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17.11.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XXVIII



- Vem comigo ao escritório. Precisamos conversar.
Tinham acabado de adormecer as crianças. Já era tarde, e ela estava cansada. Mais do que isso, estava nervosa, inquieta. Há meses que descobrira o amor pelo marido. Desde então, tantas vezes se deixava levar pela imaginação sonhando com ele. Mas Afonso parecia não reparar nela. Com os filhos era amoroso. Francisca tinha-o surpreendido várias vezes emocionado com eles.
Mas com ela era diferente. Era gentil, educado, mas nada mais. Mas esta noite parecia diferente. Como se a parede invisível que parecia separá-los tivesse desaparecido.
Abriu-lhe a porta, e desviou-se para ela passar.
- Senta-te.
Indicou-lhe o sofá. Esperou que o fizesse, e sentou-se quase a seu lado.
- Faz hoje onze meses que entraste no meu escritório. Estavas nervosa como agora e pareceste-me muito tímida. Fiz-te uma proposta, aceitaste e pouco depois fazias parte das nossas vidas.
Remexeu-se inquieta. Porque lhe estava a contar aquilo que ela sabia bem demais? Com que finalidade relembrava agora aquele dia? Teria ela feito alguma coisa que não podia, segundo aquele malfadado contrato? Mas o quê? Se ao menos não tivesse rasgado a sua cópia, quando percebeu que se tinha apaixonado por ele.
Sem capacidade de lhe adivinhar os pensamentos, Afonso continuou:
-Tornaste-te rainha e senhora desta casa, por mérito próprio. Mas continuas a ser um mistério para mim. Sei que aceitaste a minha proposta por necessidade absoluta, a Graça falou-me qualquer coisa sobre isso. Gostava que me falasses de ti.
- De mim?
Espantou-se. Não acreditava que um advogado, entregasse a sua vida e a de suas filhas a uma mulher sem fazer uma investigação sobre ela. E tinha razão, Afonso tê-la-ia feito, não fora a total confiança que a irmã tinha na amiga.
- Sim. Tenho a certeza que a minha irmã te contou tudo sobre mim, o meu amor por Olga, e a minha dor quando a perdi. Mas a mim, só me disse que podia confiar em ti de olhos fechados. Solidariedade feminina.
De tudo o que Francisca ouviu, o seu coração apaixonado, reteve apenas a frase. " o meu amor por Olga".
Sentiu vontade de chorar. Tentando disfarçar a mágoa, fez o que ele lhe pedira. Falou de si. Contou do seu desgosto por não ter ido para a faculdade, da pressão dos pais para que se casasse com o filho dos amigos, da vida na cidade, do desastre financeiro do marido e do seu gesto cobarde, que a atirou a ela e aos filhos para uma vida de desespero e privação. Calou-se ao mesmo tempo que deixava escapar um soluço angustiado. 


Durante os próximos 6 dias estarei fora. Não sei se conseguirei visitar-vos.
Esta história continuará a sair, pois está programada. 
Se não for antes, até à volta.

14 comentários:

chica disse...

Foi uma boa conversa entre os dois... Necessária! Vamos esperando! bjs, chica

Isa Sá disse...

a passar por cá para acompanha a história e desejar um ótimo dia!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Anónimo disse...

Olha, eu, por mim, continuarei religiosamente a passar por aqui e a ler...

:)

Duarte disse...

Querida amiga, este "Estranho Contrato" está muito bem levado, com argumentos de peso e razões que são do dia a dia. Nota-se que es uma grande observadora do mundo que te rodeia e ademais sabes transportar à escrita essas notas de sentimentos e raiva que o mundo tem: felizmente tão só por vezes.
Estou a gustar muito. Até já o comentei na Aula de Cultura Portuguesa de Valência. Estão a seguirte!
Abraços de vida e boa viagem.

Bell disse...

Vamos aguardar tomara que o sentimento seja reciproco.

bjokas =)

Edum@nes disse...

Como já não falta muito tempo para o Natal. Se antes não acontecer? Se calhar é na noite consoada, depois da ceia, que Afonso e Francisca vão fazer a festa deles. é enquanto o Papai Noé, distribui os brinquedos pelas crianças?

Boa noite amiga Elvira, uma abraço,
Eduardo.

maria disse...

Afonso continua a agir muito com a razão, vamos ver quando é que ele passa a agir com o coração...!

Prata da casa disse...

Os dois já gostam muito um do outro, mas ainda não sabem o que o outro sente.
Bjn
Márcia

Ana disse...

Olá Elvira!

Muitas mulheres passam por isso: a pressão imposta pelos pais, que certamente só querem o melhor para os filhos mas acaba por ser uma fonte de infelicidade no futuro.

Abraço

Gaja Maria disse...

Até já Elvira :)

Tintinaine disse...

Venha de lá esse romance que os pombinhos já têm o ninho feito!

O meu pensamento viaja disse...

Aguardando o desenrolar da acção!
Beijinhos

Rosemildo Sales Furtado disse...

Acho que já está mais do que na hora de cada um dizer quem sou, o que sinto e o que quero. Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado

Dorli Ramos disse...

Uma boa conversa atinge a uma boa solução para todos. o Natal será maravilhoso, é o que sinto.
Beijos
Minicontista2