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28.8.18

FOLHA EM BRANCO PARTE XXXIII


                                    

Fizeram imensas compras. Uma árvore de Natal, bolas coloridas,  roupas e calçado. Muitas roupas. Mais para ela que para ele. Ela se entusiasmava como uma miúda, ele sorria e gostava de a ver assim, sem aquela sombra de tristeza que sempre tinha nos olhos.
Carregados de sacos, e a caminho se casa, Mariana disse:
-Gostava de te pedir uma coisa.
- Esqueceste alguma coisa?
- Não. Gostava de vir amanhã, com a Maria. Comprar umas coisas para ela. Sabemos que a mãe, não lhe poderá comprar nada.  Que dizes?
Ele gostou de saber que ela se preocupava com a amiga.
-Desde que não me esgotem o saldo bancário,- respondeu sorrindo.
Mais tarde, enquanto jantavam, Mariana perguntou:
- Como vai ser a noite de Natal?
- Costumo passar a noite num hotel. Por falar nisso tenho que fazer a reserva.
- Não podemos ficar em casa?
- Em casa? Mas como? Não podemos pedir à Luísa para vir trabalhar nesse dia. E eu não percebo nada de cozinha. Sabes cozinhar?
- Não, - respondeu envergonhada.
- Então?- Interrogou, sem saber o que ela queria.
- A Maria disse que iam passar a noite, com a tia lá em baixo. Parece que é, a única família que têm. Tenho a certeza que se lhe pedirmos, a Luísa faz a nossa ceia. Os doces, podemos comprar, numa pastelaria. Não me apetece ir para um hotel. É muito frio, muito impessoal. Que te parece?
- Se achas melhor assim, parece-me bem. Falamos com a Luísa amanhã e veremos se ela está de acordo.
Depois do jantar, Miguel subiu ao atelier e Mariana foi arrumar as compras.
Sentia-se estranhamente feliz. Aquele dia tinha sido inesquecível.
Não pelas imensas coisas que Miguel lhe comprara, mas porque ele passou a tarde a seu lado, e estivera sempre lá. Sim, porque uma mulher, sabe sempre, quando um homem está consigo, ou quando está apenas a seu lado. E Mariana nunca se tinha reconhecido tão mulher, como quando estava com Miguel.
Desde quando o amava? Não sabia. Talvez desde que abriu os olhos e o viu de pé junto do cavalete, olhando-a inquieto. Ou mais tarde, quando com desvelo cuidou dela. Não sabia. E de resto nem isso  lhe importava. O que era realmente importante, é que estava irremediavelmente apaixonada por um homem, que a olhava como se ela fosse uma miúda, e a tratava como se fosse um pai, atento e carinhoso.

8 comentários:

Kique disse...

Boa noite Elvira
De visita para ler mais este capitulo.
Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - Na cama...por cima ou por baixo...

Cidália Ferreira disse...

Ora cá temos uma jovem sem memória passada e apaixonada. Já previa!Agora vai viver um conto de fadas, depois logo se verá :)! Amei!!

Entrelinhas da tristeza...

Beijo - Boa noite!

chica disse...

Estou adorando e mesmo já estando relendo, ainda fico na espera, avivando cada vez mais a memória! Muito bom! bjs, chica

Pedro Coimbra disse...

Será que ele se vê como pai??
Tenho sérias dúvidas...
Abraço

Meu Velho Baú disse...

Olá Elvira depois de uma ausência (hoje) foi dia de pôr a escrita em dia :))
O romance está delicioso e com o seu quê de mistério :((
Eu como eterna romântica advinho um final Feliz para os protagonistas.
Beijinhos

Anete disse...


Vejo que os acontecimentos estão se encaixando... A Mariana já está fazendo parte da vida do Miguel... (!!)
Boa tarde e boa continuação das férias...
Abç

Lucinalva disse...

Olá Elvira
Passando por aqui para conhecer o seu blog, gostei muito. Ótima postagem, abraços.

Joaquim Rosario disse...

Boas
Será amor ? Por vezes confunde-se amor com carinho .
JAFR