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21.6.21

COMEÇAR DE NOVO PARTE XXII

 


Encontravam-se sentados num banco de jardim num dos locais menos frequentados do parque, longe da zona onde estavam os baloiços e os escorregas, que faziam as crianças encher o ar de risos e gritos. Depois de alguma troca de mensagens, Lena aceitara encontrar-se com Gonçalo naquele local, já que não podia convidá-lo para sua casa, e um restaurante ou café, cheio de turistas nas férias da Páscoa, não lhe pareciam ser um bom local por recear exaltar-se com Gonçalo.

Ela não entendia porque ele procedia como se não a conhecesse e insistisse que tinham de falar. Quase lhe disse que não queria qualquer conversa com ele, mas então lembrou-se do enorme desejo que a filha tinha em saber quem era o pai, e conteve-se.

Dias antes, quando se preparava para levar a filha do hospital para casa, perguntara ao médico, se a filha poderia viajar para a aldeia e como ele não vira inconveniente, desde que tomasse os cuidados por ele recomendados, no dia seguinte viajaram para a aldeia, onde Matilde tinha todos os cuidados e mimos da mãe e avós.

E até os primos, já de férias com os avós, embora sem a presença dos pais, que por razões profissionais, só chegariam no fim de semana, respeitaram as limitações dela, limitando-se a fazer-lhe companhia em casa, ou a acompanha-la nos curtos passeios, sem as brincadeiras do costume.

Nesse mesmo domingo, depois do almoço, enquanto a filha descansava na cama, Helena mandara a primeira mensagem a Gonçalo. Nela lhe agradecia o livro que oferecera à filha, o cuidado que tivera com a menina.

Não telefonara, porque receava o desabar dos seus sentimentos e a raiva que sentia por ele fingir que não a conhecia.

Ele respondera. Pedira mais uma vez para falar com ela, era muito importante.

Ela não respondera e Gonçalo enviara outra mensagem. Decidido a resolver o problema que o atormentava há tantos anos, ele suplicara-lhe, pelo amor que ela tinha à filha.

Era uma chantagem sentimental, ela percebeu, mas também decidida a acabar com aquela história, tanto mais que agora sabia que em qualquer lugar ou a qualquer hora se podiam cruzar, ela aceitara.

Ele respondera agradecendo e informando que nessa semana estava no hospital das oito da manhã às quatro da tarde, pelo que só se poderiam encontrar depois dessa hora. Mais mensagens foram trocadas até que o dia, o local, e a hora foram combinados.

Assim ali estavam os dois naquela Quinta feira Santa, sentados num local público, mas suficientemente isolados para poderem conversar.

-Boa tarde - saudou Gonçalo ao chegar ao local indicado estendendo-lhe a mão num cumprimento social, acrescentando em seguida. Obrigado.

 

- Penso que antes de mais me deve uma explicação para esta quase perseguição para que o escute, - disse nervosa, o corpo tremendo com aquele aperto de mão.

Sentaram-se. Por motivos diferentes ambos estavam tensos, sem saber bem o que um podia esperar do outro ligados por um passado comum que apenas um recordavam. Então depois de uns segundos de silêncio, que a Helena pareceram intermináveis ele começou.

Para que perceba a minha insistência e o meu desespero tenho que lhe dizer que há quase 14 anos tive um terrível acidente de moto. Sobrevivi por milagre depois de mês e meio em coma no hospital…

 

13 comentários:

Emília Pinto disse...

Agora, ela vai entender e com certeza haverá um " começar de novo " nesta história muito interessante. Elvira, espero que o problema dos teus olhos esteja a ser resolvido a contento e que o virus não cerque a tua casa. Os números estão a aumentar e todos os cuidados são poucos. Beijinhos e boa noite
Emilia

noname disse...

Alinhava-se o futuro :)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Tive um cliente assim enquanto advogado.
Esteve anos em coma depois de ter sido dado como morto num acidente ao pé de Leiria e de perceberem que ele não estava morto na...morgue.
Boa semana

Maria Dolores Garrido disse...

Bom dia, Elvira.
Vejamos então se o jardim ajuda a desvendar o que o acidente apagou.

A propósito do tema, conheço uma pessoa que está em coma há uns 25 anos. Após um período no hospital, veio para casa, onde é tratado.

Um dia calmo e feliz, Elvira.

Tintinaine disse...

Vou ficar à espera até quarta-feira, pois não tenho outro remédio. Acho que não vão cair nos braços um do outro, mas ... nunca se sabe!
Uma boa semana de verão!

chica disse...

Belos acontecimentos nos esperam , ou melhor, os esperam, creio! Lindo VERÃO! beijos, chica

Maria João Brito de Sousa disse...

CÁ ESTÁ A ORIGEM DA AMNÉSIA LACUNAR...

ELVIRA, ESPERO QUE CONTINUE A MELHORAR DOS SEUS OLHOS... EU CONTINUO À ESPERA DA CONVOCATÓRIA. CREIO QUE VOU TER ESPERAR SENTADA, JÁ QUE OS HOSPITAIS DA LVT SE ENCONTRAM DE PREVENÇÃO POR CAUSA DE UMA HIPOTÉTICA QUARTA VAGA...

FORTE ABRAÇO E MUITA SAÚDE!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Começa a ver-se a luz ao fundo do túnel!
Lena decerto ficará emocionada com a revelação.
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime

" R y k @ r d o " disse...

Acompanhando a estória.
Cumprimentos

Edum@nes disse...

A conversa continua no próximo capítulo. Tenho que voltar aqui para ficar sabendo como correu o diálogo entre ambos!

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Janita disse...

O Gonçalo fez a abordagem do assunto da melhor forma.
Apanhada de surpresa por esta revelação inesperada, a Lena não terá como escapar a uma conversa loooooonga.
Cá vamos ficar a roer as unhas até ao sabugo mas o que tem de ser tem muita força.
Na quarta haverá mais!!

Um abraço, Elvira.

Fê blue bird disse...

Estou expectante para ver a reacção da Lena, quando souber o que se passou com o Gonçalo.
Vamos ver se chegam a entendimento.

Um abraço ,Elvira.
Muita saúde!

teresadias disse...

E no melhor... a Elvira acabou mais um capítulo.
Eu volto!!
Beijo, fique bem.