Os mais antigos sabem que esta foto é do meu casamento. Repito-a em cada história que tem um casamento naquela época.
Decidido, foi até Santar, no distrito de Viseu e procurou a jovem que o acompanhara e lhe dera apoio moral nos últimos vinte meses.
Simpatizaram, namoraram e casaram. Depois emigraram para
França, lá trabalharam, tiveram filhos e netos. Fernanda foi uma grande
companheira. Era boa esposa e boa mãe, e apesar de reconhecê-lo sabia que não
se tinha dado por inteiro e por vezes o remorso assaltava-o. Mas não estava na
sua mão, ele não conseguia amar sem reservas, com todo o seu coração. Porque uma parte dele não lhe pertencia. Apesar de
tudo, ela foi uma mulher feliz até que o maldito cancro a levou.
Viúvo e prestes a ser reformado, Abílio sonhava voltar ao
seu amado Portugal, rever as ruas onde crescera e vivera, sentir o cálido e luminoso sol
de Lisboa, passear pela baixa, espraiar o olhar pelo Tejo. Porém os filhos e os
netos eram franceses. Lá nasceram, cresceram se fizeram adultos, amaram,
casaram. Abílio entendia que os filhos não quisessem alterar toda a sua vida,
para irem para um país que nada lhes dizia, e que, não tinha condições, de lhes
oferecer empregos, compatíveis com a vida que tinham no seu país natal. Mas
como diziam na sua terra, amigo não empata amigo e por isso despediu-se dos
filhos e netos, prometendo que passariam as datas mais importantes juntos, quer
fosse em Lisboa, ou em França, e rumou a Lisboa, onde alugou uma pequena casa
na Graça.
Nos primeiros tempos deambulou pela cidade, admirando-se
com as enormes mudanças efetuadas desde a última vez que ali estivera para
assistir ao funeral da mãe, trinta anos atrás.( O pai havia falecido, anos antes, enquanto ele estava em Moçambique). Depois disso, sempre que vinha
de férias a Portugal, ficava-se pela casa dos sogros em Santar. Viveu feliz
durante uns meses, até ao dia em que a solidão se apresentou na sua casa, sentou à sua mesa e deitou na
sua cama. É que a rua onde nascera
estava irreconhecível, os amigos de infância tinham desaparecido, e nesta nova
Lisboa, ele não conhecia ninguém.
O olhar tonou-se nostálgico, o sorriso foi perdendo
naturalidade. Até os filhos e netos, notaram a diferença, nas longas conversas
via Skipe. Para o animar, Alexandre o
neto mais velho, aconselhou-o a criar um perfil numa rede social muito em voga,
e a procurar os seus antigos amigos pelo nome nessa rede.
“Hoje em dia, avô, só não está nessa rede, quem já morreu,
ou não sabe ler. Vais ver que vais encontrar amigos, até talvez os teus antigos
colegas de Moçambique”
Animado, Abílio assim fez. E começou uma busca, pelos
seus amigos na internet. Conseguiu encontrar alguns amigos de infância, mas
apenas três residiam na cidade, os outros estavam espalhados pela Europa, para
onde tinham emigrado em busca de melhores condições, tal como ele fizera. E
então, antes de procurar os colegas de tropa, ganhou coragem e procurou
Ema.
Encontrou-a a viver em Braga, e enviou-lhe uma mensagem a
que ela respondeu no mesmo dia, com o seu número de telemóvel.
Nervoso e ansioso esperou a noite para lhe telefonar.
Emocionou-se ao ouvir a sua voz, enquanto lhe contava que vivia com a irmã, e a
sobrinha. Que voltara a viver em Lisboa, depois que os pais, morreram, mas que
se mudara para Braga, quando a irmã ficara viúva a fim de a apoiar. Não, não
tinha casado, nunca tinha encontrado alguém que a levasse a desejar
fazê-lo. Por sua vez, ele falou-lhe do
tempo de guerra em Moçambique, das inúmeras cartas que lhe enviara e recebera
de volta, de Fernanda, do seu casamento, dos filhos e netos, luso-franceses, e
da sua atual vida em Lisboa. Continua
Nota:
Há oito dias com uma dieta rigorosa, que deveria terminar hoje, tive uma nova sessão de vómitos ontem à noite. Hoje estou bem dispostas, mas sinto-me fraca, e sem paciência. Tenho saudades de um bom prato de comida, e não consigo apaziguar o maldito ciático.
Fiquem bem
17 comentários:
Caramba, não será tempo de voltar ao médico Elvira? Não é já tempo demais assim com vómitos? Cuide-se, por si, pelos seus e por nós seus e suas leitoras :-)
Beijinho de melhoras
boas
já muita gente está a imaginar o fim da historia mas ao certo ninguém sabe , por isso vamos esperar mais um dia para lermos um final feliz.
Dª Elvira com certeza não precisa de conselhos mas a saúde sempre em primeiro lugar.
JAFR
Hum. Deixou-me curioso em continuar a ler a história que, acredito, vai ter um final feliz
.
* Sou como um ramo de árvore ... partido. *
.
Tema escrito em sextilhas.
Deixo cumprimentos
.
Conheço essa foto e acho linda!!
A história se encaminhando bem...
Falta apenas TU ficar boa! É o que desejo! bjs praianos,chica
:)... As voltas que a vida dá, Elvira ! :) ...
Vamos lá a ver o que resultará do encontro !
Entretanto, as suas melhoras, Elvira. Já teve dose que chegue !!! :)
Abraço !
Antes de mais, desejo as suas melhoras e que possa em breve deliciar-se com um bom prato de comida de verdade e estas maleitas façam parte do passado.
Que história tão ao meu jeito de ler, em.pulgas para o desfecho.
Infinitos mimos de melhoras :)
Da história estou a gostar, mas da sua saúde nem tanto. O seu médico é um aselha ou a Elvira não perde muito tempo com ele?
Amiga estou ficando preocupada com a sua saúde, não será melhor voltar ao médico ?
Estou a gostar desta história e pronto mais uma ao meu jeito, por certo vão ficar juntos...hehehe, eu quero.
Beijinho grande e as melhoras.
Oi Elvira,
Estou adorando o conto com encontros e desencontros.
Favor cuidar da saúde, eu também não estou bem, saí do médico agora. Sexta-feira vou ter meu veredicto final. Conforme não postarei mais.
Beijos
Lua Singular
Estou amando a história! Lindíssima sua foto de casamento e, se cuide e fique boa!
Beijos afetuosos!
Há sempre alguém que nos dá bons conselhos. O neto fez com que o avô Abílio abandonasse a solidão e assim já teve a oportunidade de falar com Ema ao telefone.
Tenha uma boa noite e as suas melhoras amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Estou cheio de curiosidade pelo final
Bjs
Kique
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt
Que história bonita. Estou a gostar.
Beijinhos, D’A Vida De Diana.
O reencontro que eu previa afinal foi mais rápido do que o que julgava.
Abraço, as melhoras.
Muito bom. Tenho a certeza que vou gostar da continuação.
Hoje:- Saudade, com cor e presença.
.
Bjos
Óptima quarta-feira
Oh Elvira, mas que grande chatice, já devia estar a sentir-se melhor. Veja lá isso. Abraço e as melhoras
Cuide-se Elvira.
Ajude o estômago e finja que não conhece esse bom prato de comida :P
É claro que conheço essa foto de casamento. Mas só agora observei um detalhe da época. E acho tão bonito! Essas "persianas" na janela traseira do carro. Que coisa mais chique. Provavelmente não para conduzir, eehehe. Pois o condutor precisa da visibilidade. Mas esse tempo devia ser diferente. Devia ser bonito... Andar num carro, estar sol, correr as persianas para ficar no fresco da sombra e poder, se calhar, ter privacidade no banco de trás :)
Saude
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