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23.6.16

MANEL DA LENHA - PARTE XCIII


                                                      Foto do jornal Público

Aflitos  sem saber mais onde procurar, dirigiram-se à polícia.
O agente que os atendeu perguntou se ele não teria ido para a praia. Estávamos em Maio, e o dia tinha estado muito quente. Os pais não acreditavam. O garoto nunca fora a lado nenhum sozinho. A mãe, levava-o à escola, e ia buscá-lo. O agente tomou nota do caso, depois de perguntar os sítios que a criança costumava frequentar. Iam tomar providências. Mandaram os pais para casa, o garoto podia ter chegado entretanto.  O casal dirigiu-se a casa, e no caminho encontraram um grupo de gaiatos, mais velhos do que o seu filho, que vinham da praia. E entre eles, lá vinha o Pedro. Os outros miúdos mais velhos, eram da 4ª Classe, saíram mais cedo e desafiaram o Pedro para ir com eles para a praia. E aproveitando uma distracção da contínua, que acorrera a levantar do chão, uma chorosa criança  mais pequena, o Pedro saiu e foi para a praia com eles. 
Escusado será dizer que esteve de castigo mais de uma semana. Pais, avô e padrinhos nunca mais iriam esquecer a aflição daquela tarde.  
Por esses dias, aparece nas bancas um novo semanário. O Independente com direcção de Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas.
A 25 de Agosto, nova tragédia atinge o País, desta vez no coração de Lisboa. O fogo devora o Chiado, em labaredas tão grandes que são visíveis na outra margem do Tejo.  Prédios e lojas, tudo fica reduzido a cinzas. Dois mortos e mais de quarenta feridos, além de vários prédios históricos destruídos, é o rescaldo do incêndio, que os lisboetas jamais esquecerão.
A reabilitação da zona, levaria cerca de 10 anos, mas as centenas de pessoas que perderam os seus empregos, e viram as suas vidas caírem no desespero, nunca foram ressarcidas.
Em Setembro começam os jogos olímpicos de Seul, que os portugueses seguiram na esperança de que a Rosa Mota trouxesse a medalha de ouro para Portugal. E ela não nos desiludiu. 
No dia em que Portugal comemora a implantação da República, um plebiscito no Chile, derrota Pinochet, e é o princípio do fim do ditador.
E a 14 desse mesmo mês, PS e PSD chegam a acordo para a revisão da Constituição.
Pouco antes do Natal, a família dispensa a empregada, que acompanhara a Gravelina nos últimos anos. Ela já faz a sua higiene sozinha, veste-se e calça-se. O marido faz as refeições, e para  a limpeza da casa, tem a mulher a dias que vem dois dias por semana. E se for necessário alguma coisa, os filhos dão uma ajuda. A despesa é muito grande, as reformas curtas, e se bem que é o filho quem paga o ordenado da empregada, eles não querem continuar a sobrecarregá-lo com esse encargo.  


18 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar esta bela história recheada de pormenores políticos da época.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar

chica disse...

Agora consegui acompanhar os últimos capítulos...Muito bom te ler sempre! Ótimo dia! bjs, tudo de bom,chica

Anete disse...

Elvira, imagino a aflição da família com o Pedro! Criança apronta cada uma...
Fiquei contente c a melhora grandiosa da Gravelina e c a união familiar...

Um abraço nesta 5a feira...

António Querido disse...

OLá, cá estou eu de passagem, tenho que ir ajudar os nossos amigos Ingleses a decidirem se ficam, ou se começam a navegar sozinhos!
O meu abraço.

Majo Dutra disse...

~~~
Gostei das boas noticias...
Abraço.
~~~

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, bem...é uma boa historia passados uns anos atrás, nem tudo ficou na memoria, assim a historia que bem partilha faz lembrar o que estava esquecido.
Resto de boa semana,
AG

Silenciosamente ouvindo... disse...

A sua narração de factos históricos do n/país
é mtº. boa. Através do que escreve estou a rever
momentos inesquecíveis do nosso país.
Bjs.
Irene Alves

O meu pensamento viaja disse...

De todos os episódios, tenho presente o brutal incêndio.
Beijo

Edum@nes disse...

O Pedro apareceu,
desapareceu a aflição
uma semana de castigo permaneceu
por se ter ausentado sem autorização!

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço
Eduardo.

Portuguesinha disse...

Foi para a praia!!!
Que malandrice.

Mas é bom sinal no sentido de que se as outras crianças o convidaram é porque o queriam por perto.

Muitas mudanças no país. E não foi no mesmo dia do incêndio no Chiado que faleceu Carlos Paião?

Adeus Cinderela...

esteban lob disse...

Como cada vez, Elvira, es una historia fácil de captar, que hace impregnarse a tus lectores de la esencia de cada uno de sus personajes, inmersos en las vivencias y el alma de Portugal.

Que tengas un buen viernes.

Odete Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Odete Ferreira disse...

Ola

Elisa disse...

E aqui voltamos nós à história!
Beijinhos

aluap disse...

Aquando do incêndio do Chiado eu ainda residia na aldeia e lembro-me que foi um dia muito quente também.
Ir para o rio (para a praia, no caso, do Pedro) sem os pais saber também eu fui, só tinha depois de "retirar os vestígios". Recordo na minha infância e adolescência grandes tardes passadas no rio, a nadar, brincar, conviver. Hoje há distância vejo o quanto perigoso era!

Beijo.

paideleo disse...

Os meniños sempre a dar sustos. Menos mal que todo queda niso.

Gaja Maria disse...

Ainda bem que tudo acabou bem com o gaiato. Estes miúdos pregam-nos com cada susto...
E esse fogo do Chiado foi horrível.
Beijinho Elvira

Odete Ferreira disse...

Imagino a aflição! Felizmente não passou de um grande susto!
Que espantosa recuperação a da Gravelina! De facto, nestas coisas, importa nunca desistir!
Dos factos relatados, relembro o do Chiado: íamos de férias para a zona de Setúbal (tenho uns tios que residem em Pinheiros de Azeitão, ficávamos aí alojados, percorríamos os arredores mas a praia de eleição era a Figueirinha) e, durante a viagem, acompanhamos o relato desta tragédia.
Muito bom acompanhar (-te) (n)esta saga.
Bjo