Paulo levantou-se cedo. Tomou um duche, e foi até à cozinha onde começou a preparar o pequeno-almoço. Tinha chegado na véspera já bem tarde, à quinta, onde em pequeno tanta vez brincara, nas longas férias da escola. De toda a sua infância, aqueles eram os únicos tempos de que sentia saudades. Dos passeios pela margem do rio, com Alfredo, o filho do caseiro. Pouco mais velho que Paulo, foi seu companheiro de brincadeiras e de pesca, quando Casimiro, o pai, decidia ir com os dois à pesca no rio Nabão. Também se lembrava bem dos doces, que Augusta, a mulher do caseiro lhes fazia. Os anos passaram, eles cresceram, e enquanto Paulo ia para a Universidade, Alfredo, terminado o secundário, ficou a trabalhar na quinta com o pai. Um dia, num bailarico em Alvaiázere, conheceu uma moçoila da freguesia de Lagarteira, por quem se apaixonou. Mais tarde, quando o pai faleceu, Alfredo assumiu com naturalidade o lugar de caseiro. Paulo não ia à quinta desde que Alfredo casara há uns quinze anos atrás. Mas quando chegara na véspera, fora recebido com o mesmo carinho de sempre, especialmente pela velha Augusta, que se emocionou até às lágrimas ao abraçar o “seu menino”
- Bom dia, - saudou Alfredo ao entrar na cozinha, com a
sua mulher. Não perdeste o hábito de te levantares cedo.
-Dormir num sítio com este é uma perda de tempo. Ainda há
cavalos na quinta?
- Claro. O teu tio adorava-os e são ótimos para percorrer
a herdade. Não sei se tens conhecimento, mas isto já não é uma simples quinta. O
teu tio foi comprando terrenos, sempre que alguém queria vender e hoje é uma
das maiores herdades da zona. Temos zonas de cultivo e de pastoreio. E um bom
rebanho.
- Não sei para que queria tantas terras, tanta riqueza.
Levou uma vida de escravo sempre a trabalhar, sempre a amealhar, nunca amou,
nunca viveu verdadeiramente.
- Não sabemos se nunca amou. Se calhar tentou esquecer no trabalho um amor impossível.
- Que queres dizer com isso? Nunca lhe conheci nenhum interesse amoroso.
- Uma vez, meu pai disse que a mulher que ele amou mais do que a si próprio, tinha escolhido o irmão.
- Que queres dizer com isso? Nunca lhe conheci nenhum interesse amoroso.
- Uma vez, meu pai disse que a mulher que ele amou mais do que a si próprio, tinha escolhido o irmão.
- A minha mãe? – Perguntou surpreendido.
- Não sei. Mas pode ter sido por isso que ele tenha
tomado conta de ti e tenha lutado para fazer de ti um homem muito rico. Sabes que confessou
à minha mãe, que o maior desgosto que tinha, era de morrer, sem te deixar
casado e com filhos?
Tinham acabado a refeição.
- Selo dois cavalos e vens comigo? – Perguntou Alfredo no
momento em que a sua mãe entrava na cozinha com os dois netos.
- São os teus filhos? – Perguntou Paulo, olhando para os
dois rapazinhos.
- São. António tem onze anos, está no sexto ano, e Paulo
com oito está no terceiro. Matilde, só tem três anos e ainda dorme até tarde.
- Parabéns. São muito bonitos. Vamos lá então ver como
está a propriedade.
17 comentários:
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Estou apaixonada pela história, muito bonita mesmo, já estou imaginando os seguintes episódios.
Beijinho e uma boa sexta feira.
Acompanhando e me encantando sempre com a leitura!Esperando mais! bjs, chica
Está a ficar muito interessante.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Terrenos, animais, adoro isso, mas nunca tive nenhuma herdade com mais de 5 hectares!
BOM FIM DE SEMANA COMO MEU ABRAÇO.
bom dia
nova paragem do comboio agora no centro do país .
onde será o fim da viagem ?
JAFR
Isto promete :-)
Beijinho
Entretanto desenvolvem-se novos rumos :)
humm tão curiosa pelo final!! :)
Beijos. Bom fim de semana.
Olá, Elvira!
Gostando da história. Aguardemos os pontos altos da história.
Grande abraço.
Uma trama cheia de segredos.
bjokas =)
Olá, Elvira
Chego e encontro este conto já bastante adiantado. Adorei este capítulo. Vou ver se consigo acompanhar a história.
Beijinhos
Olinda
Acontecem desgostos na vida das pessoas. Como dizem que esse homem nunca amou. A sua amada é que pelo seu irmão o trocou!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Em vez de tentar imaginar o que se segue, prometo voltar para seguir mais este conto.
Abraço do Zé
Gosto dos contornos que a história está a tomar.
Novas personagens ampliam o interesse do leitor.
Muito bom!
Um abraço, bom fim de semana.
Olá Elvira , hoje li todos os capítulos de uma só vez, a história está ótima.
beijinhos, Léah
Maravilhosa de se ler, estou amando!
Abraços!
Regressei para retomar a meada da história e estou a ver que tenho muito para pôr em dia. Sigo para o próximo episódio
Beijinho
Ruthia d'O Berço do Mundo
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