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13.8.19
LONGA TRAVESSIA - PARTE XXIII
Rui saiu dali tão trémulo, como se estivesse embriagado. Sentimentos contraditórios, misturavam-se-lhe no peito, apertavam-lhe o coração. Era pai.
E à alegria que enchia o seu coração, sobrepunha-se o remorso pelo abandono a que condenara mãe e filho, por causa da sua ambição.
Percebia agora que agira muito mal. Que Teresa devia ter sofrido muito, com a sua ausência. Afinal era quase uma menina, ainda estudava, e tinha-se visto sozinha com um filho nos braços. Mesmo que tivesse tido a ajuda da família, ( e não era certo que a tivesse tido,) enfrentar uma gravidez e assumir um filho sozinha, teria representado além do sofrimento uma enorme carga emocional e material.
Ela tinha razão. Ele aproveitara-se do seu amor, mas não lhe dera nada de si em troca.
Ah! Se ele pudesse resgatar o passado. Se ele pudesse voltar no tempo.
Passou a mão pela testa.
Tinham que casar. Ele queria dar ao filho tudo, a que ele tinha direito. O seu apelido, amor, compreensão, dinheiro. Mas se o filho era muito importante, reconhecia agora que Teresa, não o era menos. Ele sabia bem, quantas vezes sonhou com ela naqueles oito anos. Quantas vezes, desejou tê-la a seu lado. Quantas vezes a buscou nos encontros fortuitos com outras mulheres,que sempre lhe deixavam um travo amargo na boca e uma sensação de vazio na alma. Hoje, tinha a noção da grandeza do seu amor por ela.
Porém conhecia-a bem. Teresa até era capaz de aceitar que ele desse o nome ao filho. Que a ajudasse, pelo bem do menino. Mas isso não significava que lhe perdoasse, muito menos que quisesse casar com ele. E ele tinha consciência de que a vida sem ela, não teria qualquer sentido.
E o filho? Iria entender, porque não tinha tido o pai junto de si, durante aqueles anos?
Como fora estúpido. Trocara a emoção e alegria do nascimento do filho, o assistir às suas gracinhas, aos seus primeiros passos, às primeiras palavras, às suas risadas e ao choro, pela ambição.
Deambulou pelas ruas, amargurado. Tinha na sua frente o maior desafio da sua vida. E para grandes males, grandes remédios, era o que sempre lhe dizia a sua mãe. Por fim regressou a casa.
Uma vez em casa, dirigiu-se ao móvel e tirou o saco preto onde guardava os ténis. Retirou também um álbum antigo com capa castanha com desenho de folhas gravadas.
Levou as duas coisas para cima da mesa e sentou-se no sofá.
Abriu o álbum e foi virando as folhas absorto. Como se estivesse olhando muito para além delas, um qualquer ponto, preso no seu passado, mas de forma inconsciente, sempre presente, e pronto a desabar sobre ele a qualquer momento.
Que imagens terríveis, ocupavam a sua mente?
Por fim fechou-o e colocou-o de novo em cima da mesa. Era urgente fazer a travessia, rumo ao coração de Teresa. Mas para isso, precisava encontrar a saída do labirinto em que se metera. Recostou-se no sofá. Lentamente a sua expressão de sofrimento foi-se suavizando.
Encontrara o caminho. A decisão estava tomada.
E ele sabia que era a mais importante de toda a sua vida.
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11 comentários:
Sair do labirinto e ir ao encontro do amor! Lindo! beijos, ótimo dia! chica
Estou expectante. Ele portou-se muito mal. Eu, por certo, não me colocaria, de novo, no caminho dele, mas isto é história, vamos ver que caminhos pensou a, Elvira.
Bom dia
Passei só para desejar a continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Olá, Elvira
Fui ler o episódio anterior
para me situar.
Realmente, um choque para o Rui.
Abandonou Teresa e na volta
encontra também um filho. Culpa
dele.
Veremos como que a autora vai
gerir esta situação...:)
Esperemos que seja a decisão mais correcta!!! Bj
Estou torcendo Elvira,
A Teresa acabará cedendo por que ela também ama o carinha que pisou na bola ,e se arrependeu. rs
Você é uma excelente escritora, nos faz vibrar com os acontecimentos.
Seguimos e atenção aí com a visão _não se esforce muito
beijos
Xi, já vi que vou ter muito para atualizar!
Ah e ja agora muitos parabéns pela netinha! Muitas felicidades para a família!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
O que passou é melhor ser esquecido por ambos. E ambos pensarem em planos para o futuro. Não há mais tempo a perder. Porque demasiado tempo já foi perdido!
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Acredito que o sofrimento será muito grande, da parte dele. Há que ter paciência!
Boa tarde Elvira,
Se ela sofreu, Rui agora também sofre. Dilemas que só o amor resolverá.
Beijinhos,
Ailime
Um belo e emocionante capítulo, no qual ele firmemente toma decisão.
Beijos!
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