Seguidores

Mostrar mensagens com a etiqueta sedutor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sedutor. Mostrar todas as mensagens

24.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXXI




Levantou-se como se desse a visita por terminada. Não parecia o empresário brincalhão que conheceu no primeiro dia, tão-pouco o homem com que lidou no seu escritório, quando duvidou da sua palavra. Muito menos o homem seguro de si, envolvente e sedutor, que conheceu em Sintra. Nem sequer aquele, que ultimamente lhe ligava todas as noites, para lhe perguntar se estava bem, como fora o seu dia, ou como iam os trabalhos de preparação da festa. Parecia mais velho, acabrunhado. Como se algo muito doloroso o tivesse envelhecido de repente. Paula sentiu um aperto no peito. Obedecendo a um impulso perguntou:
- Já jantaste? Não tenho grande coisa para te oferecer, mas se gostares de “pizza” tenho uma na cozinha que podemos partilhar.
Ele estendeu a mão, e segurou-lhe o queixo olhando-a intensamente.
- Sabes que o que desejo partilhar contigo não é uma pizza. De qualquer modo agradeço a tua oferta, mas hoje preciso estar sozinho, fazer uma séria reflexão do que tem sido a minha vida, contabilizar o deve e o haver entre o que me deu e o que me tirou. Amanhã é um dia especial, pretendo tomar algumas decisões importantes para o futuro e quero estar de alma lavada. 
Largou-a e encaminhou-se para a porta.
- Então encontra-mo-nos em Sintra antes da festa, - disse abrindo-lhe a porta.
Ele parou como se fosse dizer alguma coisa, depois colocou-lhe as mãos nos ombros e atraiu-a a si, abraçando-a. Não a beijou. Apenas a abraçou com força, como se necessitasse do calor do seu corpo para viver. Paula não se atreveu a falar. Limitou-se a ficar quieta, sentindo o seu coração bater acelerado. Depois ele largou-a e saiu sem uma palavra. Paula fechou a porta e foi sentar-se à mesa da cozinha com as pernas a tremer. Acabava de reconhecer que se apaixonara pelo empresário. Descobrira-o durante o tempo que durou aquele abraço. Santo Deus, como desejara que ele a beijasse.
“Raio de sorte”,- murmurou entre dentes. “Era só o que me faltava. Depois de um homem mentiroso e traidor, tinha que me apaixonar por outro rancoroso e vingativo. Decididamente, tenho um coração sem juízo”
Afastou a caixa da “pizza”. Tinha perdido o apetite. De súbito lembrou-se do envelope. Foi até à sala e abriu-o. Verificou o conteúdo. Estava tal como naquele dia em que fora aos escritórios, confrontá-lo. A única diferença era um cheque de cem mil euros.Voltou a guardar os documentos no envelope e foi guardá-lo na mala. Foi à cozinha, encheu um copo de leite, e bebeu-o. Apagou a luz e foi para o quarto. Tinha que estar na casa do pai antes do progenitor sair de casa. Depois ia para Sintra, e o dia ia ser muito longo. Despiu-se, enfiou o pijama, foi à casa de banho, escovou o cabelo, lavou os dentes e foi-se deitar.
Uma hora depois continuava às voltas na cama, presa numa inquietação que não a deixava dormir. Temia o dia que se avizinhava. Como ia ela encarar o empresário sem deixar transparecer os sentimentos que acabara de descobrir? Felizmente, depois daquele evento, provavelmente não o veria com frequência, e talvez conseguisse esquecer aquele sentimento, antes que ele criasse profundas raízes no seu coração. O novo dia já adentrava pela madrugada quando extenuada acabou por adormecer.


Como é que ele sabia a morada dela? - pergunta a Susana. Foi dito por duas vezes em episódios diferentes que ele investigou a vida dela.


Porque amanhã é o 25 de Abril, esta história continuará dia 26. Será de novo interrompida a 27 para continuar dia 30. 28 é domingo e 29 o Sexta é aniversariante.