- Agora, vai para o carro pôr o colete, não te quero aqui
sem ele. A mãe vai colocar o triângulo e depois telefono para a assistência em viagem.
Enquanto Martim entrava no carro para vestir o colete,
Amélia, abriu a bagageira, e retirou o triângulo para colocar na estrada, sinalizando a avaria. Voltou para o veículo, abriu a mala e retirou o
telemóvel, a fim de telefonar para a assistência.
- Mau, o telemóvel está sem bateria. Como é que vamos
sair daqui agora?
- Não tens o pneu sobressalente? – Perguntou o garoto.
- Claro que sim. O problema é que a mãe não sabe como
mudá-lo.
- Vamos ter que ir lá para fora e fazer sinal a algum
carro, para nos ajudar. É a única coisa que podemos fazer.
Saíram para a estrada. Amélia, trinta e cinco anos, alta,
delgada, de cabelos castanhos, com reflexos que lembravam o trigo maduro, e
olhos cor de mel, e o garoto, moreno, de cabelo e olhos castanho tão escuros que mais pareciam pretos. Tinha nove anos, era um pouco mais alto do que a
maioria dos miúdos nessa idade. Os dois não podiam ser mais diferentes, apesar
de serem mãe e filho.
Tinham ido passar o fim-de-semana, à aldeia, a casa da avó Maria. Viúva, ela adorava ter a neta por perto, e Martim gostava da liberdade
de que dispunha na aldeia, onde podia passear à vontade, subir à montanha, ou simplesmente
seguir o curso do rio, sempre acompanhado do fiel Rex, o cão da idosa.
Entretanto passaram dois automóveis, mas apesar dos sinais desesperados
de mãe e filho, nenhum deles parou.
De súbito avistaram uma potente mota. O “motard” também os viu porque reduziu a
velocidade até parar um pouco à frente do carro. Desapertou o capacete, que
colocou em cima do assento, passou a mão pela cabeça, afastando uma madeixa
revolta que lhe caía para a testa, e aproximou-se dos dois. Era bastante alto,
andaria perto do metro e noventa, e vestia inteiramente de preto, incluindo as
botas, o que fazia com que parecesse ainda mais alto. Bastante moreno, de
cabelos e olhos negros, de ombros largos e ancas estreitas. Uma daquelas figuras masculinas, tão impressionantes, que deixam quem os observa, um tanto receosos sem saber se a pessoa é do bem, ou um bandido.
- Olá. Estão com problemas? – Perguntou
Impressionada com a figura do desconhecido, Amélia
respondeu:
- Temos um pneu furado. E não sei como trocá-lo.
-Não é difícil, Vamos buscar a sua caixa de ferramentas,
e o pneu sobressalente e resolve-se já isso.
Dirigiram-se à bagageira e Amélia deixou que ele tirasse
as ferramentas necessárias, enquanto ela tirava o pneu.
- Tem uma mota fantástica. Posso vê-la de perto? –
Perguntou Martim, enquanto o homem, retirava a calota depois ter colocado o
macaco e verificado se o carro estava seguro.
- Já ta mostro, se a tua mãe não se importar, - respondeu continuando
a girar a chave de parafusos para desapertar a roda.
Pouco tempo depois, tinha trocado o pneu e retirado o
macaco.
Guardou as ferramentas, e só então encarou de frente
Amélia, ao dizer:
- Dá para seguir viagem, mas tem que o levar à oficina
logo que possa para trocar os pneus.
- Eu sei. Muito obrigado. Nem sei como lhe agradecer.
Fiquei sem bateria no telemóvel, não tinha como pedir assistência.
- Pode agradecer-me deixando o garoto ir ver a mota.
Parece ter gostado dela.
- Claro senhor…
- Paulo Guerra. Desculpe, devia ter-me apresentado.
- Amélia Cardoso, e Martim o meu filho.
- Bom, vamos lá então, Martim.
- Colocou a mão sobre o ombro da criança e caminharam até
à mota com Amélia seguindo-os, como se estivesse sonhando.
23 comentários:
A passar por cá para acompanhar a história e desejar um bom domingo!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
bom dia
ao que parece Amelia lá conseguiu os seus intentos .
mas a historia está ainda mais complexa.
até amanhã se Deus quiser .
JAFR
Hummm mais um maravilhoso episódio. penso que tudo se vai ajeitar :))
Hoje:- A chave...numa insana desorientação.
.
Bjos
Um óptimo Domingo.
Será uma trama do destino esse pneu furado? Gostando de ler! bjs praianos,chica
Hmmm, que reviravolta inesperada, assim f8ca viciante.
Infinitos de bom Domingo por aí :)
Oh Elvira, uma mulher que não sabe mudar um pneu já não se usa, hahaha! Mas pronto, de outra forma ela não conheceria o misterioso moreno.
Beijinho, um lindo domingo
Ruthia d'O Berço do Mundo
Continuo a acompanhar esta bela história.
Um abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Também não dei mudar um pneu e já não me apetece aprender!
Agora só faltava que aquele motard fosse o tal dador!!!
Acompanhando...
Bjinho
Estou exalando cheiro de romance no ar!!!
Feliz domingo e beijos!
Há contratempos que nos levam a destinos inimagináveis.
Penso que esta história vai ter um final feliz!
Abraço Graça
Muito bem! Fiquei intrigada... Amei o texto, mas essa criança teria sido da tal inseminação. De repente, lembrei-me que existem coincidências, como nos filmes e, por ironia do destino ele, ser o Pai de Martim...
[Realmente, as mulheres não conseguem mudar um pneu, falo por mim :)]
NEXT...
:-)
Beijo e um excelente Domingo
O que é que Amélia andou a fazer até esta data? Será que o motard é o pai do garoto?
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Um pneu furado, falta de gasóleo, há vários motivos para dar início a um grande amor, ou a um assalto.
Abraço.
Pneu furado, motard, isto está com água no bico, querem lá ver que ele ainda é o dador? não, não pode ser era muito simples e amiga Elvira gosta de dar umas voltinhas à volta da historia.
Beijinho
Fiquei curiosa quanto ao desenrolar da história ... bj
...
Se gosta de queijo ralado … veja as entradas que preparei:
ttps://ospetiscosdagracinha.blogspot.pt/2018/01/entradas-de-chuchu-e-queijo-ralado.html
...
E aqui … mais um belo recanto português:
https://crocheteandomomentos.blogspot.pt/2018/01/ponte-medieval-do-marnel.html
...
Que seja uma semana bem HARMONIOSA!!!
Opa, agora estou acompanhando o seu novo conto, romance. Estou gostando!
Obrigada pelos parabéns, niver namoro. Precisamos celebrar a vida e o amor, não é mesmo?!
Bjs e boa semana...
Muito bem e ainda bem!! A Amélia com ou sem a participação de um amigo do irmão, já tem o filho que tanto queria.
Aqui o tempo passou rápido.
Vou aguardar para saber no que vai dar.
Boa semana e um abraço.
Será o verdadeiro pai do garoto?
Estou a gostar, grande contista.
Abraço grande.
~~~~~~~~
Isto está a tornar-se cada vez mais interessante.
bjs
Kique
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt
Um pneu furado muitas vezes é o princípio de uma grande aventura.
Boa semana
Oi Elvira,já troquei pneu na chuva, pois meu marido era doente e meu filho tinha dois anos.
Fazia com muita rapidez, pois treinei muito, mas tem que ter muita força e isso era o que não me faltava. Hoje?kkk.
Adorando...
Beijos
Lua Singular
Será que eu li bem? "Dez anos depois..." Pela tez de ambos parece-me ser o pai do Martim, além de que um é muito alto e outro um mais alto do que a maioria dos miúdos nessa idade.
Abraço, boa semana.
Boa noite Elvira,
Muito interessante esta reviravolta da história que lhe confere bastante suspense.
Um beijinho,
Ailime
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