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9.5.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XLVI


António caminhava a passos largos no escritório, da sua casa em Sintra. Numa mão, um copo de Whisky, na outra o telemóvel. Lutava contra o desejo de ligar para Paula Maldonado.
Tinha passado o dia com o sobrinho. De manhã subiram a serra, à descoberta do Castelo dos Mouros. Foi maravilhoso ver o interesse do miúdo, o desejo de saber coisas sobre os mouros, que ali teriam vivido muitos séculos atrás, a agilidade com que subia e descia as escadas, o encanto quando do alto das suas muralhas observaram a paisagem desde o Cabo da Roca até à Ericeira, num deslumbre para os olhos. Ou quando já de regresso passaram junto  da rocha conhecida pela Cova Encantada, pelo corte que apresenta e pela lenda de Zaida, a Moura Encantada que lhe está associada.
Depois do almoço, foram para junto da piscina, onde se mantiveram até à hora do lanche, ora nadando, ora jogando à bola na relva à sua volta. Depois do lanche, tomaram banho, mudaram de roupa e viram na televisão “O rei Leão”, enquanto esperavam que os pais do menino, o viessem buscar.
Fora uma excelente maneira de passar o dia e esquecer por algumas horas, a jovem, que não lhe saía do pensamento como se fosse uma obsessão.
Tinham decorrido duas semanas depois da festa de renovação de votos da sua irmã, e desde aí não voltara a vê-la. Tinha sonhado com o dia da festa, como aquele em que mudaria toda a sua vida. Desistira da vingança contra o pai dela, desde que fora ao seu escritório, e devolvera todos os documentos na véspera, para que naquele dia, quando lhe falasse dos seus sentimentos o fizesse de alma limpa, sem qualquer sentimento menos bom, que os pudesse manchar. Amava aquela mulher e estava convencido que se o sentimento não era recíproco, pelo menos ele não lhe era indiferente. Mas vá lá um homem compreender as mulheres. Quando pensa que as conquistou, elas deixam cair sobre eles o manto da desilusão, e cortam toda a esperança, com o machado da dúvida. Foi o que aconteceu quando ela se negou a acompanhá-lo ao casamento do seu sócio, e lhe deu a entender que não acreditava nele.
Ficou magoado e involuntariamente lembrou-se daquela época em que o pai dela, se negou a escutá-lo, o acusou, e denunciou à polícia. E a partir daí a festa acabou para ele. Desde então, tentou esquecê-la, mas o sentimento que ela lhe inspirara estava demasiado entranhado no seu ser. Era como o sangue que lhe corria nas veias, ou o ar que respirava.
Paula esquecera as suas roupas no quarto de hóspedes, quando se trocara para a festa. Era um pretexto para poder falar com ela, mas ainda assim não tivera coragem de lhe ligar e pedira à sua secretária que lhe ligasse para o escritório, mas a secretária, informara  que ela fora de férias e só voltaria no fim do mês. Porém naquela tarde, quando viera buscar o filho, Gabi disse-lhe  que a encontraram no restaurante onde foram almoçar. E agora ali estava ele, quase quarentão, nervoso como um adolescente, sem saber se lhe  telefonava ou não.



Nota: Quem gostar de lendas é só clicar no link para conhecer esta bonita lenda.


13 comentários:

noname disse...

E cada um no seu canto a pensar no outro.

Boa noite, Elvira

Cidália Ferreira disse...

Ou seja, agora estão os dois, curtindo o orgulho! Qual deles quebrará primeiro? Estou ansiosa, Lool!

Beijos. Boa noite.

Meu Velho Baú disse...

O orgulho é uma coisa aborrecida .. vamos ver quem dá o braço a torcer como se costuma dizer,
Beijinhos

Teresa Isabel Silva disse...

Estou a ver que esta história está repleta de lendas!

Bjxxx
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Edum@nes disse...

Paula está à espera de ouvir tocar o telemóvel. Ansiosa para atender e ouvir a voz de António. Enquanto que ele tanto o desejo fazer. Mas por ser tão teimoso, não lhe telefona. Até quando a essa tentação conseguirá ele resistir?

Continuação de boa semana amiga Elvira. Um abraço.

Janita disse...

Que seja a força do amor que uniu até à morte, a bela moura Zaida e o Cavaleiro cristão, a mesma força que vá unir estes dois apaixonados.

Ah, o amor! Que seria a vida, sem esta doce ilusão? Nada!


Um abraço e obrigada por este dois em um, Elvira

chica disse...

Essa insegurança dele está atrapalhando tudo,rs...beijos, chica

Pedro Coimbra disse...

Também, quase quarentão, fiquei na dúvida se ligava ou não.
I just called to say I love you.
E o resto é do domínio público.
Bfds

Os olhares da Gracinha! disse...

Por certo o amor falará mais alto!!! Bj

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
O que será que a nossa autora tem para nos surpreender , para que estes dois se encontrem ??
JAFR

Anónimo disse...

Infelizmente, a lenda não me está acessível.

Abraço, amiga.

Maria João

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Não tarda e os dois cairão nos braços um do outro!
Beijinhos,
Ailime

Gaja Maria disse...

Vamos lá ver qual dos dois ganha coragem para dar o próximo passo :)