Seguidores

19.6.18

O DIREITO À VERDADE - II




Parou o carro junto à porta da jovem, numa casa ali frente ao Jardim Constantino.
- Vai descansar querida. E não te esqueças de comer. Amanhã é outro dia. Não sei como estás de dinheiro, mas se precisares alguma coisa, telefona-me.
- Obrigada, tio. Agora que a mãe partiu, - não conseguia dizer morreu – não vou voltar à Universidade. Vou começar a procurar emprego. Felizmente que a casa é nossa, não preciso preocupar-me com a renda, mas há outras despesas, água, luz, gás. E preciso de comer. Tenho algum dinheiro, desde o décimo ano que dou explicações, e a mãe nunca me deixou gastar esse dinheiro, vai dando para me aguentar até arranjar algum trabalho.
-Devias acabar o curso. Afinal faltam-te dois semestres. E eu posso pagar-tos.
- De modo nenhum tio. Estive a pensar que posso alugar um quarto a uma estudante. A casa é demasiado grande só para mim, e a solidão é muito triste.
-É uma boa ideia, mas precisas ter cuidado com quem metes em casa. Tem que ser pessoa de bons princípios, senão em vez de ajuda, arranjas problemas. Agora tenho de ir, mas já sabes, alguma coisa que precises telefona-me.
A jovem desapertou o cinto, e beijou o tio com carinho.
- Fica descansado, se necessitar de alguma coisa, telefono-te, - disse abrindo a porta do carro e saindo.
Ele esperou até que ela entrou no prédio e só então ligou o motor e se pôs em marcha.
A jovem subiu as escadas até ao segundo andar, abriu a porta e entrou. Meteu a chave na porta e deu duas voltas. Depois lentamente começou a percorrer a casa. Uma entrada espaçosa, uma cozinha não muito grande, um quarto com entrada pela cozinha e com casa de banho, um corredor com várias portas que davam sucessivamente para a casa de banho a dispensa, o quarto da mãe, a sala-comum e o seu quarto. Entrou no quarto da mãe, abriu o grande armário e começou a colocar todas as roupas em cima da cama. Ia dobrá-las, e metê-las em sacos para depois levar para alguma instituição de caridade. Num canto do armário encontrou uma caixa de cartão, que colocou em cima da mesa-de-cabeceira.
Foi à cozinha, procurou numa gaveta, um rolo de sacos de plástico pretos, que a mãe usava para o lixo, e começou a dobrar e acomodar as roupas nos sacos. De vez em quando, passava pelo rosto alguma peça de que sabia que a mãe mais gostava. Era como uma última despedida.
Depois fez o mesmo com as três gavetas da cómoda. Separou algumas peças demasiado gastas pelo uso, mas que a mãe se negava a deitar fora porque lhe lembravam algum momento feliz, bem como a roupa interior, para deitar no lixo. O resto ficou tudo acomodado nos sacos. Feito isto, pegou na caixa de cartão, dirigiu-se à sala, 
Sentou-se no sofá e abriu-a.





20 comentários:

Joaquim Rosario disse...

bom dia
algo desconhecido vai surgir na caixa !!
JAFR

Tintinaine disse...

Em alturas como esta eu nunca sei o que dizer. Felizmente é apenas mais uma história ficcionada, o que não nos faz derramar uma lágrima de saudade.

Isa Sá disse...

a passar para acompanhar a história.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Pedro Coimbra disse...

E agora vem uma grande e agradável surpresa de dentro dessa caixa.
Boa semana

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Esta história promete minha amiga.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Cidália Ferreira disse...

Será que vem aí um segredo que ninguém sabia? Gostei de ler. As despedidas são muito dolorosas, eu que o diga!

Beijo

chica disse...

Triste hora de mexer nas coisas de quem tão querido se foi...E nessa caixa????Há de ter algo: um segredo da mãe? O verdadeiro pai dela que ali vai encontrar? beijos, chica

Edum@nes disse...

O que será que está dentro dessa caixa?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Larissa Santos disse...

Fico muito curiosa no que estará dentro da caixa:))

Hoje:- Não será solidão por estar sozinha.

Bjos
Votos de uma óptima Terça-Feira

Anete disse...

Os momentos iniciais são muito difíceis. Aos poucos, e com a força do Alto, a vida vai sendo retomada...
Aguardando as surpresas que virão pela frente...
Um abç

Anónimo disse...

Olá Elvira, é um momento um tanto dorido, esse desmanche. Penso que na caixa haverá alguma recomendaçção especial... No aguardo! Adorei a leitura.
Abraço e ótima semana!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Gosto muito da forma como está a conduzir esta história num momento tão delicado e triste.
O que conterá a caixa? Será que vai ser importante para o desenrolar da história?
Beijinhos,
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Esse capítulo me remeteu ao momento da perda da minha mãe, quando chegamos em casa sem ela e com a certeza que jamais a veríamos e o momento da separação das roupas, dos objetos pessoais dela, tudo isso foi intensiva dor para mim, minha irmã e meu pai.
Beijos no coração!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Mais uma história/estória que promete emoções. As caixas geralmente escondem surpresas. Quem sabe, relacionadas ao passado da mãe? O melhor é aguardar.

Abraços,

Furtado

Teresa Isabel Silva disse...

Estou a adorar acompanhar, mas ainda estou na onda da história anterior!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

Kique disse...

Passei para ler / acompanhar esta historia que já começa a ter mistérios

Bjs

Hoje em Caminhos Percorridos - Perigos de usar o Telemóvel à mesa

Os olhares da Gracinha! disse...

A vida mudará para ela!?
bj

Smareis disse...

Acho que o mistérios está dentro da caixa.
Beijos!

Lua Singular disse...

Oi Elvira
Espero que seja algo para que não perca os estudos
Beijos
Lua Singular

Lua Singular disse...

Vou ter que parar de blogar, só enxergo de uma vista e pouco.
Não irei forçá-la
Nem dirigir que eu adorava, acabou.
Lua Singular