- E ela não achou estranho que o namorado da irmã lhe tivesse dado um nome falso? – Perguntou Ricardo quando o empregado se afastou.
- Não. Ela estava nervosa, e ou não pensou nisso, ou terá
julgado um pormenor sem importância, uma vez que o homem em causa estava morto.
-Suponho que não lhe disseste que era um teu familiar.
-Claro que não.
-Bom. Confesso que não descortino a razão por que
precisas de mim se o assunto está arrumado. Ou não está? – Perguntou o advogado
perscrutando o rosto do amigo.
- De facto não. Contratei o Abílio Morais, para investigar a jovem
e a família. Segundo o seu relatório, a jovem que morreu era uma moça sossegada
que só teve um namorado. O rapaz desapareceu quando soube que ela estava grávida.
Isso prova que realmente o bebé é filho do Paulo, e portanto o único membro
vivo da minha família, além da sua avó, minha tia, que depois da morte do filho
definha dia a dia.
- E…
- E eu pensei que quero aquele bebé comigo, quero
proporcionar-lhe uma educação condigna e fazer dele um homem melhor do que foi
o seu pai.
A surpresa estampou-se no rosto do advogado, que quase se
engasgou com o pedaço de bife que acabava de meter na boca.
- Estás doido? Como pensas conseguir isso? Com que
argumentos? Ou será que … pensas comprá-lo? Sabes que isso é crime?
- Não pretendo fazer nada ilegal, até parece que não me
conheces. O que pensei é muito simples. Estou a caminhar para os quarenta, sou um homem rico, mas solitário. Pensei propor casamento à tia do menino. Depois de casados adoto o bebé e posso fazer dele meu herdeiro.
Desta vez, a surpresa foi ainda maior.
- Por amor de Deus, Pedro. Vamos acabar a refeição e
depois vamos para o meu escritório. Se continuamos esta conversa aqui, vou
acabar por morrer engasgado.
-Não tinhas, muito trabalho hoje?
-E achas que vou conseguir fazer alguma coisa depois de
teres largado essa bomba?
Pedro não respondeu. O seu rosto não demonstrava nenhuma
emoção, apenas os olhos verdes mostravam a determinação que lhe ia na alma.
- Vais querer sobremesa? – Perguntou Ricardo quando o
empregado se aproximou para retirar os pratos.
- Só café.
- Dois cafés, e a conta por favor.
Pouco depois, bebido o café e tendo pago a refeição, os dois levantaram-se e seguiram para o escritório do advogado situado
a menos de cinquenta metros do restaurante
E estamos a caminho do comentário número 33 000
Muito Obrigada