhecia mas achei muita piada, para o ano vou à F***.
Abraço
Que achado bem perturbador!!!
bj
Obrigada pelo comentário, Elvira.
Bom fim de semana. Beijinhos
Que estória triste e desgostosa. Que, é tão comum, mas em segredo. Gostei tanto que voltarei.
Beijo. Bom fim de semana.
Prefiro não arriscar nenhum palpite!
Esperando para ver se a coisa é assim tão linear. Duvido, a Elvira é mestra em esconder a verdade em pequenos nadas comprometedores :-)
E a saúde, continua a melhorar?
Beijinho
Beijoca grande! Bom fim de semana!
Mais uma bela história para acompanhar.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Que momentos dolorosos ela está vivendo! Primeiro a morte do marido acompanhado de outra, supostamente, uma amante, segundo, o aborto espontâneo, oriundo dessas emoções profundas e dolorosas e por último, esses achados com fotos que explicitam a traição, meu Deus, coitada! Mas estou adorando a história! Na realidade, constantemente, acontece esses fatos.
Beijos carinhosos!
Quando a lama se transforma em pó,
sobre o qual o vento passa soprando
ele não se contentava como uma só
às escondidas outra estava amando!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Boa noite Elvira,
História muito interessante!
A vida tem destas coisas...
Vamos ver o seguimento.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime
São situações algo frequentes, mas é certo que geralmente entrepetam-se assim.
Como te expressas e como engranas as situações!
Como já disse uma ocasião a Corin Tellado portuguesa, pela facilidade com que escreves e pelo bem que argumentas.
Corín Tellado - Wikipedia, la enciclopedia libre
Quando ao titulo, ainda que não conheço o desarrolho da novela bem podia ser: INGRATIDÃO.
Muitos beijinhos da turma de Cultura Portuguesa.
Um grande abraço nosso
Pronto...lá vai a nossa Amélia ficar revoltada, com aversão a tudo o que seja homem, e sem capacidade de tentar voltar a ser feliz...sem sequer ter certeza de quem era a jovem.
Fico a aguardar, isto é presunção de leitora de romances vários...
Um abraço, bom fds
Como eu tinha disto atrás, um verdadeiro murro no estômago. Espero o final, mas espero que ela vá ser feliz :))
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Do Gil António, que se encontra doente, motivo porque não vos visita. Pedimos a compreensão: Hoje:- Luz no teu quarto ...Tentação do meu olhar
.
Bjos
Resto de uma boa noite
Já estou á espera do proximo capitulo...
Bjs
Kique
http://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt
Querida Elvira, uma história que da vontade de continuarmos a ler, apesar de ser triste e ter a traição no contexto. Esperando o final amiga e que ela seja feliz. Grata pela visita, seja sempre bem vinda! Abraços, fica na paz de Deus.
Xiiii, como se não chegasse já o que ela passou nos últimos meses...
É um cortar de pernas, uma traição que nunca pode ser debatida.
Vai ficar a revolta sempre em sua mente.
Espero que a amiga Elvira vá dar uma reviravolta nesta historia e a mesma ainda nos vá alegrar a alma.
Beijinho grande.
Oi querida,
A traição nunca se esquece, é como um cancro que nos leva a "solidão" e a "morte" dos sentimentos. Não se acredita mais em ninguém.
Mas, temo que viver e a solidão, ninguém merece.
Beijos
Lua Singular
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