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26.8.19

A HISTÓRIA DE UM PAR DE BOTAS... DA TROPA

Reedição
Ao lado da Igreja, o antigo colégio jesuíta, mais tarde transformado no quartel de B.C.5, e que hoje é ocupado pela Universidade Nova de Lisboa.
Foto  da Internet.





Aviso aos amigos: Por muito absurda que pareça esta história, é absolutamente real. Este Manuel, era o "Manel da lenha" o meu muito amado e saudoso pai


                                                        Primeira Parte

No início do ano da graça de mil novecentos e quarenta e um, com a guerra a assolar a Europa, Manuel era um jovem de vinte e três anos e estava prestes a terminar a tropa, e passar à reserva, no Batalhão de Caçadores 5 em Campolide. Nessa altura porém, uma certa manhã, ao levantar-se, deu por falta das botas. Antes da partida lá da sua aldeia na Beira Alta para a tropa, o Sr. Américo, tinha-lhe dito “Manel, tem cuidado com as tuas coisas no quartel. Anda por lá, filho de muita mãe e de vez em quando, algumas coisas desaparecem. Se te faltar alguma coisa, não te queixes, tira essa mesma coisa a quem te ficar mais perto. Ele tirará a outro e no fim, tudo estará certo”.
Ele ouviu, mas nos dois anos que levava no quartel, nunca lhe tinha faltado nada e aos poucos foi deixando de se preocupar. Naquele dia porém, não tinha botas para a formatura e como tinha acordara depois dos outros, já não podia tirar as botas de ninguém. A dois dias de sair tropa, Manuel, teve que participar a “perda” das botas. E tinha que pagar umas botas novas ao exército.
Como porém ele não tinha dinheiro para pagar as botas, e havia falta de mancebos nos quartéis, por via do “sangramento” para os Açores e Cabo Verde, foi-lhe proposto que ele poderia pagar a dívida ao estado com mais dois anos de tropa, "voluntária". Sem outra alternativa, Manuel aceitou.
Meses depois, em Junho, num dia de licença, o Manuel, saiu e depois de várias voltas pela cidade, pensou que estava farto da vida da tropa, e que não estava para continuar mais tempo no quartel.
Decidido, mas sem dinheiro para o comboio, resolveu seguir a pé para a terra. Não seria uma viagem rápida, mas também não tinha pressa. Lá, era certamente o primeiro sítio onde iriam procurá-lo. E foi andando, ficando um dia ou dois nas quintas que lhe apareciam no caminho. O trabalho do campo não tinha segredos para ele, e assim ganhava algum dinheiro, além de encher a barriga. E foi deste modo que nos primeiros dias de Agosto chegou à sua aldeia, Carvalhais, no concelho de São Pedro do Sul. Se a mãe ficou surpresa, porque pensava que o filho estava no quartel, Manuel não ficou menos surpreso, ao saber que ninguém o tinha ido procurar. Ele não sabia, que na confusão reinante do período de guerra que se vivia, ninguém dera pela sua falta. E quando o capataz da Seca do Bacalhau, chegou à aldeia para o engajamento de pessoal para a próxima safra, Manuel integrou-se no grupo.

15 comentários:

noname disse...

Fiquei curiosa, vamos lá ver onde andaram essas botas.

S. Pedro do Sul, conheço relativamente bem, e gosto muito.

Boa noite, Elvira

Janita disse...

Como a Elvira sabe já conheço esta história verídica, contudo, virei ler sempre que puder.

Boa semana.

chica disse...

Não lembro se já li essa história,mas sendo de teu pai, vou ler com muita atenção e curiosidade! bjs, chica

Pedro Coimbra disse...

Ainda recordo bem a primeira publicação.
Boa semana

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma história de vida com muitos momentos interessantes por certo!!! Bj

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Destemido o seu pai!
Vou aguardar o desenvolvimento com muito interesse.
Um beijinho,
Ailime

Maria João Brito de Sousa disse...

Não conhecendo ainda a história das botas do Manel da Lenha, estou curiosíssima por conhecer-lhe o desfecho.

Forte abraço, amiga.

Gaja Maria disse...

Não conheço esta história, vou seguir.
Abraço Elvira

Anete disse...


Estou por aqui lendo "A História de Um Par de Botas"!
Vamos adiante, sempre......................
Abração nesta segunda-feira........................
(Torcendo pela sua nova consulta!)

Majo Dutra disse...

Li este episódio da vida de seu pai, mas não me lembro de desfecho...
Sei que a deserção era crime grave...
Vou acompanhar.
Tudo bom.
Beijo
~~~

Teresa Isabel Silva disse...

Curiosa para saber o resto!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

_ Gil António _ disse...

Olá:- Acompanhando a Estória com todo o interesse e atenção.
.
Votos de um dia feliz
.
.......... Quer ler? .......
** Amor em alma deserta **

Edum@nes disse...

Referente ao Sr. Manuel da lenha. Já li essa história, da qual não duvido que tenha acontecido. Porque na tropa, ainda hoje tudo pode acontecer!

Continuação de boa semana amiga Elvira. Um abraço.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Tenho a impressão que já conheço esta história, mas vamos acompanhar para ter a certeza.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

Kique disse...

Mais uma interessante historia e ainda é real
Bjs
Kique

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