Enquanto procurava um lugar no frondoso jardim que ladeava o rio, Pedro pensava em como aquele lugar era bonito. E na surpresa da tia Palmira, quando o vira chegar. Ela tinha recebido o telegrama, mas não vendo o sobrinho há tantos anos, esperava decerto o jovem adolescente que vira da última vez, como se os anos não tivessem passado por ele.
Depois da surpresa inicial chamou a fiel empregada, que a acompanhara a vida inteira e apresentando-lhe o sobrinho, recomendou-lhe que ele devia ser tratado como um príncipe. Depois acompanharam-no ao quarto. Era um quarto grande, com uma larga janela de vidro ornada de uma grade de ferro no exterior.
"Bem vês, somos duas mulheres sozinhas" dissera com um sorriso quando Pedro olhou a grade com estranheza. Só na manhã seguinte verificara que todas as janelas da grande moradia de pedra ostentavam uma grade exterior. O quarto era confortável embora sem luxos. Uma enorme cama de casal, coberta por uma pesada colcha de renda manual cujo desenho formava várias estrelas. Branca, de franja retorcida como canudos de criança. Pelo menos foi o que lhe ocorreu quando olhou. Um grande guarda-fatos, sem espelho, a cómoda e as mesas-de-cabeceira com tampo de mármore. Tudo em madeira escura e linhas simples. Uma cadeira e um porta chapéus antigo, dum lado da janela. Do outro lado um lavatório antigo, em ferro forjado, ostentava uma bacia de esmalte, e por baixo um jarro do mesmo material, que devia servir para transportar a água. Pendurada no lavatório, uma toalha de linho, com um coração bordado na ponta, e rematada com uma renda de bicos. Ocorreu-lhe pensar como iria fazer a sua higiene ali, mas a tia adivinhando-lhe os pensamentos, disse:
- É só para enfeite não te preocupes. Temos duas casas de banho. Vem, vou mostrar-tas, tal como o resto da casa.