As semanas foram passando, uma após outra, mais de quinze, sem nada de relevante na vida de Eva, a não ser os enjoos matinais que foram decrescendo de dia para dia até que acabaram por desaparecer. Os seus seios estavam maiores e mais arredondados, a cintura um pouco mais larga, os olhos tinham um brilho diferente. Transformações normais, quando uma mulher está grávida. Novembro chegara ao fim, faltava menos de um mês para o Natal, havia a alegria e azáfama própria da quadra, mas ela sentia-se cada dia mais triste. No dia seguinte faria quatro meses, que André partira, e continuava sem notícias dele. A sua única alegria, era pelo filho que trazia no ventre, e que já amava de todo o coração. Naquela tarde, pela primeira vez sentira o bebé mexer-se, e isso encheu o seu coração de alegria.
Ficou tão contente, que antes de chegar a casa, passou por uma loja de artigos de bebé, e comprou as primeiras roupinhas. Abriu a porta, e quase desmaiou de susto ao ver André na porta da cozinha.
- Hoje demoraste “cara mia” – disse tentando abraçá-la.
Afastou-se furiosa.
- O que estás a fazer aqui? Como é que entraste?
- Pela porta. Esqueceste que tenho uma chave? Voltei Eva. Sei que deves estar zangada, mas agora já tudo acabou. Vim para me explicar.
- Pela porta. Esqueceste que tenho uma chave? Voltei Eva. Sei que deves estar zangada, mas agora já tudo acabou. Vim para me explicar.
- Gostava que o tivesses feito antes de partires. Agora já não estou interessada.
Empalideceu o rosto masculino? Ela diria que sim.
- Não estás a ser justa “amore mio” Se há coisa de que te dei provas, foi do meu amor.
- Pára de me falares em italiano. Sabes quanto tempo esperei por notícias tuas? Quase quatro meses. Dias em que esperei hora a hora, minuto a minuto, um telefonema, um postal, um “e-mail”, qualquer coisa, que me desse a certeza de que não tinha sido um brinquedo para ti. Noites em que não dormi, porque queria acreditar em ti e o desespero do teu silêncio não me deixava - terminou num soluço.
Em duas passadas, André estava junto dela e abraçava-a com carinho.
- Eu sei que tens razão, Eva. Mas deixa que me explique. Por favor.
Tirou-lhe o saco da mão, que colocou em cima da mesa, despiu-lhe o casaco, e empurrou-a suavemente para o sofá.
- Lembras-te que te disse no início, que tinha chegado a Portugal havia pouco tempo, e poderia em breve estar noutro país? Deverias pensar que era um aventureiro e que o fazia de moto próprio. A verdade é que tinha de o fazer por causa da minha profissão.
- A tua profissão? Jogador profissional? Grande profissão, - disse irónica.
- Jogador profissional sim, mas como disfarce. A verdade é que fui até há dois dias polícia. Mas não um polícia qualquer. Era Agente Especial Internacional.
- Agente Especial? Como o James Bond? – perguntou incrédula, embora desejasse parecer irónica
Ele sorriu encantado com a ingenuidade dela.
-Não querida, não ando por aí a saltar de aviões de arma na mão, a caçar espiões.
O meu trabalho era descobrir as quadrilhas ligadas aos cartéis da droga, ou da venda de armas, que fazem lavagem de dinheiro nos grandes casinos de todo o mundo.