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9.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XXII


Clara, era uma mulher muito bonita. Mas talvez a sua beleza não estivesse dentro dos padrões atuais da moda. O seu rosto, de grandes olhos castanhos e traços suaves, quase sempre sem maquilhagem, e quase sempre sério, o seu jeito de vestir, prático e não ousado,  não a tornavam muito atrativa para os homens modernos, habituados a mulheres, mais sofisticadas. Talvez por isso, não tinha grande experiência amorosa. Júlio fora o seu primeiro e único amor. Tinham-se conhecido cinco anos antes, quando ela trabalhava no café, pouco tempo antes de mudar para a empresa, onde trabalhara até ao casamento. Era um homem simpático, atencioso, e Clara sentira-se encantada com o seu jeito alegre e brincalhão. Porém quando ele se declarou ela não estava interessada em namoros, o irmão era a sua principal preocupação, e tinha apenas onze anos. Isso mesmo, disse ao pretendente, porém ele não desistiu, e o facto de se manter fiel à sua pretensão durante dois anos, lisonjeou-a e convenceu-a de que era sincero no seu amor, e que não devia desperdiçar a ocasião que se lhe apresentava de ser feliz.
Desde o início, Clara lhe fizera saber que se sentia, como se fosse a mãe de Tiago, e que ele estaria sempre a seu lado até que fosse maior e tivesse meios para se tornar independente.
Aparentemente Júlio estava de acordo, parecia até ser amigo de Tiago, e assim a relação não tinha obstáculos que a impedissem de avançar.
Ela gostava de Júlio, sentia-se bem com ele, muito embora não ficasse toda tremer sempre que ele aparecia, nem sentisse as famosas borboletas na barriga, quando ele a tocava. Mas será que essas coisas existiam mesmo, ou não passariam de invenções dos romancistas?
Ela sentia-se bem com ele, gostava dos seus beijos, das suas carícias. Júlio era um homem carinhoso, preocupava-se com ela, quando faziam amor, e decerto não era culpa dele, se ela não se sentia transportada para a estratosfera, nem assistia à tal explosão de cores, ou ouvia os sinos a tocarem. De resto isso devia ser tudo invenção das suas colegas, para lhe fazerem crer que eram muito experientes no amor.
No ano anterior pelo Natal, Júlio propôs-lhe casarem na primavera. Ela aceitou. Logo depois do ano novo começaram a tratar dos papéis para o casamento. Mas então, um mês antes da data marcada, quando estavam a fazer projetos para o futuro, Júlio teve a brilhante ideia de ser sincero e dizer que o irmão dela seria posto à margem quando casassem. Sentiu-se enganada e terminou a relação nesse mesmo dia. Júlio ainda tentara voltar atrás, mas ela não lhe deu nenhuma hipótese.
E se Clara não tinha grande experiência com o sexo oposto que lhe permitisse aquilatar o caráter de Ricardo, de uma coisa estava certa.
Ele era um bom homem. Podia estar dividido entre o amor e a carreira, parecer um homem frio, inclusive parecer arrogante, quiçá um pouco desagradável, tudo não passava de uma máscara com que se defendia para não sofrer. Mas era sincero. Seria incapaz de proceder como Júlio.
Contrariamente ao que seria de supor, a sua infância, carente de amor, e a atribulada relação com as mulheres, não fizeram dele um ser vingativo, apostado em espalhar à sua volta o mesmo sofrimento por que passara. Desconfiado, sim. Era humano.
Durante aqueles dez dias, Clara tivera tempo para analisar o seu comportamento. Durante o dia, brincando com os filhos, conversando com Tiago, ou no quarto das crianças quando à noite os iam deitar.
E o que vira até aí, com o que ele lhe contara, enchiam o seu coração de uma enorme admiração por ele.   


Atenção Cidália e Ailime.  Uma de vocês fez ontem o comentário número  36.000. Como os dois entraram às 22.09 seria injusto mandar um conto para uma, não mandar para a outra. 
Assim sendo peço às duas que se estiverem interessadas em receber um dos meus contos, me enviem um email para elviracarvalho328@gmail.com,  Se não estou em erro a Ailime já uma vez recebeu "a herança" Gostaria que mo confirmasse. 
Obrigada às duas.

15 comentários:

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com bastante interesse.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Maria João Brito de Sousa disse...

Passando para acompanhar e deixar o meu abraço e os votos de uma boa semana.

chica disse...

Mais um belo capítulo por aqui acabo de ler! Vamos indo! bjs, chica e desejando ótimo dia!

noname disse...

Estam0s em tempos de análise, de um lado e de outro. E ambos têm razões de sobra para que assim seja. Vamos ver o que a Elvira se propõe fazer com estes dois :-)

Bom dia

António Querido disse...

Como sempre aqui fica registada a minha passagem, sempre com interesse até ao momento final.

O meu abraço

Edum@nes disse...

Clara recordando o passado, do seu amor por Júlio que não sentia. O amor pelo seu irmão e a sinceridade de Júlio, fizeram com que o casamento não se realizasse, porque também não seria esse o seu destino?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Larissa Santos disse...

Tão bonito. Certamente que ele irá ter o mesmo pensamento e sentimento:))

Hoje: Meditação da alma

Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira

Cidália Ferreira disse...

Mais um capitulo que me deixou a desejar o próximo. O conto está a ficar deveras empolgante.AMEI!

(Fiquei surpreendida e feliz por ser contemplada. Claro que quero receber o conto. cidaliaferreira5@gmail.com Obrigada

Beijos-Boa tarde!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um capítulo magnífico, uma vez que fala da anterior experiência de Clara e como ela pode constatar a diferença (neste caso para melhor), da personalidade de Ricardo.
Seguindo com muito apreço.
Muito obrigada por mais uma vez ser uma das felizes contempladas com um dos seus contos, o que me honra muito.
Vou enviar-lhe-email.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime

Janita disse...

Afinal, a menina Clara não é assim tão inexperiente em matéria de assuntos amorosos como me fez a autora supor, ou supus eu por conta própria...Se já tinha relações íntimas com o tal Julio...:)

Isto são romances actuais, não são os da Corin Tellado, ó Janita!
Amores e namoros platónicos, já eram!!

Siga a estória que a procissão ainda deve ir no adro.

Um abraço!

O meu pensamento viaja disse...

Acompanhando com interesse.
Beijinhos

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais um bom momento de leitura que nos envolve emocionalmente!
Bj

Sandra May disse...

Ainda bem que Julio foi honesto, o que evitou problemas futuros, dando a Clara a oportunidade de optar pelo irmão.
Muito bom...bjs!

Gaja Maria disse...

A ver o que os espera :)
Bjs Elvira