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1.1.17

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE I




 - Outra vez não, Ana. Não vou admiti-lo.
- Não podes impedir-me. É a minha vida, sou eu quem decido.
A calma da jovem contrastava com a irritação do rosto masculino. Levantou-se, tentando sair do escritório. Irritado Afonso esticou o braço e segurou-a.
- Senta-te! – Ordenou com aspereza. Ainda não acabei.
Contrariada, a jovem deixou-se cair na cadeira. Loira, de olhos claros, quase do tom do mel. Nariz pequeno, boca bem desenhada.
Alta, o corpo bem proporcionado. Era muito bonita. 
- Ana é a terceira vez que terminas um noivado. A primeira vez, relevei, não me agradava nada aquele namoro, não queria sequer  pensar na hipótese de algo sério. Tinhas apenas dezoito anos, eras demasiado jovem, tinha medo que sofresses. Na verdade devo confessar que senti um certo alívio quando terminaste com aquele disparate. Depois tinhas vinte e dois anos quando terminaste o segundo. Já eras adulta, tinhas terminado o curso, estagiavas no meu escritório. 
Fez uma pausa e olhou para a jovem. Esta cruzou as suas longas pernas, encobertas com umas justas calças pretas e mostrou um gesto de enfado.
-Lembro-me bem. Passaste-me um sermão, fizeste-me sentir tão culpada que chorei, - a sua voz bem modulada, saía calma e determinada.
- E tu prometeste que não voltaria a acontecer. Há dois meses estavas entusiasmada com o Paulo, e disseste-nos que ias anunciar o noivado na data das nossas bodas de prata. Faltam poucos dias para a festa e vens dizer-me que acabaste tudo? Que já não vai haver noivado nem casamento? A tua mãe já sabe?
- Vou falar com ela, assim que me libertes – respondeu a jovem. E acrescentou.
- Olha, vê as coisas por este prisma. Preferias que me casasse e dois ou três meses depois entrasse com um pedido de divórcio?
- É claro que não. Quero a tua felicidade
- Então? – Perguntou encarando-o
-Quantos anos tens, Ana?
- Que pergunta, pai. Sabes que fiz vinte e sete em Maio.
-Sei. Queria saber se tens noção da tua idade. Repara nos teus irmãos. Estão casados, têm filhos, a sua própria família. Até a Matilde, que é a mais nova já está de casamento marcado. 
- O Simão está solteiro e não te preocupas…
- É diferente.
- Diferente? Diferente porquê? Porque ele é homem? Agora fazes descriminação? Não te conhecia essa faceta. – Disse irritada
- Cala-te. Fazes-me perder a paciência. Sabes que não é assim. Mas tens que admitir que a natureza foi mais pródiga para o homem do que para a mulher, em determinados aspetos. Um homem pode casar-se muito tarde e ainda assim constituir família, ter filhos. A mulher não o poderá fazer.
A jovem levantou-se.
-Desculpa. Penso que me excedi. Mas irrita-me, que sempre que saio com alguém, comeces logo a falar em casamento.
- Mas… foste tu que dissestes que ias anunciar a data do casamento na festa. Palavra que não te entendo,
- Não te preocupes. Às vezes nem eu própria me entendo.
- E dizendo isto a jovem levou a ponta dos dedos à boca, atirou um beijo ao pai, e saiu fechando a porta atrás de si…

                                        
Ora bem, Ano Novo, o Sexta voltou à velha forma. Ou seja às minhas histórias. Esta que inicio hoje tem uma particularidade que espero que os meus atentos leitores descubram rapidamente.

21 comentários:

António Querido disse...

Vou esperar pelos próximos capítulos, mas acho que essa jovem quer dar tempo para conhecer melhor o futuro companheiro para a sua vida! Mas é só uma suposição.
Boa continuação e inspiração para 2017.
Fique com o meu primeiro abraço do Novo Ano que hoje se inicia.

Prata da casa disse...

Feliz ano de 2017.
Virei cá acompanhar a história,mas ainda é cedo para poder dar palpites. :)
Bjn
Márcia

aluap disse...

Este conto será uma forma de ver como eram os costumes n'outro tempo? de olhar momentos de um tempo passado que não são hoje vistos assim?
Acompanharei.
Beijinhos e tudo de bom.

luisa disse...

Um 2017 inspirado! :)

Maria do Mundo disse...

Pois aos 27 anos deixei eu um namoro de 11...e estou bem casada e com filhos...este pai é muito antiquado!!!

Tintinaine disse...

Cheira a romance! Venha ele que tem aqui um cliente para esse tipo de leituras.
E que o Ano Novo comece da melhor maneira!

Mona Lisa disse...

Passei para lhe agradecer os votos de um Bom Ano 2017.

Beijinhos.

Cadinho RoCo disse...

Interessante. Desejo feliz 2017 e vontade de acompanhar suas publicações.
Cadinho RoCo

Rui disse...

A coisa promete, Elvira ! :) ... Esperemos pelos próximos capítulos ! :))

Abraço ! :)

Edum@nes disse...

Se a vida é dela,
faz com ela o que entender
para bem viver com ela
e se possível nela não sofrer!

Continuação de bom ano amiga Elvira.

Janita disse...

E recomeça bem, Elvira. Gosto destes seus contos de amor e agora, ainda irei ficar mais atenta para descobrir qual a particularidade a que faz referência.
Tenha um excelente 2017, com Saúde e alegria e muita inspiração.

Um abraço.

Gaja Maria disse...

Feliz Ano Novo Elvira, mais uma história fantástica com certeza. Abraço

esteban lob disse...

La historia insinúa un gran futuro Elvira.
Sabes crear muy bien la expectación.

Qué tengas un feliz 2017.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Uma bela história para começar o ano em beleza.
Um abraço e Bom Ano.
Andarilhar

chica disse...

Elvira, vim deixar um beijo! Linda semana e não posso acompanhar esse conto por enquanto,pois temos despedida do filho e depois seguiremos pra praia, para descanso! bjs, INTÉ! chica

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

ELvira

isto promete ....

_Beijo


:)

Lua Singular disse...

Oi querida Elvira,
Na minha opinião, os pais não deveriam se meter nas escolhas dos filhos.
Eu não queria casar. Só casei para morar numa metrópole.
Acabei gostando, que o marido morreu e ainda casei com um "garanhão".
As coisas têm que acontecer naturalmente.
A minha cirurgia hoje está uma bola, a sensação térmica aqui é de 40º.
Já vou pro quarto, levanto as pernas, ligo o ar e, como sou boa de cama: durmo bastante.kkk
Beijos
Lua Singular

Socorro Melo disse...


Olá, Elvira!

Que bom que o Sexta Feira já nos brinda com uma história de amor, no início deste novo ano. Empolgada pra acompanhar essa história.Vamos lá!

Grande abraço
Socorro Melo

maria disse...

Que bom... já tinha saudades!!!

Anónimo disse...

Bom dia Elvira, vim conhecer seu trabalho, gostei do conto, li apenas a primeira parte, essa coisa dos pais que interferem no relacionamento ao nmeu ver só atrapalha. Voltarei para acompanhar.

Prazer em ter estado aqui.Estou seguindo seu blog.

Abraços!

Roselia Bezerra disse...

Boa noite querida Elvira!
Que bonita maneira de descrever detalhes!
Estou curiosa com a série...
Bjm muito fraterno