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14.1.18

A VIDA É ... UM COMBOIO - PARTE IV



Dez anos depois...

- E agora mãe? – Perguntou Martim ao olhar para o pneu furado.
- Agora, vai para o carro pôr o colete, não te quero aqui sem ele. A mãe vai colocar o triângulo e depois telefono para a assistência em viagem.
Enquanto Martim entrava no carro para vestir o colete, Amélia, abriu a bagageira, e retirou o triângulo para colocar na estrada, sinalizando a avaria. Voltou para o veículo, abriu a mala e retirou o telemóvel, a fim de telefonar para a assistência.
- Mau, o telemóvel está sem bateria. Como é que vamos sair daqui agora?
- Não tens o pneu sobressalente? – Perguntou o garoto.
- Claro que sim. O problema é que a mãe não sabe como mudá-lo.
- Vamos ter que ir lá para fora e fazer sinal a algum carro, para nos ajudar. É a única coisa que podemos fazer.
Saíram para a estrada. Amélia, trinta e cinco anos, alta, delgada, de cabelos castanhos, com reflexos que lembravam o trigo maduro, e olhos cor de mel, e o garoto, moreno, de cabelo e olhos castanho tão escuros que mais pareciam pretos. Tinha nove anos, era um pouco mais alto do que a maioria dos miúdos nessa idade. Os dois não podiam ser mais diferentes, apesar de serem mãe e filho.
Tinham ido passar o fim-de-semana, à aldeia, a casa da avó Maria. Viúva,  ela adorava ter a neta por perto, e Martim gostava da liberdade de que dispunha na aldeia, onde podia passear à vontade, subir à montanha, ou simplesmente seguir o curso do rio, sempre acompanhado do fiel Rex, o cão da idosa.
Entretanto passaram dois automóveis, mas apesar dos sinais desesperados de mãe e filho, nenhum deles parou.
De súbito avistaram uma potente mota. O “motard” também os viu porque reduziu a velocidade até parar um pouco à frente do carro. Desapertou o capacete, que colocou em cima do assento, passou a mão pela cabeça, afastando uma madeixa revolta que lhe caía para a testa, e aproximou-se dos dois. Era bastante alto, andaria perto do metro e noventa, e vestia inteiramente de preto, incluindo as botas, o que fazia com que parecesse ainda mais alto. Bastante moreno, de cabelos e olhos negros, de ombros largos e ancas estreitas. Uma daquelas figuras masculinas, tão impressionantes, que deixam quem os observa, um tanto receosos sem saber  se a pessoa é do bem, ou um bandido.
- Olá. Estão com problemas? – Perguntou
Impressionada com a figura do desconhecido, Amélia respondeu:
- Temos um pneu furado. E não sei como trocá-lo.
-Não é difícil, Vamos buscar a sua caixa de ferramentas, e o pneu sobressalente e resolve-se já isso.
Dirigiram-se à bagageira e Amélia deixou que ele tirasse as ferramentas necessárias, enquanto ela tirava o pneu.
- Tem uma mota fantástica. Posso vê-la de perto? – Perguntou Martim, enquanto o homem, retirava a calota depois ter colocado o macaco e verificado se o carro estava seguro.
- Já ta mostro, se a tua mãe não se importar, - respondeu continuando a girar a chave de parafusos para desapertar a roda.
Pouco tempo depois, tinha trocado o pneu e retirado o macaco.
Guardou as ferramentas, e só então encarou de frente Amélia, ao dizer:
- Dá para seguir viagem, mas tem que o levar à oficina logo que possa para trocar os pneus.
- Eu sei. Muito obrigado. Nem sei como lhe agradecer. Fiquei sem bateria no telemóvel, não tinha como pedir assistência. 
- Pode agradecer-me deixando o garoto ir ver a mota. Parece ter gostado dela. 
- Claro senhor…
- Paulo Guerra. Desculpe, devia ter-me apresentado.
- Amélia Cardoso, e Martim o meu filho.
- Bom, vamos lá então, Martim.
- Colocou a mão sobre o ombro da criança e caminharam até à mota com Amélia seguindo-os, como se estivesse  sonhando.

23 comentários:

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar um bom domingo!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Joaquim Rosario disse...

bom dia
ao que parece Amelia lá conseguiu os seus intentos .
mas a historia está ainda mais complexa.
até amanhã se Deus quiser .
JAFR

Larissa Santos disse...

Hummm mais um maravilhoso episódio. penso que tudo se vai ajeitar :))

Hoje:- A chave...numa insana desorientação.
.
Bjos
Um óptimo Domingo.

chica disse...

Será uma trama do destino esse pneu furado? Gostando de ler! bjs praianos,chica

No Reino do Infinito disse...

Hmmm, que reviravolta inesperada, assim f8ca viciante.
Infinitos de bom Domingo por aí :)

Berço do Mundo disse...

Oh Elvira, uma mulher que não sabe mudar um pneu já não se usa, hahaha! Mas pronto, de outra forma ela não conheceria o misterioso moreno.
Beijinho, um lindo domingo
Ruthia d'O Berço do Mundo

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar esta bela história.
Um abraço e bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Odete Ferreira disse...

Também não dei mudar um pneu e já não me apetece aprender!
Agora só faltava que aquele motard fosse o tal dador!!!
Acompanhando...
Bjinho

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Estou exalando cheiro de romance no ar!!!
Feliz domingo e beijos!

Manu disse...

Há contratempos que nos levam a destinos inimagináveis.
Penso que esta história vai ter um final feliz!

Abraço Graça

Cidália Ferreira disse...

Muito bem! Fiquei intrigada... Amei o texto, mas essa criança teria sido da tal inseminação. De repente, lembrei-me que existem coincidências, como nos filmes e, por ironia do destino ele, ser o Pai de Martim...

[Realmente, as mulheres não conseguem mudar um pneu, falo por mim :)]

NEXT...
:-)

Beijo e um excelente Domingo

Edum@nes disse...

O que é que Amélia andou a fazer até esta data? Será que o motard é o pai do garoto?
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

António Querido disse...

Um pneu furado, falta de gasóleo, há vários motivos para dar início a um grande amor, ou a um assalto.
Abraço.

Cantinho da Gaiata disse...

Pneu furado, motard, isto está com água no bico, querem lá ver que ele ainda é o dador? não, não pode ser era muito simples e amiga Elvira gosta de dar umas voltinhas à volta da historia.
Beijinho

Os olhares da Gracinha! disse...

Fiquei curiosa quanto ao desenrolar da história ... bj
...
Se gosta de queijo ralado … veja as entradas que preparei:
ttps://ospetiscosdagracinha.blogspot.pt/2018/01/entradas-de-chuchu-e-queijo-ralado.html
...
E aqui … mais um belo recanto português:
https://crocheteandomomentos.blogspot.pt/2018/01/ponte-medieval-do-marnel.html
...
Que seja uma semana bem HARMONIOSA!!!

Anete disse...


Opa, agora estou acompanhando o seu novo conto, romance. Estou gostando!
Obrigada pelos parabéns, niver namoro. Precisamos celebrar a vida e o amor, não é mesmo?!
Bjs e boa semana...

Janita disse...

Muito bem e ainda bem!! A Amélia com ou sem a participação de um amigo do irmão, já tem o filho que tanto queria.
Aqui o tempo passou rápido.
Vou aguardar para saber no que vai dar.

Boa semana e um abraço.

Majo Dutra disse...

Será o verdadeiro pai do garoto?
Estou a gostar, grande contista.
Abraço grande.
~~~~~~~~

Kique disse...

Isto está a tornar-se cada vez mais interessante.
bjs
Kique
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt

Pedro Coimbra disse...

Um pneu furado muitas vezes é o princípio de uma grande aventura.
Boa semana

Lua Singular disse...

Oi Elvira,já troquei pneu na chuva, pois meu marido era doente e meu filho tinha dois anos.
Fazia com muita rapidez, pois treinei muito, mas tem que ter muita força e isso era o que não me faltava. Hoje?kkk.
Adorando...
Beijos
Lua Singular

aluap disse...

Será que eu li bem? "Dez anos depois..." Pela tez de ambos parece-me ser o pai do Martim, além de que um é muito alto e outro um mais alto do que a maioria dos miúdos nessa idade.
Abraço, boa semana.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Muito interessante esta reviravolta da história que lhe confere bastante suspense.
Um beijinho,
Ailime