Foto do jornal Público
Aflitos sem saber mais onde procurar, dirigiram-se à polícia.
O agente que os atendeu perguntou se ele não teria ido para a praia. Estávamos em Maio, e o dia tinha estado muito quente. Os pais não acreditavam. O garoto nunca fora a lado nenhum sozinho. A mãe, levava-o à escola, e ia buscá-lo. O agente tomou nota do caso, depois de perguntar os sítios que a criança costumava frequentar. Iam tomar providências. Mandaram os pais para casa, o garoto podia ter chegado entretanto. O casal dirigiu-se a casa, e no caminho encontraram um grupo de gaiatos, mais velhos do que o seu filho, que vinham da praia. E entre eles, lá vinha o Pedro. Os outros miúdos mais velhos, eram da 4ª Classe, saíram mais cedo e desafiaram o Pedro para ir com eles para a praia. E aproveitando uma distracção da contínua, que acorrera a levantar do chão, uma chorosa criança mais pequena, o Pedro saiu e foi para a praia com eles.
Escusado será dizer que esteve de castigo mais de uma semana. Pais, avô e padrinhos nunca mais iriam esquecer a aflição daquela tarde.
Por esses dias, aparece nas bancas um novo semanário. O Independente com direcção de Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas.
A 25 de Agosto, nova tragédia atinge o País, desta vez no coração de Lisboa. O fogo devora o Chiado, em labaredas tão grandes que são visíveis na outra margem do Tejo. Prédios e lojas, tudo fica reduzido a cinzas. Dois mortos e mais de quarenta feridos, além de vários prédios históricos destruídos, é o rescaldo do incêndio, que os lisboetas jamais esquecerão.
Em Setembro começam os jogos olímpicos de Seul, que os portugueses seguiram na esperança de que a Rosa Mota trouxesse a medalha de ouro para Portugal. E ela não nos desiludiu.
No dia em que Portugal comemora a implantação da República, um plebiscito no Chile, derrota Pinochet, e é o princípio do fim do ditador.
E a 14 desse mesmo mês, PS e PSD chegam a acordo para a revisão da Constituição.
Pouco antes do Natal, a família dispensa a empregada, que acompanhara a Gravelina nos últimos anos. Ela já faz a sua higiene sozinha, veste-se e calça-se. O marido faz as refeições, e para a limpeza da casa, tem a mulher a dias que vem dois dias por semana. E se for necessário alguma coisa, os filhos dão uma ajuda. A despesa é muito grande, as reformas curtas, e se bem que é o filho quem paga o ordenado da empregada, eles não querem continuar a sobrecarregá-lo com esse encargo.
18 comentários:
Continuo a acompanhar esta bela história recheada de pormenores políticos da época.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Agora consegui acompanhar os últimos capítulos...Muito bom te ler sempre! Ótimo dia! bjs, tudo de bom,chica
Elvira, imagino a aflição da família com o Pedro! Criança apronta cada uma...
Fiquei contente c a melhora grandiosa da Gravelina e c a união familiar...
Um abraço nesta 5a feira...
OLá, cá estou eu de passagem, tenho que ir ajudar os nossos amigos Ingleses a decidirem se ficam, ou se começam a navegar sozinhos!
O meu abraço.
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Gostei das boas noticias...
Abraço.
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Boa tarde, bem...é uma boa historia passados uns anos atrás, nem tudo ficou na memoria, assim a historia que bem partilha faz lembrar o que estava esquecido.
Resto de boa semana,
AG
A sua narração de factos históricos do n/país
é mtº. boa. Através do que escreve estou a rever
momentos inesquecíveis do nosso país.
Bjs.
Irene Alves
De todos os episódios, tenho presente o brutal incêndio.
Beijo
O Pedro apareceu,
desapareceu a aflição
uma semana de castigo permaneceu
por se ter ausentado sem autorização!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço
Eduardo.
Foi para a praia!!!
Que malandrice.
Mas é bom sinal no sentido de que se as outras crianças o convidaram é porque o queriam por perto.
Muitas mudanças no país. E não foi no mesmo dia do incêndio no Chiado que faleceu Carlos Paião?
Adeus Cinderela...
Como cada vez, Elvira, es una historia fácil de captar, que hace impregnarse a tus lectores de la esencia de cada uno de sus personajes, inmersos en las vivencias y el alma de Portugal.
Que tengas un buen viernes.
Ola
E aqui voltamos nós à história!
Beijinhos
Aquando do incêndio do Chiado eu ainda residia na aldeia e lembro-me que foi um dia muito quente também.
Ir para o rio (para a praia, no caso, do Pedro) sem os pais saber também eu fui, só tinha depois de "retirar os vestígios". Recordo na minha infância e adolescência grandes tardes passadas no rio, a nadar, brincar, conviver. Hoje há distância vejo o quanto perigoso era!
Beijo.
Os meniños sempre a dar sustos. Menos mal que todo queda niso.
Ainda bem que tudo acabou bem com o gaiato. Estes miúdos pregam-nos com cada susto...
E esse fogo do Chiado foi horrível.
Beijinho Elvira
Imagino a aflição! Felizmente não passou de um grande susto!
Que espantosa recuperação a da Gravelina! De facto, nestas coisas, importa nunca desistir!
Dos factos relatados, relembro o do Chiado: íamos de férias para a zona de Setúbal (tenho uns tios que residem em Pinheiros de Azeitão, ficávamos aí alojados, percorríamos os arredores mas a praia de eleição era a Figueirinha) e, durante a viagem, acompanhamos o relato desta tragédia.
Muito bom acompanhar (-te) (n)esta saga.
Bjo
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