Três semanas se passaram.
Eva, perdeu o sorriso que ultimamente voltara a iluminar o seu rosto. Saía de casa, para o trabalho e deste para casa. Ainda não tinha tido coragem de ir ao orfanato, e naquele sábado tinha que o fazer, pois a Irmã Madalena, telefonara-lhe na véspera preocupada com o seu desaparecimento. Ficaria decerto mais preocupada quando a visse.
A jovem, perdera o apetite, emagrecera, e nos últimos dias, todas as manhãs tinha enjoos. Fez as contas, e verificou alarmada que o período já lhe devia ter aparecido há doze dias atrás. Doze dias de atraso, ela que era mais certa que um relógio suíço? Uma gravidez, era só o que lhe faltava agora, para agravar a sua situação. Foi à farmácia e comprou dois testes. Fez o primeiro e o resultado positivo repetiu-se no segundo. Como fora possível ter sido tão inconsciente? Como não se lembrara de que interrompera a tomada da pílula depois de ter ficado viúva? Logo ela que sempre se atormentara com o facto de não conhecer os pais, ia trazer ao mundo um filho sem pai. Sim porque apesar de tudo, nem por um momento pensou em abortar.
Embora sem vontade, obrigou-se a almoçar, pensando no pequeno ser que tinha no ventre. E depois do almoço, meteu-se no carro e dirigiu-se ao orfanato. Estava tão necessitada de colo.
A Irmã Madalena, percebeu isso mesmo, mal a viu. Talvez por isso o abraço com que a recebeu foi mais carinhoso que nunca. Depois no seu gabinete, esperou paciente, que a jovem desabafasse.
- E quando cheguei para almoçar, tinha desaparecido, deixando-me esta carta e os documentos de doação da casa, - terminou ela estendendo à freira a missiva que André lhe deixara.
A freira, leu-a em silêncio e devolveu-lha.
- Isso foi há três semanas, e desde aí, nem uma palavra. Que lhe parece Irmã?
- Sinceramente não sei que te diga, Eva. Ao contrário do que aconteceu quando me apresentaste Alfredo, eu gostei do André quando o conheci. Senti que era de confiança, e descansei pensando que não faria nada que te magoasse. O que fez, devolvendo-te a casa, não é de uma pessoa sem escrúpulos. Na carta diz claramente que te ama. Mas quem ama confia, não abandona sem uma explicação. É nestas alturas que eu gostava de ter uma bola de cristal, que me permitisse ver o futuro. Confia em Deus filha. ELE fará o que é melhor para ti. Se te serve de consolo, pensa no que podia ter acontecido com a atitude maluca do teu marido. Podias ter caído nas mãos de um crápula, ficares sem a casa, teres desaparecido num qualquer antro pecaminoso. E com a Graça de Deus, nada de grave aconteceu. És jovem, tens a tua casa, e o teu emprego, és livre...
- O pior Irmã, - interrompeu-a a jovem soluçando - é que… estou grávida.
- Valha-nos Deus! - disse a freira abrindo os braços, onde a jovem se refugiou.
- Valha-nos Deus! - disse a freira abrindo os braços, onde a jovem se refugiou.