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9.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XIV




Naquele momento Francisca entrou na sala. Trocara o fato do casamento por um conjunto de calça e blusa azul-escuro, de corte simples mas elegante. Sem maquilhagem, a farta cabeleira presa numa trança, de sabrinas, parecia ainda mais jovem.
O homem levantou-se e avançou para ela.  
- Estás mais calma? Não te preocupes, vai dar tudo certo. Ouves as crianças? Estão muito felizes com a brincadeira no jardim. Podes ir até lá, ou vê-las aqui da janela. A Graça está com elas. Tem tanto jeito para lidar com crianças que me admira de ainda não ter engravidado. – Olhou o relógio. São onze e quarenta, encomendei o almoço para o meio-dia e trinta. Vou tomar um duche, e trocar de roupa.
Afastou-se sem lhe dar tempo a responder. Francisca foi até à janela. Viu a cunhada com a pequenita no baloiço. Marta, a mais crescida descia o escorrega, seguida por João, rindo com aquela alegria que só as crianças têm. Abriu a porta e saiu para o jardim.
Simão perdia-se na perseguição de uma bela borboleta. Correu para ela mal a viu.
-Mãe, a “tia” Graça, disse que logo não voltamos para casa dos avós. É verdade que vamos ficar aqui para sempre?
- Sim filho, é verdade. A mãe já te tinha dito que estava a preparar o vosso quarto para ficarem a viver com a mãe.
- Mas não contaste que ias casar com o “tio” Afonso. Nem aos avós.
-Sabes filho, às vezes as pessoas têm segredos que não podem contar às outras. Mas depois vem um dia em que deixa de ser segredo e já se pode contar.
- Então o vosso casamento é segredo? Assim como o pai ser uma estrelinha no céu?
- Sim filho.
O menino com um ar sério disse:
- Fica descansada, não conto a ninguém.
Francisca acariciou-lhe a cabeça sorrindo.
-Vai brincar filho.
A criança não se afastou. Como se alguma coisa o preocupasse.
Perguntou:
- Também vais ser mãe da Ana e da Marta?
-De certo modo, sim filho. Tu sabes que todas as crianças devem ter um pai e uma mãe. A mãe delas, como o vosso pai é agora uma estrelinha no céu. Eu tentarei fazer o meu melhor, para que elas não se sintam tristes.
Naquele momento, chegou o almoço. Graça retirou a sobrinha do baloiço, e Francisca chamou as crianças que estavam no escorrega. Depois todos tomaram o caminho de casa.

reedição
Este Simão é um menino especial, não acham? Fiquem atentos a ele... .

29.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE XLV






Anete, desceu logo que a campainha tocou. Sob o casaco de fazenda castanho, tinha vestido umas calças pretas e uma camisola creme. O cabelo solto, descia-lhe pelas costas como um manto sedoso. Até agora, ele sempre a vira com o cabelo preso num coque, numa trança, ou num rabo-de-cavalo. Era a primeira vez que Salvador a via assim e ficou encantado.
Levantou-lhe o rosto entre as suas mãos e roçou os lábios pelos dela, numa carícia tão suave como sedutora. Depois enlaçou-a e dirigiram-se para o carro.
- Vais demorar-te com a tua irmã?- Perguntou pondo o carro em movimento.
- Não muito. Um pouco de conversa, uma brincadeira com os meninos, não sei, uma hora, talvez. Porquê?
- A tarde está bonita, podíamos ir até Cascais, ou Sintra. Lembro-me que me disseste que gostarias de conhecer Sintra. Queres ir lá esta tarde?
- Sim.
- Vais contar à tua irmã a minha proposta?
- Porquê? É segredo? – Perguntou tensa.
- De modo algum,- respondeu sorrindo. - Compreendo que estejas receosa, que queiras um conselho. Mas ninguém sabe mais de mim, do que eu mesmo. Sentir-te-ias mais confiante se eu dissesse que te amo?
- Se fosse verdade!
- E quem te diz que não é? E não achas que eu anseio o mesmo que tu? Isto é, que o meu maior desejo é ouvir-te dizer que me amas? Precisas confiar mais. Em mim, em ti, em nós. E pensar que vamos ser muito felizes.
Tinham chegado. Mal Salvador estacionou o carro, e ela apressou-se a desapertar o cinto e sair.
“Continua nervosa. É uma pena que acredite tão pouco em si própria.”
Salvador tirou do banco de trás uma caixa com livros para colorir e lápis de cor, para os sobrinhos e alcançou-a quando ela já se aprestava para tocar a campainha.
 Foi Raul quem lhes abriu a porta.
Cumprimentaram-se e entraram para a sala, onde Ana Clara vigiava, se os filhos arrumavam os brinquedos antes de irem dormir a sesta.
As crianças ficaram alvoraçadas com a presença dos tios, já não queriam ir para a cama. Finalmente a mãe conseguiu que eles serenassem e foi deitá-los com a ajuda de Anete. Para que as duas irmãs ficassem à-vontade, os homens foram para o escritório. O que os dois irmãos falavam, não era muito diferente, da conversa das gémeas.
- Sabes que não me surpreende? – Perguntou Ana Clara.  - Reparei que o Salvador está apaixonado por ti quase desde a primeira vez que vos vi juntos. 
-Acho que não percebeste o que te contei. Eu nunca disse que ele estava apaixonado por mim. O que ele me propôs, não foi uma relação amorosa. Foi um tempo de convivência para nos conhecermos melhor, para descobrir que sentimento nos une.
 - Salvador pode dizer o que quiser, mas ele não precisa saber nada sobre os seus sentimentos. Basta olhar para ele quando te olha. É amor. Conheço-o há anos e nunca o vi aquele brilho no seu olhar.
- Ele já amou, e muito. Confessou-me que pensava em casar, mas parece que ela não lhe correspondeu. Gostava de saber quem é essa mulher. Conheceste-a?
- Não. Se isso aconteceu, deve ter sido há muitos anos, antes de eu o conhecer, porque nunca dei por nenhum entusiasmo da parte dele. E o que é mais estranho, o Raul nunca me contou nada. Não te preocupes com isso. Se gostas dele, vai em frente. Salvador é um homem sério, responsável, e é dos melhores na sua profissão. E além disso é jovem, bonito e rico. Nem com um radar  encontravas melhor.
- Não me interessa a sua riqueza. Eu só quero ser amada. Saber como é viver com um homem, dormir com ele...