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30.6.21

NOTÍCIAS


 Boa tarde amigos.

Como disse fui hoje à consulta de transplantes de córnea no Hospital de Santa Maria para retirar os últimos 8 pontos.  Bom tirei 4, e a médica disse que dado o meu histórico de descolamento da retina neste olho, em princípio vou ficar com este quatro, pelo menos até novembro., quando ela me quer ver de novo. 

Pediu uma consulta de oftalmologia, para que faça exames ao nível de astigmatismo, a fim de que me receitem óculos , que me permitam ter uma visão o melhor possível. Disse-me que aguardasse a carta com a marcação, mas que se tivesse muito tempo de espera, ela aconselhava procurar fazer essa consulta no particular, para não continuar visualmente tão limitada.

Disse-me também que se de um momento para o outro, começasse com picadas e o olho vermelho para ir imediatamente lá, porque era sinal que algum dos pontos teria rebentado e teria que ser retirado. Caso contrário iria lá dia 17 de Novembro.

E é tudo.

A minha gratidão pelo vosso carinhoso apoio. Bem Hajam! 

COMEÇAR DE NOVO - PARTE XXV

 


O coração de Helena batia acelerado, as lágrimas corriam silenciosas pelo rosto pálido.

Incapaz de falar, as palavras prisioneiras do nó que se lhe alojara na garganta, ela apenas pôde fazer um gesto afirmativo com a cabeça.

- Meu Deus Helena. Tenho uma filha quase adolescente e não sei nada dela, - disse com a voz enrouquecida, escondendo as mãos entre o rosto.

Novamente o silêncio pairou entre eles. Helena sentia-se arrasada com o sofrimento que Gonçalo demonstrava. E não encontrava palavras que pudessem amenizar a sua dor. Um pouco depois, ele levantou a cabeça e os seus olhos procuraram os dela.

- O que ela sabe do pai? Nunca perguntou por ele? Que lhe disse?

- Quando era mais novinha, ela queria saber porque as outras meninas tinham pai, e ela não. Mas ela é uma criança muito inteligente e um pouco precoce, de modo que penso que percebeu a situação, todavia então trocou a pergunta e começou a pedir que lhe dissesse quem era o pai. Queria a todo o custo saber o nome do homem que lhe deu o ser. Diz que não se sentirá inteira sem saber isso. Então prometi-lhe que lhe diria o seu nome quando fizesse treze anos. E está quase a fazê-los.

- Por favor Helena, se estivemos apaixonados ao ponto de ter uma filha não se justifica esse tratamento. Trata-me pelo nome e por tu, está bem?

-Sim.

-Não me sinto capaz de esperar quase um mês para poder ver e abraçar a minha filha. Podemos dizer-lhe já? Quero contar à minha irmã e aos meus pais. Meu Deus eles vão ficar loucos de ansiedade para conhecer-vos. Por isso gostaria que fossem comigo.

. Prometo que contarei a verdade à Matilde em breve, mas não hoje. É uma história muito intensa para contar a uma criança, tenho que o fazer com cuidado. Compreendes? Aliás esta semana estamos na aldeia, em casa de meus pais, onde vamos passar a Páscoa. Também preciso falar com eles, contar-lhes tudo o que me disseste. Eles sofreram muito vendo-me grávida e sozinha.

 Eu liguei várias vezes para o teu telemóvel, mas estava sempre desligado. Mandei email e nunca recebi resposta. Eles e eu pensámos que me seduziste e me abandonaste. Foi um grande desgosto que lhes dei, mas apesar disso, eles sempre me apoiaram. Só com o apoio deles e  da Rita, a filha de um amigo do meu pai, que é a madrinha da Matilde, eu consegui continuar os estudos com um bebé de pouca idade.

- Deve ter sido muito duro para ti. Não posso evitar o sofrimento porque passaste, mas posso fazer o que deve ser feito. Casar contigo, dar o meu nome à nossa filha.

- Não Gonçalo. Vou contar à Matilde e aos meus pais o que se passou. Aceito que dês o teu nome à Matilde, que a apresentes à tua família. Enfim que sejas o pai que ela tanto deseja, mas não me fales em casamento. Nunca me casaria por outra razão que não o amor.

- Mas… nós não estávamos apaixonados?

-Estávamos? Lembras-te disso?

-Não. Mas foi o que me disseram. E se temos uma filha, é porque era verdade.

- Era. Estávamos. Acaso reparaste que falaste sempre no passado?


 

Hoje dia 30 irei de novo ao hospital de Santa Maria. Vamos

 ver se me tiram os últimos pontos. E se me fazem os exames

 para receitar os óculos de modo a que finalmente consiga ler e escrever como dantes. À tarde eu dou notícias. 

 

 

 

29.6.21

POESIA ÀS TERÇAS - A PALAVRRA DOS AMIGOS

                                                                        




                                              LEGADO





Tenho gelo

A crescer

Por dentro

Das veias

E

Pesado manto

Sobre os ombros:

Não desconheço

Que

A minha barca

Começa a sulcar

Os atalhos

Da mais longa viagem.




Sem ignorar os sinais

Lego como herança

A certa certeza

De que

Só o amor

Liberta e dá voz

À divindade

Dentro de nós!


São  Banza  in  "Ouro Cru"

São Banza é uma amiga de há mais de 40 anos. Direta, sem papas na língua, ela não tem dúvidas, nem hesita, em denunciar os vários podres desta sociedade imoral e corrupta que tomou conta da humanidade.  Podem encontrá-la AQUI

28.6.21

PARABÉNS MEU FILHO

 

Foi precisamente  há 41 anos, na véspera  de S. Pedro,  que vieste ao mundo. Parabéns filho. 

Fiz um passeio por algumas etapas da tua vida através destas fotos.









                                       



Esta última, no ano passado com a tua bonita família. Parabéns, filho. Nós te amamos.





27.6.21

DOMINGO COM HUMOR


                                                                   ***************


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                                                                   ***************


BOM DOMINGO

25.6.21

COMEÇAR DE NOVO - PARTE XXIV

 

Novamente o silêncio. Como se Gonçalo precisasse recuperar a força necessária para continuar a desnudar a alma, despindo todo o sofrimento e angústia que a envolviam.

Lágrimas silenciosas rolavam pelas faces pálidas de Helena, e a sua mão como se tivesse vida própria, apertou a dele tentando dar-lhe ânimo. Ante aquela sofrida confissão, toda a raiva que ela guardara durante aqueles anos desapareceu deixando no seu lugar apenas o imenso amor que sempre existiu no seu coração e que durante anos, ela tentara em vão esconder por trás da muralha do ódio e  uma enorme compaixão pelo nítido sofrimento dele.  Pouco depois ele retomou a palavra.

-O cérebro é um órgão muito complexo. Danos físicos são fáceis de detetar, mas danos psicológicos são mais difíceis de avaliar. A minha neurologista diz que as palpitações e flashbacks que sofro são reais, mas a causa dos mesmos não é nada que ela possa identificar e tratar. Acredita que eles estão relacionados com a perda de memória. Devido ao facto do meu subconsciente ter bloqueado memórias do acidente, eu não fui capaz de processá-las e seguir em frente. 

O psiquiatra diz que talvez o traumatismo que sofri com a pancada na cabeça tenha apagado algum pedaço de memória e o psicólogo que talvez de forma inconsciente, o cérebro tenha bloqueado essa informação por medo de voltar a sofrer ao recordar. O certo é que no início de Setembro faz catorze anos e eu continuo desesperado tentando recuperar uma parte da minha vida que se perdeu nesse maldito acidente.

 Durante todo este tempo, sempre que me cruzava com uma mulher mais ou menos da minha idade, pensava se poderia ser aquela a quem amara ao ponto de querer casar-me, todavia não é nada fácil encontrar uma pessoa de quem não se sabe sequer o nome e nunca senti nada de especial, nem nenhuma mostrou reconhecer-me. Já tinha perdido a esperança, quando um dia fui à escola da minha sobrinha, para uma reunião de encarregados de educação. A minha irmã é viúva e além da Sara, que viu naquele dia, tem outro filho o Miguel ainda bebé, razão porque assumi a responsabilidade de ser o encarregado de educação da Sara, na escola, para evitar deslocações da minha irmã.

Quando a Helena chocou comigo, o meu corpo reagiu de forma estranha, e quando me olhou, vi surpresa e medo nos seus olhos. Quis perguntar se me conhecia, mas você fugiu e desde aí pensava em como encontra-la de novo. A minha sobrinha disse-me que não era professora naquela escola, e que só podia ser uma mãe, que ia para a reunião das onze.

 Não sabia como fazer para a encontrar  e desesperava-me quando atendi a Matilde no hospital. E quando vi a sua filha, levei um choque pelas semelhanças com a minha irmã e minha mãe. 

Acreditei que  tivesse chegado a hora de descobrir aquela parte desconhecida do meu passado, mas fiquei sem chão quando mais tarde fui ver a menina pedindo que me ouvisse e a Helena me expulsou do quarto. 

Desesperado falei com um psiquiatra, amigo de longa data que me disse que parecia que finalmente eu tinha encontrado a mulher da minha vida e provavelmente a menina seria minha filha. Aconselhou-me a fazer o teste de ADN, mas eu seria incapaz de o fazer às escondidas. Por isso decidi fazer mais uma tentativa para que me escutasse e coloquei o cartão dentro do livro que ofereci à Matilde.


 Diga-me por favor, - pediu olhando-a desesperado. É a Helena a mulher a quem amei? E a Matilde é minha filha?

 

24.6.21

24 de JUNHO - DIA DE S.JOÃO

 


foto do google

Junho é o mês dos Santos Populares. Um pouco por todo o país festejam-se em animados arraiais, ao som da música e acompanhado de sardinhas assadas regadas a vinho tinto ou cerveja consoante os gostos. 
As festas começam a 13, na verdade a 12 de Junho com o Santo António, padroeiro de Lisboa. Continua a 23 com o S. João, Padroeiro do Porto e termina a 28 com S. Pedro, que na verdade é o dia de S. Pedro e S. Paulo o que é desconhecido da maioria das pessoas. E que se festeja desde Amora a S. Pedro do Sul, das Lages do Pico à Ribeira Grande.
 Mas voltando a S. João, cujos festejos teriam começado ontem, (se não andasse por aí à solta o vírus mais famoso dos últimos séculos) em muitas cidades e vilas deste país. Celebra-se o nascimento de João Baptista, o primo de Jesus. 
Em Lisboa pelo Santo António, feriado municipal, são tradição os casamentos e as marchas. No Porto pelo S. João, também dia de feriado municipal, são tradição os martelinhos, que substituíram o alho-porro de antigamente, e sobretudo o fogo de artifício lançado da ponte D. Luís, que é sempre espetacular.
 Não, não me enganei nas datas. A verdade é que os maiores festejos - exceto os religiosos -    ocorrem   na véspera do dia do Santo. Há uns sessenta anos atrás, não se faziam as festas como agora as conhecemos.
 As pessoas da aldeia ou do bairro juntavam-se nas ruas. Faziam grandes fogueiras que os rapazes e raparigas saltavam. Pelo S. João, o meu pai, que sempre foi muito habilidoso, fazia grandes balões de papel colorido. Lembro-me que levavam umas tochas embebidas em petróleo, que enquanto ardiam mantinham os balões no ar. Quando se apagavam o balão começava a perder o ar quente que o mantinha lá em cima e acabava por cair atraído pela gravidade. Os mais velhos sentados na rua, contavam histórias, quase sempre de bruxas e lobisomens, onde não faltava até uma formosa dama com pés de cabra, enquanto davam um olhinho pelos mais novos.  As crianças corriam atrás dos grandes besouros, que sempre apareciam nesta altura do ano. Conviviam. Todos se conheciam, todos se ajudavam. No dia seguinte cumprimentavam-se, comentavam a noite anterior, e acabavam com um "P'rá semana lá estamos" .Eu tenho saudades desse tempo. Não da vida de miséria e repressão em que vivíamos, mas dessa convivência, desse conhecer toda a gente pelo nome, de sair à rua e cumprimentar todos os vizinhos e saber que podia contar com eles, como eles contavam comigo.  Hoje as pessoas juntam-se às centenas, às vezes milhares, todas no mesmo espaço e são desconhecidas. Estão juntas e simultaneamente estão sozinhas. Não há convívio. É como se as pessoas, se tivessem transformado em ilhas. Podem estar longe ou mesmo ao lado, mas não se tocam. Vivem em prédios de muitos andares e muitas vezes não  conhecem nem o vizinho do lado.


23.6.21

COMEÇAR DE NOVO -- PARTE XXIII

 




Emocionada, sentindo as lágrimas prestes a escapar-se, Helena ouvia Gonçalo falar do acidente, dos muitos dias em que estivera em coma, dos meses de recuperação no hospital de Braga, da perda de memória, das dezenas de exames e das muitas consultas com neurologistas, psiquiatras, psicólogos e fisioterapeutas.  Do ano perdido na faculdade, da tristeza que o acometera por causa da amnésia.

-Eu desesperava-me por não me recordar de nada. O meu telemóvel ou se perdera, ou ficara destruído no acidente, mas eu nem sequer me lembrava de que tinha tido um telemóvel. Um dia meu pai levou-me um novo, eu podia precisar pedir alguma coisa para eles levarem na hora da visita. Mas ele não lembrara de pedir o número antigo e eu não estava capaz de pensar em nada.

 Meus pais e minha irmã visitavam-me todos os dias, levavam—me cds, livros, mas eu tinha perdido o interesse por tudo e não queria ver ninguém além deles. Aos poucos eu fora recuperando a memória, mas há uma parte que ficou esquecida talvez quem sabe se para sempre.

Helena não se atrevia a interrompê-lo. Ele estava pálido, tinha o olhar perdido, o maxilar apertado e a testa perlada de suor.  

-Quando quase oito meses depois do acidente regressei a casa, muitos dos amigos de infância e da faculdade foram ver-me. Não tinha contado à família que havia uma lacuna na minha memória e também não o contei aos meus amigos.

 Um dia um deles, perguntou-me se eu continuava a namorar “aquela jovem”. Quem? – perguntei. “desculpa ainda estou meio atordoado com o que me aconteceu” desculpei-me. E ele então continuou a falar. Segundo o que ele disse apercebi-me que teria passado férias com ele e mais dois amigos no Algarve com era habitual há uns anos. Teria conhecido uma jovem e vivido uma história de amor esquecendo-me por completo deles.

 Eu ter-lhes-ia garantido uns dias antes do acidente, que ia casar com essa jovem. Nem me recordo o que lhe respondi, ensimesmado com a nova descoberta. Quem seria aquela jovem? Onde estaria? Teria eu contado alguma coisa aos meus pais, ou à minha irmã? 

Laura a minha irmã é pouco mais nova do que eu e sempre fomos muito unidos. Então decerto eu teria feito confidências. Então num momento em que estávamos sós, perguntei: “Alguém avisou a minha namorada?” Ela olhou-me admirada e respondeu: “Como podíamos fazê-lo se não a conhecíamos, não tínhamos qualquer contacto, e nestes meses nunca falaste nela, nem pediste para a avisar? Se queres que a avise agora, dá-me o seu contacto” “Não tem importância” - respondi.

Portanto era verdade. Todavia eu não queria que eles soubessem como estava a minha cabeça. Já me bastavam os médicos. Mas a partir daí, nunca mais me cruzei com mulher alguma, sem pensar, se era aquela a mulher que eu jurara ser a mulher da minha vida. No ano seguinte, terminei o meu curso de medicina. 

Tinha sonhado especializar-me em cirurgia, mas desisti, porque continuo com pesadelos do acidente e por vezes durante o dia sofro palpitações e flashbacks do acidente que me  deixam momentaneamente paralisado. Não dura muito, apenas alguns segundos, mas no bloco operatório, seria tempo mais que suficiente para acabar com a vida de um doente. Não podia arriscar.

22.6.21

POESIA ÀS TERÇAS - A PALAVRA DOS AMIGOS

 





O fogo dos pássaros

Escondi-me no voo das aves
- estou nua de mim –
.
e choro
o choro da água- o sal a escorrer
desabando no  voo das penas.
.
e embalo a raiva do fogo
nos cabelos de trigo – seco
que se confundem na cor
das areias.
.
deixo a nudez
a sobrevoar o medo
.
e um dia vou (sem mim)
(no fogo do desejo)
.
© Piedade Araújo Sol, 2010-03-13



Biografia : 

A autora está presente no mundo dos blogues, que poderão visitar e deliciarem-se com os seus mais recente poemas. AQUI

21.6.21

COMEÇAR DE NOVO PARTE XXII

 


Encontravam-se sentados num banco de jardim num dos locais menos frequentados do parque, longe da zona onde estavam os baloiços e os escorregas, que faziam as crianças encher o ar de risos e gritos. Depois de alguma troca de mensagens, Lena aceitara encontrar-se com Gonçalo naquele local, já que não podia convidá-lo para sua casa, e um restaurante ou café, cheio de turistas nas férias da Páscoa, não lhe pareciam ser um bom local por recear exaltar-se com Gonçalo.

Ela não entendia porque ele procedia como se não a conhecesse e insistisse que tinham de falar. Quase lhe disse que não queria qualquer conversa com ele, mas então lembrou-se do enorme desejo que a filha tinha em saber quem era o pai, e conteve-se.

Dias antes, quando se preparava para levar a filha do hospital para casa, perguntara ao médico, se a filha poderia viajar para a aldeia e como ele não vira inconveniente, desde que tomasse os cuidados por ele recomendados, no dia seguinte viajaram para a aldeia, onde Matilde tinha todos os cuidados e mimos da mãe e avós.

E até os primos, já de férias com os avós, embora sem a presença dos pais, que por razões profissionais, só chegariam no fim de semana, respeitaram as limitações dela, limitando-se a fazer-lhe companhia em casa, ou a acompanha-la nos curtos passeios, sem as brincadeiras do costume.

Nesse mesmo domingo, depois do almoço, enquanto a filha descansava na cama, Helena mandara a primeira mensagem a Gonçalo. Nela lhe agradecia o livro que oferecera à filha, o cuidado que tivera com a menina.

Não telefonara, porque receava o desabar dos seus sentimentos e a raiva que sentia por ele fingir que não a conhecia.

Ele respondera. Pedira mais uma vez para falar com ela, era muito importante.

Ela não respondera e Gonçalo enviara outra mensagem. Decidido a resolver o problema que o atormentava há tantos anos, ele suplicara-lhe, pelo amor que ela tinha à filha.

Era uma chantagem sentimental, ela percebeu, mas também decidida a acabar com aquela história, tanto mais que agora sabia que em qualquer lugar ou a qualquer hora se podiam cruzar, ela aceitara.

Ele respondera agradecendo e informando que nessa semana estava no hospital das oito da manhã às quatro da tarde, pelo que só se poderiam encontrar depois dessa hora. Mais mensagens foram trocadas até que o dia, o local, e a hora foram combinados.

Assim ali estavam os dois naquela Quinta feira Santa, sentados num local público, mas suficientemente isolados para poderem conversar.

-Boa tarde - saudou Gonçalo ao chegar ao local indicado estendendo-lhe a mão num cumprimento social, acrescentando em seguida. Obrigado.

 

- Penso que antes de mais me deve uma explicação para esta quase perseguição para que o escute, - disse nervosa, o corpo tremendo com aquele aperto de mão.

Sentaram-se. Por motivos diferentes ambos estavam tensos, sem saber bem o que um podia esperar do outro ligados por um passado comum que apenas um recordavam. Então depois de uns segundos de silêncio, que a Helena pareceram intermináveis ele começou.

Para que perceba a minha insistência e o meu desespero tenho que lhe dizer que há quase 14 anos tive um terrível acidente de moto. Sobrevivi por milagre depois de mês e meio em coma no hospital…

 

20.6.21

DOMINGO COM HUMOR


 




60 ANOS NO RAMO!!!


Um tipo sofria de dor de cabeça crônica infernal. Foi ao médico que, depois dos exames de praxe, disse:

- Meu caro, tenho uma boa e uma má notícia. A boa, é que posso curá-lo dessa dor de cabeça para sempre. A má notícia é que para fazer isso eu preciso castrá-lo! Os seus testículos estão pressionando a espinha, e essa pressão provoca uma dor de cabeça infernal. Para aliviar o sofrimento preciso de removê-los.

O tipo levou um choque e caiu em depressão.

Passou dias meditando. Indagava se havia alguma coisa pela qual valesse a pena viver.

Não teve outra escolha senão submeter-se à vontade do bisturi.

Quando deixou o hospital, pela primeira vez, depois de 20 anos, não sentia mais dor de cabeça. No entanto, percebeu que uma parte importante de si estava faltando. Enquanto caminhava pelas ruas notava que era um homem diferente, mas que poderia ter um novo começo. Avistou uma loja de roupas masculinas de luxo.

"É disto que eu preciso", disse para si mesmo.

- Quero um terno novo!!!, pediu ao vendedor.

O alfaiate, de idade avançada, deu uma olhadela, e falou:

- Vejamos... é um 44, longo.

Ele riu-se: - É isso mesmo, como é que adivinhou?

- Estou no ramo há mais de 60 anos, respondeu o alfaiate.

Experimentou o terno, que ficou ótimo.

Enquanto se admirava ao espelho, o alfaiate perguntou:

- Que tal uma camisa nova?

Ele pensou por alguns instantes:

- Claro!

O alfaiate olhou e disse:

- 34 de manga, e 16 de pescoço.

E ele pasmado:

Mas... É isso mesmo! Como é que adivinhou?

- Estou no ramo há mais de sessenta anos - repetiu.

Experimentou a camisa e ficou satisfeito.

Enquanto andava pela loja, o alfaiate sugeriu-lhe:

- Que tal uma cueca nova?

- Claro.

O alfaiate olhou os seus quadris, e lançou:

- Vejamos... Acho que é o 36.

Aqui, o tipo soltou uma gargalhada:

- Desta vez, falhou! Uso o tamanho 34 desde os 18 anos de idade.

O alfaiate sacudiu a cabeça, negativamente:

- Você não pode usar 34. O tamanho 34 pressiona os testículos contra a espinha, e essa pressão deve provocar-lhe uma dor de cabeça infernal.


{EXPERIÊNCIA É TUDO... (60 anos no ramo). Negócio de médico é operar. Mas consulte seu alfaiate antes...}

(Gentileza do nosso amigo Joaquin Duarte De Silva )

18.6.21

COMEÇAR DE NOVO - PARTE XXI

 




Helena chegou ao hospital às treze horas. Dirigiu-se ao quarto andar, piso para onde a filha fora levada depois da cirurgia. Tinha falado com a filha pelo telemóvel, mas Matilde não lhe soubera dizer se tinha ou não alta nesse dia. De qualquer modo ela tinha uma muda de roupa no carro pronta para o caso da filha ter alta.

Entrou no quarto, no momento em que a auxiliar deixava o tabuleiro com o almoço, em cima da mesa. Era uma estrutura metálica em forma de S  com rodas, e uma base de madeira em cima,
que servia para os doentes que não se podiam levantar comer confortavelmente na cama. Aproximou-se da cama e depois de beijar a filha perguntou:

-Bom dia! Como está a minha princesa? Tens dores?

-Não. Mas estou ansiosa para ir para casa. Isto não vai impedir-nos de irmos para a aldeia, pois não?

-Penso que não, filha, todavia não sei quais são as recomendações médicas. – disse ajeitando a almofada atrás da menina, ante, de empurrar o carro-mesa com o almoço para frente dela. E acrescentou:

-- Tens que almoçar antes que fique frio. A avó telefonou ontem. Estranhou que não fosses ao telefone como é habitual. Não quis preocupá-la e disse que tinhas ido ficar em casa da Rita. E que hoje falavas com ela. É melhor não lhe dizer que foste operada até que ela veja com os seus próprios olhos que estás bem. Ainda não sei se tens alta hoje. O médico já veio ver-te?

- Ainda não eram onze horas veio o doutor Gonçalo. Trouxe-me um livro, - disse apontando para a gaveta da mesa de cabeceira ao lado da cama. – É muito simpático. Além de perguntar como me sentia, conversou comigo, sem aquela forma irritante de superioridade que os adultos têm e que parece gritar que não passamos de crianças, que não sabemos nada da vida e que eles é que sabem tudo. Como se eles nunca tivessem sido crianças, algum dia. Gostei muito dele, mas quando lhe perguntei se ia para casa hoje, disse que era o doutor Nuno que sabia, e que ainda não tinha falado com ele.

Enquanto a filha falava, Helena abriu a gaveta e viu o livro. Tratava—se de “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry, um livro que ela lera há muitos anos e que ainda hoje ao recordá-lo se deixava encantar.

- É um livro muito bom, vais adorar lê-lo, - disse devolvendo—o à gaveta. - E então, o doutor Nuno já veio?

-- Há uma meia hora atrás. A enfermeira removeu o penso, ele olhou, perguntou se tinha dores, eu disse que não e ele disse à enfermeira para retirar o dreno e fazer um novo penso, disse que eu estava ótima e que podia ir para casa, mas que tinha que ter cuidado, durante uns dias não podia correr nem saltar, nadar, nem agarrar em pesos. A enfermeira disse que depois do almoço, fosses falar com ela, - disse levando à boca o último pedaço da maçã reineta assada.

Vendo que a filha acabara de comer, Helena afastou o carro-tabuleiro e puxou uma cadeira para junto da cama. Antes de se sentar perguntou:

-Queres que a mãe baixe a cabeceira um bocadinho?

-Não – disse com um ar aborrecido. -- Fiquei com as férias estragadas. Não posso brincar com os primos, nem ir nadar no rio. E eu estava tão contente em ir para a aldeia. Já não estou com os primos desde o Natal. E é sempre tão divertido estar com eles. É tão frustrante ser filho único. Por isso, gosto tanto de acampar, e por isso não te avisei logo quando começaram as dores.

Helena sentiu um aperto no peito. Nunca se dera conta da solidão que a filha sentia.

- Queres ler um pouco? Vamos ter que esperar que nos deem os documentos da alta para poderes sair.

- Não. Esqueci-me de te dizer. O doutor Gonçalo, disse que precisava falar contigo, e deixou um cartão para lhe telefonares. Está dentro do livro. Fiquei a pensar, se haveria alguma coisa de errado comigo, mas ele disse que é qualquer coisa relativo ao teu trabalho. Não sabia que ele era teu cliente.

E com essas palavras a menina encostou-se para trás e fechou os olhos.

Com mãos trémulas, Helena apressou-se a pegar no livro e a procurar o cartão que guardou na sua carteira.

 

 

 

16.6.21

COMEÇAR DE NOVO - PARTE XX

 


Gonçalo quase não dormira naquela noite. Levantou cedo, tomou banho vestiu umas calças de ganga e uma camisa branca e saiu. Parou no quiosque e comprou o jornal do dia, dirigindo-se em seguida para o café-pastelaria do bairro, onde diariamente tomava o pequeno-almoço.

-Bom dia, António, - saudou ao entrar no estabelecimento quase vazio aquela hora, porque era sábado. Aos outros dias começava a encher a partir das seis da manhã.

- Bom dia doutor – respondeu o jovem por trás do balcão.

Sentou--se numa mesa perto do balcão, e abriu o jornal, a fim de se pôr a par das notícias do dia.

--Bom dia, doutor. Então o que vai ser hoje?

Levantou os olhos do jornal e fixou-os na jovem grávida à sua frente. Tinha um ar cansado.

-Bom dia, Idália. Está com um ar cansado. Deve estar quase no fim do tempo, não devia levar tantas horas de pé. Não é bom para si nem para o bebé.

- Eu sei, doutor. Mas o António sozinho não consegue fazer tudo e de momento não podemos manter uma empregada. Precisamos pagar logo a hipoteca ao banco.

Gonçalo, olhou a jovem com pena. Com uma gravidez quase no fim do tempo, devia ser muito difícil para ela continuar a atender os clientes, praticamente todo o dia de pé, com os dias de calor fora de época que se tinham instalado há quase uma semana.

-Traga—me então o mesmo de sempre.

Ela afastou-se e ele ficou a pensar como podia ajudar os dois jovens, sem que eles se sentissem humilhados. Desde que viera para Lisboa que habitualmente tomava ali o dejejum antes de ir para o hospital.

Gostava do casal, eram educados e trabalhadores e de algum modo gostaria de ajudá-los, mas ainda não lhe ocorrera uma maneira de o fazer. Talvez se falasse com a irmã ela tivesse uma ideia. Era isso. No dia seguinte, falaria com a irmã. Desde que ela enviuvara e desde que ele não estivesse de serviço no hospital, sempre passava os domingos com a irmã. Enquanto pensava numa possível solução, Idália voltou e colocou na sua frente a sandes mista e o copo de café com leite que constituíam o seu habitual pequeno almoço.

Agradeceu à jovem, enquanto dobrava o jornal e o colocava de lado para iniciar a refeição.  Olhou o relógio. Oito horas e trinta e cinco. Era cedo ainda. Ele não chegaria ao hospital antes das dez, pois sabia que as manhãs eram complicadas para as enfermeiras e auxiliares com a higiene dos doentes, os pequenos almoços, as trocas de roupas de cama e limpeza do espaço.

Antes das dez e meia, ele não poderia ter um bocadinho de tempo com a menina. E ele queria vê-la, conversar um pouco com ela, embora não soubesse muito bem o que esperaria encontrar nessa visita.

Contrariamente ao que o amigo lhe aconselhara na véspera, não iria fazer qualquer recolha de saliva ou mesmo procurar algum cabelo caído na almofada para pedir um exame de ADN. Apesar de não lhe ter passado pela cabeça que a criança fosse sua filha até que Fernando o tivesse dito, agora essa possibilidade não lhe saía da cabeça. Mas apesar disso ele não era capaz de pedir um exame de ADN sem falar com a mãe dela primeiro.

 

15.6.21

POESIA ÁS TERÇAS - A PALAVRA DOS AMIGOS



Não tendo....


Não tendo das tuas mãos
a doçura do afago
e o calor,
de quem recebe e dá
com verdadeiro
amor...

Não tendo....


Não tendo do teu olhar
todo um mundo
de ternura,
presságio d`algo mais
que passageira
aventura;

Não tendo da tua boca
a todo o tempo
um sorriso,
aberto, leal e franco
sempre que dele
preciso;

Não tendo das tuas mãos
a doçura do afago
e o calor,
de quem recebe e dá
com verdadeiro
amor;

Então, relógio do meu tempo,
nem mais um minuto
de desconto.
Senhora de negro vestida:
vem-me buscar,
estou pronto!


 Jorge Fagundes

Fernando Jorge  Camacho Fagundes, é natural da Ponta do Sol - Madeira, mas veio para o continente ainda quase um bebé, primeiro para Cabeceiras de Basto onde viveu 4 anos e depois para o Barreiro que viria a adotar como a sua terra desde 1946. 

14.6.21

COMEÇAR DE NOVO -- PARTE XIX

 


- E não sei o que pensar disto. Que te parece? – perguntou Lena à amiga depois de lhe ter contado o que acontecera no dia anterior.

As duas encontravam-se sentadas à mesa da cozinha, na casa onde as duas viveram durante vários anos e que Lena comprara à amiga quando esta casara com Inácio.

-Sinceramente não sei o que pensar. Pelo que contas, parece que ele não tem qualquer memória de ti. Tens a certeza que a foto que te mostrou é de alguém parecido com a Matilde?

- Parecido? Não! Igual. Tão igual como duas gotas de água. Fiquei apavorada. Esta noite quase não dormi, e o pouco que o fiz, sonhei que a Matilde não era minha filha, que tinham trocado os bebés na maternidade.

- Não sejas tonta. A Matilde foi buscar as parecenças à tia, nada mais. Mas é muito estranho que não te tenha reconhecido, e que te tivesse mostrado essa foto da irmã. Tens a certeza de que não fingia? Será que não era um teste para que tu lhe dissesses quem eras?

- Não. Se o tivesses visto, terias tido a mesma certeza que eu.  O Gonçalo que falou comigo ontem, não tem nada a ver com o Gonçalo por quem me apaixonei. Este é um homem sofrido, desorientado. Quando a Matilde acordou, e eu lhe pedi que saísse, olhou-me com um olhar tão vazio que me arrepiou e afastou-se sem protestar, os ombros curvados como se carregasse um enorme peso.  Não sei que pensar, nem que fazer.

--Pois não sei que te diga. O que me contas leva-me a pensar que ou o homem é um excelente ator, ou sofre de amnésia.

-Amnésia? Como é que eu não pensei nisso? Será que ele perdeu a memória?

- Pode ser, mas tu disseste que ele estava na Universidade e que iria ser médico. E ele é médico, Lena. Logo parece pouco provável que tenha perdido a memória.

- Não sei que faça. Tu aceitarias encontrar-te com ele?

- Eu? Mas se nem o conheço!

- Não é para ires ter com ele, claro. Perguntava se o farias se estivesses na minha situação.

- Claro que o faria. Primeiro porque desejava tirar a limpo essa história, segundo por causa da Matilde. Ela tem direito a saber quem é o pai e a conhecê-lo. Ela tem razão quando diz que toda a gente tem o direito a conhecer as suas raízes. É o teu dever como mãe. Era diferente se ele tivesse casado formado uma família, mas se ele até é solteiro como te disse, não percebo a tua indecisão.

-Tenho medo do sofrimento que a minha decisão possa trazer para a minha filha.

Lena sentir-se-ia muito mais preocupada, se soubesse que aquela mesma hora, Gonçalo entrava no quarto onde a sua filha acabava de se deitar, depois de com a ajuda de uma auxiliar ter feito a sua higiene matinal.


12.6.21

PORQUE HOJE É SÁBADO


ZUCAROH - Quarterfinals 3 - America's Got Talent - Aug 28, 2018

E hoje esta minha princesa faz 22 meses. E acreditam que já mexe no Smartphone com muito mais à vontade do que eu? E tem verdadeira loucura em fotografar tudo o que vê.