Seguidores

Mostrar mensagens com a etiqueta baloiço. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta baloiço. Mostrar todas as mensagens

2.7.19

UM PRESENTE INESPERADO - PARTE XXXVIII





A criança estendeu-lhe os braços com a boneca na mão dizendo:
- “Suana”
-Chama-se Susana a tua boneca?
-Sim.
- Depois explico-te - disse Isabel ao ver o marido franzir as sobrancelhas.
Ele aproximou-se e disse-lhe:
-Tens as torradas frias. Vai comer que eu acabo de lhe dar a papa.
- Depois faço outras, e comemos juntos, - respondeu. - Queres torradas, ou preferes filhoses.
- Torradas. Os doces, só à sobremesa, senão tenho de passar o resto do ano no ginásio, - disse sorrindo.
A menina acabara de comer. Isabel pôs o prato na mesa, limpou a boca da criança, tirou-lhe o babete, desapertou o cinto e ia tirá-la para a por no chão mas Ricardo apressou-se a pegar-lhe ao colo.
- O pai hoje ainda não ganhou um beijo da sua Princesa.
A menina deu-lhe um beijinho rápido, ansiosa para ir brincar. Ricardo fez-lhe a vontade. Depois foi à sala, trouxe o cavalinho de baloiço para a cozinha e ela apressou-se a montá-lo.
Ricardo sentou-se à mesa e encheu dois copos de sumo de laranja, enquanto Isabel punha manteiga nas novas torradas.
-Porque é que a boneca se chama Susana? – perguntou em voz baixa
- Parece que a amiguinha com quem brinca no parque se chama assim. E como é a única amiga que tem…
-Bom, por mim não tem importância, mas não te custa?
- Já não é tão doloroso. O tempo ensina-nos a viver com a recordação. Minha mãe sempre dizia, que quando Deus fecha uma porta, abre uma janela. Quero muito acreditar nisso.
-E a Matilde é essa janela?
-É.
- Está um dia lindo, depois do almoço, pudemos ir dar uma volta até Cascais ou Sintra, - disse Ricardo mudando de assunto. Gosto de ver o mar.
-Esqueces que temos convidados?- perguntou Isabel.
- E daí? Decerto eles vão gostar mais de passear do que ficar o dia inteiro em casa. Ou não te apetece sair?
-Claro que sim. Eu também gosto de ver o mar. Faz-me sentir em paz comigo e com o mundo, e até esquecer preocupações.
- O que te trás preocupada?
- A Natália. Já te disse, que ela tem sido como uma mãe para mim. Com o nosso casamento e a minha saída do prédio, fica muito só.
-A mim parece-me que não será por muito tempo. Ela e o Artur andam muito entusiasmados.
-É disso que tenho medo. Que por solidão, ela se envolva numa relação que a faça sofrer.
Tinham terminado o pequeno-almoço, e ambos se levantaram. Ela começou a tirar a loiça da mesa, e ele ligou a máquina do café.
-Parece-me minha querida, que te sentes fadada para carregar o mundo nas costas. A Natália e o Artur, são adultos, têm mais do que idade para saberem o que querem e o que fazem. Se tiverem que ser felizes, são, e se tiverem que sofrer, sofrem. Tu não podes fazer nada para o evitar, não tens qualquer interferência no destino deles. Por isso, põe um sorriso nesse rosto lindo e deixa de te preocupar - disse colocando as chávenas de café na mesa.
No chão, Matilde alheia à conversa dos adultos, saíra do cavalinho para embalar nele os seus amiguinhos “Bias “ e “Suana”.


O meu pc foi hoje para a oficina, mas o técnico diz que só quarta feira me dirá se vale a pena ou não arranjar, pois se a avaria for grande o melhor será comprar um novo já que aquele já é muito velhinho. 
Ter que escrever qualquer coisa, como este aviso no Smartphone, para mim que sou um calhau com olhos nestas coisas. é uma aventura.



10.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XV



Depois do duche e de ter trocado de roupa, Afonso voltou à sala. Foi até à janela e ficou observando o exterior. A irmã, estava no baloiço com a sobrinha, Ana. Marta e João ora subiam as escadas do escorrega, ora se deixavam deslizar pelo outro lado, soltando alegres gargalhadas. Desde o dia em que se conheceram três meses antes, que aqueles dois quando estavam juntos era uma festa. Ninguém diria ao vê-los que não eram irmãos, ou amigos de longa data. Um pouco afastados, Francisca, de cócoras falava com Simão. O menino preocupava-o. Pelo que observara, naqueles três meses, parecia-lhe demasiado adulto para os seis anos que ia fazer em breve. Não tinha a alegria nem a espontaneidade do irmão, nem estava sempre a pensar na brincadeira. Várias vezes observara nele atitudes de protecção com o irmão e até com a própria mãe.
No jardim a conversa continuava, e Afonso pensou que gostaria de saber de que falavam. Será que o miúdo ia ter problemas de integração? Que não ia aceitar o casamento da mãe?
A carrinha do restaurante parou junto ao portão. Antónia, a empregada, saiu para o abrir e lhes franquear a entrada.  Viu as duas mulheres chamarem as crianças e encaminharem-se para casa. O serviço com o restaurante estava tratado, incluindo a presença de dois empregados para lhes servir a refeição, não tinha que se preocupar com isso. Chamá-lo-iam quando tudo estivesse pronto.
O que o preocupava agora era a visita dos ex-sogros, no dia seguinte. Não lhes tinha dito nada que ia voltar a casar. Preferira apresentar-lhes o acto consumado. Desde que lhe disseram que queriam a guarda das meninas, porque achavam que elas estavam muito sozinhas, que um homem só e ainda por cima com tanto trabalho, não teria condições de dar às crianças a atenção que necessitavam, toda a simpatia que lhes tivera desaparecera. Fora por isso que Graça o incentivara a casar. E se a princípio ele achou que semelhante ideia era uma estupidez, depois que a irmã lhe falou da amiga, e sobretudo quando a viu, tímida e envergonhada no seu escritório, a ideia começou a parecer-lhe mais aceitável.  E se ainda tinha dúvidas, depois que ela foi com os filhos, passar o dia lá a casa, e viu a forma carinhosa como tratava deles, e como se deu a conhecer e tratou as meninas, teve a certeza de que era realmente o passo certo.

reedição





9.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XIV




Naquele momento Francisca entrou na sala. Trocara o fato do casamento por um conjunto de calça e blusa azul-escuro, de corte simples mas elegante. Sem maquilhagem, a farta cabeleira presa numa trança, de sabrinas, parecia ainda mais jovem.
O homem levantou-se e avançou para ela.  
- Estás mais calma? Não te preocupes, vai dar tudo certo. Ouves as crianças? Estão muito felizes com a brincadeira no jardim. Podes ir até lá, ou vê-las aqui da janela. A Graça está com elas. Tem tanto jeito para lidar com crianças que me admira de ainda não ter engravidado. – Olhou o relógio. São onze e quarenta, encomendei o almoço para o meio-dia e trinta. Vou tomar um duche, e trocar de roupa.
Afastou-se sem lhe dar tempo a responder. Francisca foi até à janela. Viu a cunhada com a pequenita no baloiço. Marta, a mais crescida descia o escorrega, seguida por João, rindo com aquela alegria que só as crianças têm. Abriu a porta e saiu para o jardim.
Simão perdia-se na perseguição de uma bela borboleta. Correu para ela mal a viu.
-Mãe, a “tia” Graça, disse que logo não voltamos para casa dos avós. É verdade que vamos ficar aqui para sempre?
- Sim filho, é verdade. A mãe já te tinha dito que estava a preparar o vosso quarto para ficarem a viver com a mãe.
- Mas não contaste que ias casar com o “tio” Afonso. Nem aos avós.
-Sabes filho, às vezes as pessoas têm segredos que não podem contar às outras. Mas depois vem um dia em que deixa de ser segredo e já se pode contar.
- Então o vosso casamento é segredo? Assim como o pai ser uma estrelinha no céu?
- Sim filho.
O menino com um ar sério disse:
- Fica descansada, não conto a ninguém.
Francisca acariciou-lhe a cabeça sorrindo.
-Vai brincar filho.
A criança não se afastou. Como se alguma coisa o preocupasse.
Perguntou:
- Também vais ser mãe da Ana e da Marta?
-De certo modo, sim filho. Tu sabes que todas as crianças devem ter um pai e uma mãe. A mãe delas, como o vosso pai é agora uma estrelinha no céu. Eu tentarei fazer o meu melhor, para que elas não se sintam tristes.
Naquele momento, chegou o almoço. Graça retirou a sobrinha do baloiço, e Francisca chamou as crianças que estavam no escorrega. Depois todos tomaram o caminho de casa.

reedição
Este Simão é um menino especial, não acham? Fiquem atentos a ele... .

7.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XX




- Bom, temos que pensar no local, onde vamos fazer a gravação. Em casa, no jardim, ou na piscina? Qual preferem?
- No jardim – disse Bernardo.
- E tu Soraia?
- Não podíamos fazer um bocadinho em cada lado como no cinema?
- Vamos fazer a gravação da mensagem num local. Depois podemos fazer uma gravação convosco a brincar, no baloiço ou na piscina. Pedimos a ajuda do Tiago, querem? Só não podem dizer nada ao vosso pai. Lembrem-se que é segredo.
As crianças prometeram guardar segredo, e pouco depois contavam a Tiago que fingiu não saber de nada, e disse que ia ajudá-los. Assim nessa tarde, no jardim, Bernardo, falava a Tiago do seu pai, como se este não o conhecesse. E na verdade não conhecia, pois o menino falava do pai, como ele, o via com os olhos do coração e do amor que lhe tinha. Lembrou, da primeira vez que o pai o levou à praia, do medo que teve das ondas e de como o pai o levou pela mão para dentro delas, do jogo de bola, dos castelos de areia e das bolas de Berlim, num dia que tinha ficado na sua curta memória. E terminou dizendo:
-Amo-te muito pai.
Depois foi a vez de Soraia, falar dele. A menina não lembrava de nada para além da chegada aquela casa, talvez porque era muito pequena, ou porque a sua memória não quisesse recordar algo que a fazia sofrer.
Disse que o momento mais feliz da sua vida, fora quando o pai a trouxera para casa e lhe dera um mano. Lembrou das vezes em que sentia vontade de chorar e o pai a abraçava, e lhe fazia passar a vontade de chorar. E tal como Bernardo terminou com uma declaração de amor.
 Clara gravara tudo no telemóvel. Depois mostrou-lhes o vídeo e as crianças adoraram. Combinaram que de tarde, após a sesta fariam a gravação deles no jardim e na piscina. Mais tarde, Tiago passaria os vídeos para a pendrive, que eles ofereceriam ao pai só na hora da partida. Para que ele não partisse tão triste.
E tal como combinado, de tarde fizeram uma gravação que começou no quarto das crianças, quando acordaram, continuou na cozinha a lanchar e depois mo jardim, onde andaram de baloiço e escorrega, para terminar com Tiago brincando com eles, na piscina em divertida brincadeira. De vez em quando as crianças olhavam para Clara e atiravam um beijo. Aquilo emocionou-a porque não fora ensaiado, e porque não tinha a certeza se elas estavam a mandar um beijo ou pai, ou se o faziam para ela, por lhes ter proporcionado aqueles momentos tão divertidos.
Finalmente Clara deixou de gravar. Tinha feito três pequenos vídeos. Um dentro de casa, outro no jardim e outro na piscina. Os que fizera de manhã, Tiago já tinha passado, para o computador. O irmão teria que usar um programa para ligar os vários vídeos de modo a fazer com que ficasse apenas um. Ela não sabia fazer isso.
Depois do duche, Tiago passou as gravações para o seu computador e mostrou às crianças, que não cabiam em si de contentes.
-Logo à noite, trato disto, e amanhã já estará pronto. Tenho que ir comprar uma pen, pois não tenho nenhuma nova. Posso ir antes de almoço – disse o jovem.
- Obrigada, mano. Não teria conseguido isto sem a tua ajuda.
- Não foi nada demais. Eles merecem – disse acariciando as pequenas cabeças.
-Meninos não se esqueçam que isto é um segredo nosso. O pai não deve saber nada, para não estragar a surpresa, - recomendou-lhes Clara.
 As crianças prometeram guardar segredo e os quatro dirigiram-se à sala, onde esperariam por Ricardo que devia estar a chegar. Pouco depois, Clara levantou-se e dirigiu-se à cozinha, onde encontrou Antónia a acabar o jantar.
- Antónia, vim pedir-lhe um favor. Se o senhor lhe perguntar alguma coisa, como se as crianças se portaram bem, por favor não lhe conte que estive a filmá-las. É uma surpresa que as crianças querem fazer ao pai na hora da partida. Um vídeo para o acompanhar na ausência.
-Fique descansada senhora. Não estragarei a surpresa, embora acredite que o senhor virá tão cansado que não fará qualquer pergunta.
- Obrigada Antónia.
Voltou para a sala. Hesitara antes de ir falar com Antónia. Mas se ela conhecia Ricardo desde criança e fora como ele dizia, o mais parecido com uma mãe que tivera, ela deveria saber como e porquê Ricardo casara com ela. 



15.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE XXVIII


Naquele domingo de outono, o sol brilhava, num céu imaculadamente azul, com a temperatura a rondar os vinte e quatro graus, o que levava a crer que o S. Martinho estava a prolongar o “seu” verão para além da data, Anete e seus pais levantaram-se cedo, a fim de assistir à missa das oito. Os pais não perdiam a missa dominical, e ela gostava de os acompanhar.
Depois da homilia, quando se preparavam para regressar, Anete viu-se constrangida a cumprimentar a ex-sogra, que se encontrava na companhia do filho. Arrependeu-se de ter ido com os pais. Devia ter pensado que aquilo podia acontecer. Ela não tinha nenhum problema em cumprimentar o ex-marido. Os dois foram e eram amigos, e na verdade nunca se sentiram de outro modo. Mas Laura, a mãe, culpava-a pelo divórcio, e não lhe perdoava. De modo que foram uns momentos de grande constrangimento.
No regresso, foram para a cozinha, mas enquanto mãe e filha ficavam a tratar do almoço, o pai saiu pela porta que dava para as traseiras da casa, onde havia um quintal. Junto à casa, um largo canteiro, onde se viam plantados vários pés de couve tronchuda, que haveriam de acompanhar as batatas e o bacalhau na consoada. À volta alguns pés de alface. Num outro canteiro do lado direito, várias ervas aromáticas, que a mulher costumava usar na cozinha. Salsa, coentros, manjericão, cebolinho, hortelã, e outras, impregnavam o ar de uma mistura de aromas. Havia ainda um canteiro maior, com couves já adultas, cenouras e nabos. Algumas iriam ser arrancadas daí a pouco, para o cozido à portuguesa que a mulher e a filha estavam a confecionar para o almoço. 
Tinha disposto a parte cultivada do quintal, junto à residência, por forma a ficar mais perto, da torneira na hora de regar. Mais ao fundo, junto ao muro, e aproveitando a sombra de duas macieiras e uma nespereira, ele tinha construído uma casa de brincar, para os netos; e montado um baloiço numa armação metálica. Eles gostavam de brincar ali, quando iam passar o dia lá em casa, e naquele dia com dois novos amiguinhos, não ia ser diferente, pelo que ele se dedicou a verificar se tudo estava em ordem, de forma a evitar qualquer acidente.
Satisfeito com a inspeção, regressava a casa, quando a  porta se abriu e a mulher lhe pediu que escolhesse 3 couves das maiores e uns quantos nabos e cenouras.  Arrancou-as,  lavou-lhes a terra debaixo da torneira e só então as levou para a cozinha, 
Depois, enquanto as duas mulheres continuavam os preparativos para o almoço, ele foi para a sala e ligou a televisão.
Meia hora depois, chegou o filho mais novo. Luís abraçou e beijou a mãe e de seguida abraçou fortemente a irmã. Logo a afastou para a mirar, olho no olho, procurando descobrir se ela estava bem. Anete sorriu, levantou a mão e passou-a pelo rosto recém-barbeado do irmão.
- Não te preocupes, estou ótima.
O irmão relaxou. Deu-lhe um beijo na testa e seguiu para a sala, onde se juntou ao progenitor. Logo depois, chegou Ricardo e a família. O irmão voltou a assegurar que nada mudara entre eles, e a interrogar como ela se sentia. As crianças foram brincar para o quintal, enquanto os homens se entretinham na sala com uma acalorada discussão sobre futebol.