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20.11.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XXXI









Afonso foi até ele. Dobrando os joelhos para ficar à altura da criança, perguntou:
-Estás triste? O Pai Natal enganou-se no presente?
-Não. Estou confuso.
- Queres dizer-me o que te faz confusão?
- Um menino na escola disse-me que não há Pai Natal. Que os presentes são os pais que os dão. No entanto tu estiveste sempre aqui. E o Pai Natal veio trazer os presentes. Tento perceber onde está a verdade.
Desde o primeiro momento, Afonso considerara Simão um menino muito especial.  Era muito precoce no entendimento das coisas, muito responsável, ele diria até que demais para a sua idade.
- Queres saber a verdade? E depois guardas segredo?
- Claro.
Afonso falou-lhe então, da lenda do Pai Natal. Disse-lhe que os irmãos acreditavam na sua existência e eram felizes com isso. Mas a verdade é que eram sim os pais que compravam os presentes. Depois pediam a alguém de confiança, que se vestisse de Pai Natal e fosse entrega-los naquela noite. Mas agora ele tinha que guardar segredo. Um dia quando os irmãos fossem maiores também iam descobrir a verdade. Mas por enquanto iam ficar muito desiludidos se perdessem aquela magia.
O menino sorriu feliz.
- Fica descansado. Sei guardar um segredo. E sabes uma coisa? Gosto muito de ti. 
-Também gosto muito de ti, filho – respondeu emocionado, abraçando o menino.
Por fim a noite chegou ao fim, as crianças recolheram aos quartos.
Mariana e Matilde, as gémeas, ficaram na cama de Ana, e esta foi dormir com a irmã. Os adultos trocaram então os presentes, com os pais de Francisca a retiraram-se logo a seguir, pois estavam habituados a dormir cedo. Na sala, Afonso conversava com o cunhado, e Graça aproveitou a ida de Francisca à cozinha, para a seguir.
- Ainda não tive oportunidade de falar contigo. Vejo que vocês se entenderam. Há muito tempo?
-Há dois dias.
-Por isso esse ar atarantado dos dois. Estão em lua-de-mel.
-Oh! Nota-se assim tanto? - Perguntou corando.
- Como não? – Vocês devoram-se com os olhos.
- Meu Deus que vergonha!
- Não sejas tonta, amar não é vergonha. Fico feliz por saber que vocês o são. Merecem-no bem. Estava preocupada convosco. Era evidente para mim que vocês estavam apaixonados um pelo outro. Mas são tão teimosos que temia, nunca viessem a reconhecê-lo.  



13 comentários:

maria disse...

Pois, sendo o amor tão forte e Graça , uma mulher perspicaz, era dificil Afonso e Francisca continuarem a esconder!

Prata da casa disse...

Tal como se costuma dizer o amor é cego,mas os vizinhos não.
Bjn
Márcia

Rosemildo Sales Furtado disse...

Por que esconder, se o amor é o que existe de mais mundo no mundo?

Abraços,

Furtado.

Zé Povinho disse...

O empurrão resultou, agora é só deixar a natureza funcionar e manter a mesma atitude.
Abraço do Zé

Edum@nes disse...

Se o amor entre eles existe. Devem aceitá-lo e não escorraçá-lo de suas vidas.
Fui criado num monte, tinha uma chaminé. Nunca lá encontrei nenhum presente deixado pelo Pai Natal. Por isso é que eu nunca acreditei que ele existisse!

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Rogério G.V. Pereira disse...

Aos irmãos de Simão
espero que leiam este post

e espero que gostem, por inteiro
apesar do Pai de Natal ser um gajo porreiro

Odete Ferreira disse...

Parabéns, Elvira. Estou a gostar imenso da narrativa!!!
Bjinho :)

Pedro Coimbra disse...

Quando se ama não se resiste.
Boa semana

Tintinaine disse...

O Pai Natal é como muitas outras coisas (ilusões) que temos na vida, é bom enquanto dura.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar do andamento da historia.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar

Dorli Ramos disse...

Formou uma linda família.
Que sufoco esse amor, mas valeu a pena
Beijos
Minicontista2

esteban lob disse...

La creencia en Santa Claus, hace la felicidad y genera ilusión y alegría en los niños de un modo muy positivo. Romperles esa satisfacción antes de tiempo es un daño.

Cariños.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Oi Elvira! No meu comentário acima, leia-se:

Por que esconder, se o amor é o que existe de mais lindo no mundo?

Abraços,

Furtado