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30.3.20

DIVIDA DE JOGO - PARTE XIX



As semanas foram passando, uma após outra, mais de quinze, sem nada de relevante na vida de Eva,  a não ser os enjoos matinais que foram decrescendo de dia para dia até que acabaram por desaparecer. Os seus seios estavam  maiores e mais arredondados, a cintura um pouco mais larga, os olhos tinham um brilho diferente. Transformações normais, quando uma mulher está grávida. Novembro chegara ao fim, faltava menos de um mês para o Natal, havia a alegria e azáfama própria da quadra, mas ela sentia-se cada dia mais triste. No dia seguinte faria quatro meses, que André partira, e continuava sem notícias dele.  A sua única alegria, era pelo filho que trazia no ventre, e que já amava de todo o coração. Naquela tarde, pela primeira vez sentira o bebé mexer-se, e isso encheu o seu coração de alegria.
Ficou tão contente, que antes de chegar a casa, passou por uma loja de artigos de bebé, e comprou as primeiras roupinhas. Abriu a porta, e quase desmaiou de susto ao ver André na porta da cozinha.
- Hoje demoraste “cara mia” – disse tentando abraçá-la.
 Afastou-se furiosa.
- O que estás a fazer aqui? Como é que entraste?
- Pela porta. Esqueceste que tenho uma chave? Voltei Eva. Sei que deves estar zangada, mas agora já tudo acabou. Vim para me explicar.  
- Gostava que o tivesses feito antes de partires. Agora já não estou interessada.
 Empalideceu o rosto masculino? Ela diria que sim.
- Não estás a ser justa “amore mio” Se há coisa de que te dei provas, foi do meu amor.
- Pára de me falares em italiano. Sabes quanto tempo esperei por notícias tuas? Quase quatro meses. Dias em que esperei hora a hora, minuto a minuto, um telefonema, um postal, um “e-mail”, qualquer coisa, que me desse a certeza de que não tinha sido um brinquedo para ti. Noites em que não dormi, porque queria acreditar em ti e o desespero do teu silêncio não me deixava   - terminou num soluço.
Em duas passadas, André estava junto dela e abraçava-a com carinho.
- Eu sei que tens razão, Eva. Mas deixa que me explique. Por favor.
Tirou-lhe o saco da mão, que colocou em cima da mesa, despiu-lhe o casaco,  e empurrou-a suavemente para o sofá.
- Lembras-te que te disse no início, que tinha chegado a Portugal havia pouco tempo, e poderia em breve estar noutro país? Deverias pensar que era um aventureiro e que o fazia de moto próprio. A verdade é que tinha de o fazer por causa da minha profissão.
- A tua profissão? Jogador profissional? Grande profissão, - disse irónica.
- Jogador profissional sim, mas como disfarce. A verdade é que fui até há dois dias polícia. Mas não um polícia qualquer. Era  Agente Especial Internacional.
- Agente Especial? Como o James Bond? – perguntou incrédula, embora desejasse parecer irónica
Ele sorriu encantado com a ingenuidade dela.  
-Não querida, não ando por aí a saltar de aviões de arma na mão, a caçar espiões.
O meu trabalho era descobrir as quadrilhas ligadas aos cartéis da droga, ou da venda de armas, que fazem lavagem de dinheiro nos grandes casinos de todo o mundo.


18 comentários:

noname disse...

Mas que reviravolta eheheheh Elvira, a senhora sabe disto pa catano.

Beijinho de boa noite, saúde para si e para os seus

Pedro Coimbra disse...

SURPRESA!!!!!
Boa semana

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Não me recordo mesmo desta parte .

JAFR

Os olhares da Gracinha! disse...

Pondo a leitura em dia... e BOA semana!!! 💕

Maria João Brito de Sousa disse...

Caramba! Eu sabia que a Elvira iria conseguir "dar a volta" ao jogador inveterado, mas... ainda assim fiquei surpreendida :)

Forte abraço!

chica disse...

Tu sabes sempre reviravoltas dar e nos encantar! beijos, tudo de bom,chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste capitulo.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- Ele fosse aquilo que fosse. Nada o impedia de um telefonema, um e-mail, uma mensagem, um até já. Para quem dizia amá-la tanto, passar quatro meses sem um " Olá", é tudo menos amar.

Ela, que nem conhecia bem o homem, deixou-se engravidar como se ainda estivéssemos no século dezanove. Pura ingenuidade.

Oxalá as coisas cheguem a bom porto
.
Votos de uma semana feliz

Beatriz Pin disse...

Olá Elvira, hoje estou a seguer o seu blog. Entrei no domingo de humor, na crispación do coronavirus e estou a ler a historia que nos conta e da que aprendo o idioma ainda que logo non saiba escrever conforme a normativa portuguesa. Tenho um bocadinho de tempo, hoje, que o tempo virouse mais frío e mesmo din que vai caer neve por debaixo 600 metros. Jornada de portas adentro mentras na radio soa música e eu volto á computadora para fazer cousas mais tranquilas como ler, escrever.... Admiro o seu estilo.
Uma aperta

Teresa Isabel Silva disse...

Estou a gostar de acompanhar esta história... Estou ansiosa para saber o que vem por ai...

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

Janita disse...

Afinal, o compromisso que o moço tinha para resolver era outro!!!
Muito se engana quem pensa que sabe...ehehehehe
Gostei muito desta reviravolta.

Quem espera e sofre...sempre alcança. :)
Haja autores (de histórias) de boa vontade.

Um abraço e boa semana.

Cidália Ferreira disse...

Bem, não sei que diga. Será isto verdade o que lhe diz?? Humm já estou curiosa pelo episódio seguinte:)
-
Eu posso...
-
Beijos. Uma excelente semana...Fiquem em casa.

Vanessa Casais disse...

Muito engraçado este capítulo.

Boa semana,
Vanessa Casais

Edum@nes disse...

Surpresa, André voltou. Explicou a Eva o motivo por que se ausentou.

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Tintinaine disse...

Foi a minha primeira leitura da manhã, mas esqueci-me de comentar. Voltei para corrigir a minha falta.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Uauuuuuu que reviravolta!!!!! E eu pensando que era mulher na jogada rsrsrs, amo essas surpresas no decorrer de uma história!
Beijos e uma ótima semana!

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Que surpresa!
Um excelente episódio. A Elvira sempre muito critica.
Admiro-a muito.
Beijinhos,
Ailime

João Santana Pinto disse...

Por acaso… tal passou-me pelo espírito dois textos atrás quando fez aquela pergunta… mas dada a profissão do senhor e o passado do marido dela… acabou por parecer.me mais natural…